AA Agência Fizz surgiu em 2013, mas a jornada de Roberta como empreendedora começou muito antes disso. Ela, inclusive, já chegou a ter mais de um negócio ao mesmo tempo. Além de empresária, Roberta também é influenciadora digital e conta com mais de 210 mil seguidores em seu perfil no Instagram.
Dentre tantos momentos e experiências vividas por ela, participar do Winning WomenTM Brazil teve (e tem) um sabor especial.
Confira a entrevista que Beta concedeu à WW News:
WW Newsletter: Como e quando você se viu como empreendedora?
Beta Whately: Desde criança, gosto de ganhar dinheiro e sempre fui “dinheirista”, no bom sentido. Na Páscoa, eu fazia chocolate para as amigas da minha vó, fazia biscuit, bordado e crochê para vender e ganhar dinheiro.
Quando eu tinha 13 anos, comecei a trabalhar como vendedora - naquela época, era comum começar cedo - e eu ganhei muito dinheiro. Sempre fui muito comunicativa, gostava de entender o perfil das pessoas no ato da compra.
Um dia, conversando com o Nizan Guanaes, um dos principais publicitários brasileiros, falei que queria fazer Publicidade também. E foi quando ele indicou o curso de Relações Públicas. Entrei na faculdade ainda trabalhando como vendedora e ganhando muito bem. Mas, um dia, a minha mãe falou: “Você precisa fazer estágio e começar sua carreira”.
Entrei no estágio, fiquei dois anos e a minha tia resolveu abrir uma consultoria de RH para o mercado de alto luxo, na época em que as grandes marcas internacionais estavam abrindo lojas no Brasil. Como eu já tinha esse background de vendas, com 19 anos virei sócia minoritária da consultoria.
Deu muito certo e aí resolvi embarcar na música, que é outro segmento que eu gosto muito. Abri uma editora muito pequenininha para edição de música sertaneja e fazíamos alguns shows pelo Brasil com alguns cantores. Então eu estudava, trabalhava com a minha tia e depois ia para os shows.
Quando fiz 23 anos, fui para Nova York em um período sabático. Nessa época, o Twitter bombava e eu fazia muita TwitCam, que era a live do Twitter, e aí algumas marcas começaram a me procurar e comecei a fazer negócios. Inclusive, conseguia captar clientes para essa editora de música sertaneja pelo Twitter, que era uma ferramenta muito boa.
Ao voltar para o Brasil, abri outras empresas antes de chegar na Fizz. Em dezembro de 2012, liguei pra Priscila, que hoje é minha sócia, e falei “vou continuar a minha agência, só que eu vou focar em marketing de influência”. Sendo que, na época, a gente não falava influência e sim, marketing com formadores de opinião. “Você tá pronta? Você vai vender o almoço para comprar o jantar. Tem dias que você vai achar que ganhou na Mega Sena, tem dias que você vai achar que vai ter que vender um rim (risos)”, ela respondeu.
E a Priscila é meu oposto. Ela é completamente backoffice, financeiro e planilhas. Eu sou sonhadora, me jogo em tudo e aceito qualquer parada. Somos uma dupla dinâmica e perfeita.
WWN: Qual é, na sua opinião, a maior dificuldade e/ou desafio para quem quer empreender?
BW: O primeiro deles é a falta de informação das pessoas. Empreender envolve gestão, processos, impostos, inúmeras taxas a serem pagas e precisa ter sempre a presença de um bom advogado e contador apoiando nas tomadas de decisão e resguardando a empresa.
Para mim, a gestão de pessoas é ponto crucial (empresas são feitas de pessoas, relacionamentos são feitos por pessoas). É muito difícil contratar um perfil específico (principalmente para nosso mercado que ainda é tão novo), reter talentos. A gente pega uma geração muito imediatista, que não constrói carreira em empresas, pois espera que tudo ocorra muito rápido. Tenho um time muito diferenciado e que foi se aperfeiçoando e crescendo conosco desde a época que participamos do Winning WomenTM.
Empreender é conseguir lidar com as adversidades. É ter resiliência para a vida. É saber que, dependendo do governo que vai administrar o país, isso pode impactar demais o seu negócio. No meu caso, os influenciadores que trabalho também podem impactar positivamente ou negativamente o seu negócio. Resumindo, empreender é ser e ter resiliência.
WWN: Durante essa jornada, como você descobriu o programa Winning WomenTM da EY?
BW: O mais engraçado é que eu já tinha tentado participar e não fui aceita. Tento participar desde o meu “ano três” de agência, mas no começo eu não tinha o faturamento, depois acho que perdi o prazo de inscrição. Enfim, na pandemia, todo mundo teve que se reinventar e eu gostei muito de estudar o mercado em que atuo, então inscrevi a agência escondida da minha sócia.
Quando fui aceita e contei para ela, que sabia do programa mas o achava inatingível, a gente ficou super feliz.
Não lembro exatamente quando, mas acredito que eu tenha sido impactada por matérias e alguma postagem no LinkedIn que me gerou o interesse em participar, ainda mais porque a gente sabe da diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho, nos investimentos, à frente de startups.
Então, para mim, ser mentorada por mulheres outstanding foi um grande diferencial.
WWN: O que mais te marcou de aprendizado, de troca de experiência?
BW: A Alice Coutinho e a Beatriz Galloni foram minhas mentoras. E eu sou muito grata por tudo que elas nos ensinaram neste programa. Nos pegaram no colo, criticaram o que era necessário, enalteceram o que deveríamos manter em crescimento e apoiaram nas tomadas de novas decisões. Foi muito positivo. E a Raquel Teixeira (líder do Winning WomenTM Brazil e do Empreendedor do Ano) é uma madrinha também. Nos apoia constantemente e nos apresenta sempre oportunidades de mercado com conexões pontuais e excelentes para nosso negócio.
Como somos da “turma pandêmica”, o que mais me marcou foi nosso primeiro encontro ao vivo, que foi depois que a gente se formou. Somos, até hoje, uma turma muito especial.
Toda semana, as próprias mentoradas também faziam reuniões para se ajudarem, era uma verdadeira troca de experiências e conhecimento. É um programa muito real. Obviamente, vão ter mentoras mais afiadas, outras mais disponíveis, mas é uma experiência única e valiosa.
A gente (como Agência Fizz) era “by the book”, sabe? Trabalhávamos muito em cima do que as mentoras falavam. Mas tem que saber também que não adianta achar que você vai ter a Luiza Trajano (Conselheira WWB e presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza) fazendo as coisas para você e te divulgando. Você tem que mudar, tem que saber ouvir críticas como algo positivo, afinal é o seu negócio e, muitas vezes, sua grande aposta. Se você estiver disponível para ouvir a crítica, é um grande divisor de águas.
WWN: Quais impactos a mentoria trouxe para você e para o seu negócio?
BW: Uma das primeiras coisas que as minhas mentoras viram quando começamos foi o nosso fluxo de clientes e quanto cada um representava no nosso fechamento do ano. E eu nunca vou me esquecer do que a Bia Galloni, falou para mim: “Beta, vocês dependem 35% de um único cliente e isso é péssimo, porque se ele for embora, o impacto é gigante. Então, a primeira meta que vocês têm é diminuir a dependência deste e trazer novos clientes para o lugar dele.”
E cada coisa que as mentoras iam nos apontando, a gente ia executando. Teve a parte de não dependência de um único cliente, colocar mais processos na empresa, envolvermos uma consultoria de RH, um outro sistema de gestão (que, inclusive, foi mentorado anteriormente no WWB). Assim, a gente teve muito mais tecnologia envolvida, o que aumentou muito a equipe e obviamente nos apoiou a crescer ainda mais, porque quando você tem os processos mais bem definidos, você tem esse crescimento. A Fizz sempre cresceu mais de dois dígitos ao ano desde que a gente começou e, nos três últimos anos, ainda mais.
A nossa meta é sempre acompanhar o marketing de influência. Se ele cresce 30%, temos que crescer, no mínimo, 30%. Essa visão de planejamento estratégico e visão de futuro que a Priscila, minha sócia, tem, se potencializou muito depois da participação no programa e troca com as mentoras.
WWN: Algum recado que você queira deixar para quem está lendo esse conteúdo?
BW: Eu trabalho com marketing de influência e marketing digital, mas eu sempre digo que o mundo ter influência de alguém não é novidade. O mais importante é se perguntar “qual é o legado que a gente quer deixar no mundo?”.
A EY me fez enxergar que não basta só eu querer fomentar o empreendedorismo feminino ou as mulheres porque elas trabalham comigo. O que eu quero deixar para as mulheres? Muitas vezes é o “yes, we can” e outras “no, I can't", porque não posso mesmo.
A gente não precisa ser Mulher Maravilha, a gente só precisa ser feliz com o que estamos fazendo e isso não vai acontecer todos os dias. Temos a falsa ilusão de que, quando você trabalha com o que você gosta, você é 100% feliz. No fundo, o mundo digital é o máximo, mas a gente se conecta mesmo é com o mundo real. O digital aproxima e o real é o que, de fato, nos desperta.
Sou muito grata à EY e, se pudesse, faria a mentoria todo ano.