EY como os conselhos podem impulsionar a resiliência no atual zoológico de riscos

Como os Conselhos podem impulsionar a resiliência no atual cenário de riscos

O apoio e a supervisão do Conselho de Administração serão fundamentais, à medida que as empresas se preparam para riscos de todas as formas, para se manterem resilientes no longo prazo.


Em resumo

  • O atual universo de risco inclui cisnes negros e rinocerontes cinzentos, destacando a necessidade de os Conselhos apoiarem melhor suas organizações na priorização da resiliência.
  • Isso requer a antecipação de riscos emergentes e materiais, bem como o fortalecimento da supervisão de talentos e da cultura.
  • Também é fundamental ajudar a impulsionar o progresso no desempenho de sustentabilidade além da conformidade e entender os riscos das tecnologias emergentes.

De cisnes negros a rinocerontes cinzentos, hoje o cenário do risco é expansivo, complexo e interconectado. Eventos de cisne negro — ou incógnitas desconhecidas — são potencialmente catastróficos, além de raros, impossíveis de prever e fora do nosso controle. Mais abundantes e esperados, os rinocerontes cinzentos — ou as incógnitas conhecidas — muitas vezes nos atacam à vista de todos, com um impacto significativamente amplo. Os Conselhos devem priorizar o último e pensar de forma mais proativa na gestão de riscos empresariais.

Em meio às habituais suspeitas de riscos financeiros, de segurança cibernética, de reputação, de conformidade e de competição, as empresas também estão enfrentando uma pressão cada vez maior para lidar com os riscos relacionados às mudanças climáticas e à sustentabilidade, conformidade, cadeia de suprimentos e geopolítica global nos últimos anos. A carga sobre os Conselhos e a ênfase na governança também aumentaram.

De acordo com a Pesquisa Global Board Risk de 2023 da EY, que entrevistou 500 conselheiros(as) de organizações com receitas superiores a US$1 bi, menos de um quarto dos Conselhos abrangidos são considerados altamente resilientes. 

Os Conselhos altamente resilientes são confiantes e respondem melhor a incidentes inesperados de alto impacto, sendo mais propensos a serem altamente eficazes no alinhamento entre risco e estratégia de negócios. Longe de serem complacentes, esses Conselhos são cautelosos sobre as lacunas em sua preparação e conscientes da natureza evolutiva dos riscos que enfrentam. Ao focar nas seguintes áreas principais, os Conselhos podem apoiar melhor suas organizações na priorização da resiliência.

Cautelosos com as lacunas em sua prontidão e cientes da natureza evolutiva dos riscos, os Conselhos altamente resilientes têm maior probabilidade de serem altamente eficazes no alinhamento entre risco e estratégia de negócios, e respondem melhor a incidentes inesperados de alto impacto.

Antecipar riscos emergentes e materiais

A resiliência empresarial diz mais respeito à adaptação aos riscos do que à recuperação da normalidade, priorizando a tarefa de antecipar, preparar-se para e adaptar-se aos riscos emergentes e materiais. Para que isso seja feito de forma eficaz, o Conselho e a Administração precisam olhar além do óbvio e do curto prazo, e dedicar tempo para discutir as mudanças e tendências observadas no mercado.

As tecnologias — como a inteligência artificial (IA) e análises avançadas — para escanear o horizonte em busca de cisnes negros e rinocerontes cinzentos podem ajudar. A aplicação de análises quantitativas a cenários específicos possibilita que o Conselho e a Administração entendam melhor a exposição total da organização a esses riscos, além de permitir que entendam melhor se a estratégia e o modelo de negócios atuais permanecem viáveis em meio a riscos emergentes e se alguma adaptação é necessária.


Fortalecer a supervisão de talentos e cultura

A escassez de talentos, a transformação contínua da força de trabalho e as necessidades concorrentes de uma força de trabalho multigeracional são questões de longa data, com as quais as empresas tiveram que lidar. A necessidade de trabalho flexível em conjunto com uma cultura desalinhada está se tornando cada vez mais central para os riscos de talentos que as organizações enfrentam. Com tecnologias em rápida mudança, a força de trabalho também precisa estar capacitada com competências prontas para o futuro. 

O Conselho precisa apoiar a Administração, a fim de identificar e atender às necessidades críticas de talentos da organização e criar uma organização que possa adaptar-se às mudanças de expectativas em torno da cultura, das habilidades e da diversidade, equidade e inclusão. Com conhecimento, flexibilidade e supervisão melhorados, o Conselho pode ajudar a Administração a desenvolver a cultura centrada no ser humano necessária para concretizar isso. Ele também pode desafiar a Administração a desenvolver um pipeline de líderes que vivam e respirem essa cultura.


Agir em relação às mudanças climáticas

A conexão entre sustentabilidade ambiental e resiliência empresarial é indiscutível e as empresas estão enfrentando expectativas elevadas de várias partes interessadas. Isso inclui investidores, que querem saber mais sobre o desempenho ambiental, social e de governança (ESG) da organização, em relação aos ganhos de curto prazo e aos investimentos de longo prazo em sustentabilidade. Ao mesmo tempo, as autoridades querem transparência nas divulgações de sustentabilidade e normas em evolução, como as recentemente lançadas IFRS S1 e IFRS S2 pelo International Sustainability Standards Board, que estão deixando menos margem para a ambiguidade nos relatórios de sustentabilidade.

No entanto, essa também é uma oportunidade valiosa para as empresas demonstrarem seu progresso no desempenho de sustentabilidade além da conformidade. Os Conselhos altamente resilientes estão mais conscientes das questões materiais de sustentabilidade e mais confortáveis em discuti-las. Isso geralmente é resultado de atribuição e criação de prestação de contas sobre os riscos ESG — seja um Comitê que assume a liderança ou todo o Conselho. Os Conselhos também podem ganhar a confiança dos investidores supervisionando robustos processos para coletar, gerenciar e divulgar dados confiáveis, a fim de cumprir as regulamentações. Quando a conversa não se traduz em ações, o Conselho deve questionar a Administração sobre seus planos e compromissos. A fim de exercer bem suas funções, é vital melhorar o conhecimento e as habilidades do Conselho em sustentabilidade.


Compreender os riscos das tecnologias emergentes

Com os avanços na tecnologia da IA generativa, o advento do metaverso e as crescentes ameaças cibernéticas, as metas ao lidar com as tecnologias digitais estão mudando rapidamente.

À medida que as organizações investem cada vez mais em tecnologias digitais, o Conselho e a Administração se beneficiarão ao ter a especialização para identificar potenciais oportunidades e riscos tecnológicos. É claro que seu trabalho não é ser especialista, mas assegurar que a organização esteja equilibrando a velocidade da adoção de tecnologia com o apetite e a exposição ao risco. 


Com esse objetivo, o Conselho deve trabalhar mais de perto junto à Administração para acompanhar os principais investimentos em tecnologia, transformação digital e segurança cibernética. As ameaças cibernéticas e os riscos digitais são uma preocupação de toda a empresa e esse tom precisa vir do topo. Isso significa que é fundamental impulsionar a Administração a priorizar a educação e a capacitação dos colaboradores no âmbito digital e reconhecer que gerenciar os riscos digitais e tecnológicos não é apenas missão da TI.

Em um mundo cada vez mais complexo, as organizações precisam estar mais bem preparadas para os riscos de longo prazo. Como em um zoológico, onde é preciso se afastar um pouco para ver mais claramente os animais no contexto de seu ambiente, essa clareza de cima e de frente é inegociável para os Conselhos.

Este artigo foi publicado, pela primeira vez, em The Business Times, em 7 de setembro de 2023. Versão original está disponível em: How boards can drive resilience in today’s zoo of risks | EY Singapore.

Resumo

O foco na governança corporativa cresce à medida que as empresas enfrentam um universo expansivo, complexo e interligado de riscos, que inclui cisnes negros e rinocerontes cinzentos. Em resposta, os Conselhos precisam apoiar melhor suas organizações na priorização da resiliência, concentrando-se em diversas áreas-chave, o que inclui a antecipação de riscos emergentes e materiais, bem como o reforço da supervisão sobre talentos e cultura. Também é crucial aprimorar o conhecimento e as competências do Conselho em matéria de sustentabilidade, para ajudar a impulsionar o progresso da sustentabilidade para  além da conformidade, além de compreender os riscos das tecnologias emergentes.

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