Quase nove em cada dez médicos (88%) veem potencial no atendimento virtual ou remoto para melhorar os cuidados com os pacientes, demonstra o estudo Global Voices in Health Care, elaborado pela EY. Essa nova dinâmica integra os modelos de atendimento remoto e presencial para aliviar a demanda nos hospitais e nas clínicas, expandir os cuidados preventivos, que se mostram indispensáveis para a saúde financeira das operadoras, e melhorar a experiência do paciente e do médico.
Para isso, a tecnologia, incluindo os recursos da inteligência artificial, pode ajudar a identificar, a partir dos dados, o atendimento mais adequado para cada necessidade. Opções virtuais mais eficazes de triagem dos pacientes, além da adoção de cuidados primários também à distância, podem ajudar a reduzir a elevada carga horária dos médicos, melhorando a qualidade do atendimento. A utilização de sistemas online de prescrição médica e de prontuários eletrônicos, de software de transcrição a partir do reconhecimento da voz e a possibilidade de visualização remota de exames são outros recursos aventados. Já dispositivos e aplicativos inteligentes de monitoramento remoto dos pacientes podem ajudar a criar mais pontos de contato, viabilizando interferências ou procedimentos mais simples.
Essas conclusões foram obtidas a partir de 100 entrevistas de 45 a 60 minutos conduzidas com executivos de saúde e médicos dos seguintes mercados: Austrália, Brasil, Canadá, Colômbia, Inglaterra, Alemanha, Irlanda, Japão, Noruega, Suécia e Estados Unidos entre março e junho de 2023. Há um longo caminho pela frente em termos de transformação digital, já que apenas 26% dos executivos de saúde disseram que usam insights advindos da análise de dados para criar o plano de atendimento dos pacientes. Somente 30% dos executivos afirmaram que estão utilizando analytics para planejamento e gerenciamento da força de trabalho.
Ainda de acordo com o levantamento, o mercado brasileiro enfrenta casos crescentes de burnout e depressão nas equipes clínicas, como médicos e enfermeiros. Além disso, há uma falta de investimento no sistema de saúde, com salários não competitivos e desafios na retenção da força de trabalho. Nesse cenário, o investimento em tecnologia no sistema de saúde se torna ainda mais urgente, já que permite aumentar a produtividade, com reflexos na satisfação dos médicos no ambiente de trabalho. Os pacientes se mostram dispostos ao atendimento remoto principalmente para renovar uma receita médica, apresentar os resultados dos exames e poupar tempo sempre que necessário.
Há quatro ações que farão o setor de saúde, tanto operadoras quanto sistema público, desenvolver modelos híbridos de atendimento.
1) Priorizar o tempo entre médico e paciente
Os sistemas de saúde devem proporcionar autonomia ao médico para gerenciar seus pacientes, possibilitando a ele, por meio da tecnologia, ganho de produtividade, o que significa mais tempo para fortalecer esse relacionamento.
2) Promover o acesso aos insights fornecidos pela tecnologia
Os dados coletados pelos médicos ao longo do dia devem ser usados para extrair insights sobre os pacientes, elevando a qualidade do atendimento. Ao fornecer insights baseados nesses dados de IA e de outras tecnologias para os médicos, esses profissionais podem melhorar o trabalho de acompanhamento dos pacientes.
3) Obter feedback em tempo real dos colaboradores
As operadoras e os sistemas públicos de saúde precisam entender melhor como seus colaboradores, como médicos e enfermeiros, estão se sentindo para que possam assim rever políticas e metas de trabalho.
4) Mostrar para o paciente que o atendimento remoto também funciona
Muitos pacientes continuam apegados à ideia de que a qualidade do atendimento só está garantida presencialmente nos hospitais e nas clínicas. É preciso demonstrar, por meio de ações educativas, que a tecnologia permite a mesma excelência na prestação do serviço de saúde com economia de tempo pela facilidade de o paciente ser atendido remotamente.