Compartilhamento de infraestrutura pode ser a solução para implantação do 5G

4 minute read | 14 mar 2023


O modelo reduz o investimento realizado por cada empresa de telecomunicação, pois elas se unem para construir a infraestrutura que será utilizada por todas

Considerado um dos mais relevantes eventos do mundo para obter insights sobre tecnologia aplicada a negócios, o MWC (Mobile World Congress) abordou neste ano, entre outros temas, tendências em 5G, assunto escolhido para o bate-papo com José Ronaldo Rocha, sócio e líder de consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT) da EY para América Latina. O executivo, que acompanhou alguns painéis, compartilhou suas impressões na entrevista abaixo.

O que você pode destacar em relação à tecnologia 5G?

JOSÉ RONALDO: Há uma enorme expectativa em relação às mudanças que o 5G promoverá. Essa jornada está somente no início. No Brasil e no mundo, o 4G ainda é predominante e continuará assim pelos próximos anos. Em 2030, o 5G tomará a dianteira, com a maioria dos acessos resultantes dessa tecnologia. O Brasil vai acompanhar esse movimento que será visto no mundo inteiro. A previsão é que a tecnologia 5G chegue para todo o país em dezembro de 2029. A implantação começou por aqui nas grandes capitais, como São Paulo. Nesses locais, o 5G estará disponível antes para a população.

O 5G, conforme demonstrou o MWC deste ano, vai revolucionar a indústria, com a chegada de novos modelos de negócio. A disrupção na logística, com o uso de caminhões autônomos, só será possível se houver essa conexão de alta performance. Novas empresas e novos produtos e serviços baseados nas possibilidades do 5G vão alterar mercados inteiros. A economia do compartilhamento, com o surgimento de apps que facilitaram nosso dia a dia, foi possível com o 4G. O PIX transformou o sistema de pagamentos também por meio dessa tecnologia. A expectativa é que o 5G forme uma nova economia baseada em monetização do enorme volume de dados que será gerado.

Qual é a relevância das telcos nesse novo contexto econômico?

JOSÉ RONALDO: As telcos terão posição privilegiada na nova economia que virá com o 5G. Para isso, precisarão investir com inteligência a fim de auxiliar o cliente pessoa física e jurídica a revolucionar sua vida e seus negócios. Ou seja, será necessário ofertar redes móveis melhores, maiores, mais eficientes e que sejam mais inteligentes, utilizando os recursos da Inteligência Artificial para organizar os dados e interpretá-los.

O MWC 2023 destacou que as conexões vão mudar o mundo, com o físico e virtual interligados a ponto de se misturarem. Caso eu não tenha acesso a essa conectividade, vou perder mercado no caso das empresas e ficar de fora da sociedade no caso das pessoas. O não acesso ao 5G significa o aumento do gap social, das diferenças sociais, motivo pelo qual os governos estão dedicados a auxiliar na implantação da tecnologia.

Qual é o principal desafio para as telcos na implantação do 5G?

JOSÉ RONALDO: A questão do custo para as telcos foi muito debatida no evento. A pergunta feita foi quando elas começarão a migrar seus clientes para a tecnologia 5G porque isso só será possível quando a infraestrutura estiver totalmente operacional. Pensando na operadora, para otimizar o custo nesse desafio de aumentar a área de abrangência do 5G, viabilizando os investimentos, a palavra da vez é cooperação. Não apenas entre os vendors, os provedores ou fornecedores de tecnologia, que precisam encontrar formas de otimizar o uso da infraestrutura (fazer mais com menos), como também entre as próprias telcos. O investimento é alto para viabilizar o 5G em um país continental como o Brasil. O modelo de cooperação ou investimento compartilhado serve para reduzir o capital intensivo utilizado, o volume de investimento envolvido, pois as telcos se unem para investir na infraestrutura que será compartilhada por elas.

Esse compartilhamento da infraestrutura permite o uso inteligente dos recursos, que são basicamente a fibra ótica, o satélite e as antenas. O 5G, aliás, demandou na China a instalação de mais de um milhão de antenas entre 2021 e 2022. Dá para perceber, portanto, que esse processo é complexo e exige esforço conjunto do Poder Público e da iniciativa privada. A Lei das Antenas, sancionada em 2015, veio justamente para facilitar o processo de instalação das antenas de redes móveis, já que precisamos, ainda mais agora, de agilidade.

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