Por Armando Lourenzo, Presidente do Conselho Consultivo do EY Institute
Dificuldades na transferência de comando (sucessão) e falta de profissionalização são os dois maiores desafios enfrentados por empresas familiares em todo o mundo. Para melhorar sua longevidade, é essencial implementar um programa de profissionalização e planejar a sucessão de forma adequada.
A profissionalização pode ser compreendida como uma administração onde a propriedade está separada da gestão. Ou seja, família é família, empresa é empresa e sociedade é sociedade. Isso não significa a substituição total dos familiares por pessoas de fora. A profissionalização se apoia em três pilares principais:
- Esclarecer os limites entre família, sociedade e gestão:
- Apesar de ser difícil uma separação total, é importante que os papéis de sócio, gestor e familiar sejam bem definidos para minimizar interferências da família nos negócios.
- Substituir processos gerenciais implícitos por explícitos:
- A empresa deve estabelecer processos gerenciais claros e padronizados, evitando depender demais de decisões centralizadas em seus fundadores. Isso inclui a implementação de um processo de avaliação formal do desempenho dos colaboradores, onde promoções e aumentos salariais sejam baseados em meritocracia e não em relacionamentos pessoais.
- Manter pessoas qualificadas na empresa:
- Seja da família ou não, é crucial que os ocupantes de cargos sejam qualificados. O maior desafio é remover familiares inaptos de posições importantes sem causar conflitos familiares. Portanto, é fundamental que os familiares tenham perfis compatíveis com os cargos que ocupam.
Planejamento da Sucessão
A escolha do(a) sucessor(a) deve ser orientada por critérios claros e apoiada pela família. Dependendo do caso, outros agentes, como clientes ou fornecedores, podem participar indiretamente na escolha, influenciando a atuação da empresa.
Para minimizar os pontos críticos, a sucessão deve ser planejada desde o início da empresa, com os fundadores colaborando na elaboração e execução do plano de sucessão. É importante que todos os atores envolvidos apoiem o processo para evitar que se torne apenas uma relação de desejos.
Gerenciamento de Conflitos
Além dos conflitos entre fundadores e funcionários, há os conflitos entre membros da família (mesmo os que não trabalham na empresa). Para esses problemas, recomenda-se atividades de treinamento, mediação e comunicação para os familiares, buscando um equilíbrio interno de conhecimentos e a elaboração de um protocolo familiar.
Esses dois instrumentos, profissionalização e planejamento da sucessão, não resolvem todos os problemas de uma empresa familiar, mas orientam os dirigentes na criação de programas que visem aumentar a longevidade da organização. O objetivo é que a empresa esteja adequada ao ambiente, integrada às expectativas da família e gerando os resultados necessários.