Joanita Maria Maestri Karoleski

EY entrevista: Joanita Maria Maestri Karoleski

Joanita Karoleski foi executiva na Bunge, na JBS e CEO da SEARA. Como responsável pelo projeto Fazer o Bem Faz Bem, entendeu sobre o propósito que daria à sua transição de carreira.

E
la, que é mentora do Winning Women Brazil desde 2022, destaca que o programa vai muito além da autorrealização, reverberando benefícios e potencialidades ao redor das empreendedoras participantes e mentoras.

Joanita conta tudo em entrevista concedida à Newsletter do Winning Women Brazil. Confira!

WWNews: Nos conte um pouco sobre você.

Joanita Karoleski: Nasci no interior de Santa Catarina, tenho duas filhas. Curto momentos de quietude e, quando posso, fico um pouco no nosso sítio. Aprecio muito o contato com a natureza e a terra, que me conectam com meus valores que falam mais alto: família, simplicidade, trabalho dedicado e muita leitura para estar atualizada. Também gosto muito do jogo de tênis, que me é inspirador. Gosto de compreender a estratégia do jogo e de observar o empenho e a entrega dos jogadores quando colocam o seu melhor na quadra.  

WWN: E sobre sua carreira?

JK: No trabalho, busco conversar com todas as pessoas e ouvir genuinamente a todos com atenção e sempre busquei dar espaço ao empreendedorismo corporativo. Minha formação foi em Tecnologia da Informação e sou autodidata em gestão e liderança. Fiz carreira na Bunge, trabalhei em áreas de tecnologia de informação e tecnologia do negócio, também passei por relacionamento com mercado e comercial. Fui executiva na Bunge, na JBS e CEO da SEARA, um complexo de vários negócios com seus ecossistemas e mais de 50 unidades industriais no setor de alimentos.  

Fui também responsável pelo projeto Fazer o Bem Faz Bem, com mais de 400 milhões dedicados ao combate e suporte aos impactos causados pela Covid 19. Este, para mim, foi sem sombra de dúvidas um momento de virada de chave. Foi ali que ingressei numa perspectiva na qual queria atuar quando refletia sobre o propósito que daria à minha transição de carreira. Senti uma energia fluida e muito boa, o que me deu convicção de que era isso que eu queria fazer.  

Acredito que foi o universo que me respondeu com essa oportunidade que foi trabalhar com saúde, ciência e tecnologia, apoiando diferentes projetos com tantas organizações do terceiro setor.

Depois, veio o convite para liderar a gestação e gestão executiva do Fundo JBS para Amazônia, que se revelou outra possibilidade valiosa. Pude focar na questão social e ambiental, ao mesmo tempo que conhecia melhor o outro lado.  

Ampliei minha visão para colaborar de forma mais efetiva, da experiência pregressa da iniciativa privada para o desenvolvimento de pessoas e da gestão de negócios que tanto a Amazônia precisa e que vai além do sustentável.  

A nossa Amazônia demanda por projetos que também se apresentem com potencial de multiplicação de forma ágil, duradoura e geração de resultados e criação de valor no longo prazo.

WWN: Quando o Winning Women entrou na sua vida?

JK: Foram dois anos intensos na posição de CEO, na liderança do Fundo do qual agora sou membro do Conselho de Administração. E venho atuando da mesma forma como Conselheira para o negócio e gestão nas indústrias Santa Helena, Terra Nuts e Excelsior Alimentos.  

Mais recentemente, o Conselho de Administração da Fundação Bunge me chamou e, nele, estou numa fase inicial muito boa de entendimento e integração.  

Já o convite para integrar o EY Winning Women veio em 2022 e, como tinha minha agenda preparada para ampliar a atuação em mentoria, visualizei a oportunidade de maior contribuição. Percebi também a atuação no programa EY Winning Women como uma forma de estar inserida num grupo que foca num debate qualitativo para o avanço da mulher no empreendedorismo. Particularmente, valorizo ações voltadas ao desenvolvimento humano e desenvolvimento de lideranças, tanto quanto tenho um olhar crítico para o acompanhamento e gestão de resultados. 

 O WW me atraiu por vários fatores. Nós, mentoras, podemos atuar para fortalecer as características de um empreendedorismo sustentável, como visão de longo prazo, inovação responsável, consciência ambiental e social, resiliência e flexibilidade, e colaboração e estruturação de parcerias.  

WWN: Durante todo tempo em que é mentora, o que mais chamou sua atenção?

JK: Talvez nem todos saibam, mas o programa EY Winning Women Brazil está há mais de uma década apoiando e acreditando, ano a ano, cada vez mais, nas mulheres empreendedoras, com fomento na aprendizagem por meio do compartilhamento de experiências. 

O programa saiu do plano do insight, se tornou realidade e agora se mostra essencial nas mãos dos profissionais especialistas da EY, a quem parabenizo, pois vocês vivenciam em plenitude o processo e trabalham pelo que acreditam e pelo sucesso dessas mulheres arrojadas, corajosas e dedicadas aos seus negócios. 

Durante esse tempo como conselheira de administração e mentora, me chamou a atenção a importância do olhar independente e externo e a percepção de que assim como a posição de CEO é solitária e desafiadora, a atuação como conselheira pode e deve ser apoiadora. Talvez, a posição de empreendedora passe pela mesma experiência de solidão e necessidade de apoio e não posso deixar de mencionar a alta responsabilidade que trago comigo, que me faz estar conectada em tempo integral no ecossistema de cada negócio. 

A EY, para mim, quando olho pela perspectiva das executivas e mentoras, me parece que faz uma dupla aposta de potencial, acredita no aporte da nossa contribuição e na capacidade de aprendizado e realização das empreendedoras. Ao abrir, sustentar, reciclar e arejar o programa, especialmente quando cria oportunidades para o ingresso de novas executivas e mentoras, que podem não ter experenciado na carreira os desafios e os aprendizados que um cenário de empreendedorismo proporciona, a EY nos dá esse espaço à contribuição. Quero destacar que, ao disponibilizar a plataforma para as empresárias na busca de realizar o propósito do programa, acredito que a EY acabou por gerar também um ciclo virtuoso de alimentação, nutrição, atualização e um olhar mais inclusivo para todas nós executivas e mentoras do programa. 

WWN: Após ser parte do time de mentoras, o que mudou na sua forma de encarar o empreendedorismo feminino?

JK: Vi que podemos nos apoiar e isso faz ficar tão melhor a evolução e o desenvolvimento nas características da mulher empreendedora. Em resumo, eu destacaria empatia e sensibilidade social com abordagens mais inclusivas; habilidade multitarefa, equilibrando múltiplos papéis e responsabilidades; persistência e determinação, pois enfrentam as dificuldades de frente e não desistem fácil dos seus objetivos; comunicação e colaboração; além de características da intuição e da criatividade que se sobressaem, uma vez que encontramos mulheres que, apesar da dificuldade, veem o empreendedorismo como uma opção de realização profissional ao modelo de carreiras tradicionais.  

Vejo ainda que o empreender leva ao crescimento e realização pessoal, muito além de dar espaço à criação de soluções empreendedoras com mais sustentabilidade, o que elas amplificam, porque o fazem naturalmente de forma mais inclusiva.  

Elas são abertas à aprendizagem e atentas a não ter “preguiça mental”, porque não se deixam contaminar com um estado de falta de disposição ou motivação para pensar, constroem raciocínio ou resolvem problemas de forma ativa.  

Ou, ainda, se engajam ou se envolvem em atividades desafiadoras ou exigentes e não dão chance ou preferência aos caminhos fáceis, passivos ou rotineiros.  

Assim, combatem, em diferentes proporções a procrastinação, a baixa concentração, a ausência de questionamentos críticos e de reflexão, a baixa energia para ação e até uma eventual apatia para processos de aprendizado formal.  

Buscam a autorrealização, sim, mas no meu entendimento é necessário sempre fechar o ciclo e complementar com uma “generosidade mental”. que envolve compartilhar conhecimento e experiências; exercitar a empatia e a compreensão, percebendo e olhando para as emoções, preocupações e experiências do outro; trazer à cena a aceitação e a tolerância; praticar o respeito, reconhecendo valor das pessoas sem um pré-julgamento; e cultivar e nutrir pensamento positivo, como também tentar contribuir para criar e manter ambientes positivos. 

É fantástico ver o aproveitamento em profundidade das empreendedoras mentoradas! E, acredito que tenham, por essas razões, alto potencial para serem bem-sucedidas e que se tornem opções de oportunizar investimento que não olha para gênero, mas para tudo o que as mulheres empreendedoras do programa WW têm toda condição de atender.


Resumo

A EY entrevistou Joanita Karoleski, mentora do Winning Women Brazil desde 2022, que conta como o programa potencializa o sucesso das mulheres e fortalece as características de um empreendedorismo sustentável.


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