Amaioria dos líderes (79%) considera que os pontos de virada são inevitáveis para a transformação nas empresas. Porcentagem semelhante (72%) concorda que é fácil perder os sinais de que algo está saindo errado em um programa de transformação. Já 61% dizem que é difícil saber quando intervir ou manter o curso durante uma transformação. Os dados são de estudo da EY com a Saïd Business School da Universidade de Oxford. Para chegar a eles, foram entrevistados, entre junho e julho do ano passado, 846 líderes seniores e 840 funcionários provenientes de empresas com mais de US$ 1 bilhão em receitas anuais em 16 setores industriais e 23 países nas Américas, Ásia-Pacífico e Europa, Oriente Médio, Índia e África.
Praticamente todas as transformações (96%) passaram por pelo menos um ponto de virada, que representa momentos decisivos para o sucesso ou fracasso das mudanças nas organizações. O ponto de virada pode resultar na melhora do desempenho em processo ou projeto específico, fazendo com que os profissionais prosperem nos seus objetivos, ou ocasionar a falha do programa de transformação. Em ambos os casos, há reflexos na experiência emocional dos colaboradores. Os pontos de virada bem-sucedidos têm 1,9 vez mais probabilidade de fazer com que o programa de transformação supere os KPIs traçados. Além disso, a probabilidade é quase o dobro de melhorar a preparação e a motivação da força de trabalho para a próxima transformação, o que contribui para fazer com que a organização abrace um estado de mudança contínua, cenário desejável no ambiente atual de intensa modificação.
Por outro lado, os pontos de virada malsucedidos não melhoram o desempenho dos processos ou projetos, piorando a situação deles. Eles têm 1,6 vez mais probabilidade de levar toda a transformação a um desempenho inferior e 3,4 vezes mais chances de despertar nos colaboradores emoções negativas, como tristeza e ansiedade, trazendo assim prejuízos para o bem-estar da força de trabalho e para a organização em geral.
Atenção para o início do projeto de transformação
Ainda que os pontos de virada possam ocorrer a qualquer momento durante o programa de transformação, três quartos deles acontecem nas fases de planejamento e de implementação inicial, ainda de acordo com o estudo. Por isso, abraçar, começando pelo engajamento da liderança, esses primeiros pontos de virada coloca o programa em uma trajetória ascendente.
Há basicamente dois fatores que desencadeiam pontos de virada. O primeiro são as ameaças externas, como pandemias, guerras ou choques econômicos. Essas situações costumam estar interligadas, já que pandemias ou guerras geram inevitavelmente crises econômicas. O segundo reúne as questões e os desafios internos das próprias empresas, que precisam entregar resultados consistentes de negócio. As organizações que lançam um programa de transformação estão se movendo para um novo estágio.
Até a chegada a essa etapa, há um estado de desalinhamento, também conhecido como espaço intermediário, que cria um desequilíbrio tanto no lado racional, em aspectos como tecnologia, modelo operacional, incentivos e capacidade, quanto no emocional, como propriedade da solução, dinâmica de poder e comportamentos dos colaboradores. A falta de clareza sobre como proceder para obter sucesso na transformação faz a diferença entre o sucesso e o fracasso. Quanto mais estiver claro o caminho a ser percorrido, com a adoção dos instrumentos adequados, melhor para o resultado final.
Para obter essas constatações, o estudo considerou entrevistados envolvidos em uma grande transformação na sua organização atual nos últimos cinco anos, centrando-se em um único ponto de virada, que foi definido como o momento em que a liderança acredita que uma transformação saiu ou sairá do rumo e intervém com a intenção de melhorar seu desempenho ou seus resultados.