EY entrevista Juliana e Carolina

EY entrevista: Carolina Ignarra e Juliana Ramalho

“A pessoa com deficiência ainda é invisibilizada no Brasil”, diz Carolina Ignarra, da Talento Incluir, em entrevista concedida à Agência EY. A executiva de impacto social, ao lado da sua sócia Juliana Ramalho, integrou a classe 2019 do Winning Women Brazil. Juntas, foram homenageadas na 27ª edição do Empreendedor do Ano Brasil.

Os negócios de impacto social têm ganhado cada vez mais espaço no Brasil. Ao alinhar o lucro com o enfrentamento de questões ou demandas sociais, há ganho de escala próprio da lógica do mercado, o que agiliza a solução para esses desafios. Carolina Ignarra e Juliana Ramalho, da Talento Incluir, estão entre essas empreendedoras de impacto social e foram homenageadas na categoria Winning Women da edição deste ano do Empreendedor do Ano Brasil. “A pessoa com deficiência ainda é invisibilizada no Brasil. O mercado ainda não entende que existimos, consumimos e somos, portanto, negócio. Essa é uma pauta de impacto social que tem um longo caminho pela frente, apesar dos avanços conquistados nos últimos anos, como a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência”, disse Carolina.

Confira abaixo a entrevista na íntegra.

Agência EY: Como vocês têm contribuído para a inclusão das pessoas com deficiência?

Carolina Ignarra: A Talento Incluir tem a missão de colaborar com o desenvolvimento das pessoas com deficiência ampliando sua inclusão no mercado de trabalho e na sociedade como um todo. Ainda há uma invisibilidade no Brasil em relação à pessoa com deficiência, ainda que tenhamos avançado nos últimos anos como país, com a aprovação, por exemplo, da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência em 2015. O desafio é fazer com que o mercado nos enxergue, entendendo que existimos, consumimos e somos, portanto, negócio. Há um indicador que aponta para 9% de PCDs na sociedade brasileira, mas não acredito nesse número porque a OMS (Organização Mundial da Saúde) indica que o mundo tem 15% de pessoas com deficiência. É impossível que o Brasil tenha somente pouco mais da metade do número global, com todos os riscos que existem aqui de as pessoas adquirirem deficiência, como a violência que assola nossas cidades e os inúmeros acidentes de trânsito.

A regulação mencionada tem cumprido seu papel para que sejamos vistos, prevendo inclusive o direito à empregabilidade. Nós trabalhamos para que a lei não exista no futuro, mas entendo que hoje ela é extremamente necessária para garantir nossa representatividade no mercado de trabalho. Ainda que haja muito a avançar no Brasil, especialmente em educação e acessibilidade, o país é referência global no mercado de trabalho para PCDs. Temos visto que as multinacionais destacam suas iniciativas no Brasil nas apresentações para outros países. 

Agência EY: E como tem sido o trabalho em relação à pauta de combate ao etarismo?

Juliana Ramalho: Depois que fizemos o programa de mentoria da EY, o Winning Women, expandimos nosso negócio com a criação da Talento Sênior, que promove a empregabilidade para os profissionais com mais de 45 anos de idade. Já tínhamos o plano de negócio na gaveta, e a mentoria nos deu força para colocá-lo em prática. O combate ao etarismo é, na realidade, uma pauta econômica, já que, em uma sociedade com casais tendo em média 1,7 filho, haverá no futuro o predomínio de pessoas mais velhas. As empresas, que já perceberam isso, estão se adiantando, pois sabem que não apenas a força de trabalho será mais velha como a de consumo dos seus produtos e serviços. Estamos no começo dessa onda, que ganhou força depois da pandemia.

Claro que ainda predomina o cenário de dificuldade de voltar ao mercado de trabalho para as pessoas com mais de 45 anos. É preciso não apenas dar oportunidade a elas, como também treiná-las em relação ao uso da tecnologia em um contexto de ascensão da inteligência artificial. A integração desse profissional não precisa ser em jornada integral de trabalho, já que existem formas flexíveis na legislação, como a contratação por projeto. Há diversas características muito bem-vindas nesses profissionais, como o fato de serem solucionadores de problemas, o que se deve à sua experiência ao longo da carreira. As pequenas e médias empresas, por exemplo, que são tradicionalmente carentes de talento, têm muito a ganhar com esses profissionais.

Agência EY: Como vocês se sentem sendo homenageadas na 27ª edição do Empreendedor do Ano?

Carolina: Os reconhecimentos do trabalho, como o Empreendedor do Ano, encurtam o caminho de validação do negócio. Eles são importantes não apenas para o mercado valorizar nosso esforço, mas também para que possamos aprender com a experiência de outros empreendedores sobre aspectos diversos do negócio como processos e governança. Somos muito agradecidas também pela oportunidade do Winning Women. Participamos da turma de 2019 e podemos dizer que o programa nos aperfeiçoou como sócias. Triplicamos nosso propósito e faturamento nesses anos pós-programa de mentoria. Quanto mais gente alcançamos com nosso negócio, mais vontade temos de continuar.

Juliana: Um reconhecimento como o Empreendedor do Ano mostra que precisamos nos valorizar. No dia a dia, o empreendedor pensa muitas vezes em desistir porque as dificuldades vão se sucedendo. O Empreendedor do Ano dá motivação para essa jornada ao demonstrar que o esforço está valendo a pena, motivo pelo qual precisamos seguir em frente.

Edição 2024 do Empreendedor do Ano Brasil

Idealizado e promovido pela EY desde 1998 no Brasil, o programa Empreendedor do Ano reconhece líderes empresariais de setores e mercados distintos que, com sua visão de futuro, têm algo em comum: a vontade de transformar a realidade do país, deixando seu legado e contribuindo para a construção de um mundo de negócios melhor. Saiba mais no site do EOY e inscreva-se aqui para participar da próxima edição, a de número 28.

Este conteúdo faz parte da série da Agência EY com representantes homenageados da edição 2024 do programa Empreendedor do Ano.

Resumo

A Agência EY entrevistou Carolina Ignarra e Juliana Ramalho, homenageadas na categoria Winning Women da edição de 2024 do Empreendedor do Ano Brasil. Participantes da classe 2019 do EY Winning Women Brazil, Carolina e Juliana são sócias da Talento Incluir, uma consultoria especializada na inclusão de profissionais com deficiência, e contam que sua empresa triplicou em propósito e faturamento nos anos pós-programa de mentoria.

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