Por Armando Lourenzo, Presidente do Conselho Consultivo do EY Institute
A lógica das empresas tradicionais é tomar decisões com base em critérios racionais. Entretanto, nas organizações familiares, o componente emocional é bem evidente. No caso de um(a) filho(a) que faça um desvio financeiro na empresa, por exemplo, a demissão é um caminho natural, mas não fácil. Boa parte dos pais acaba tomando uma decisão baseada na emoção e nos laços familiares, sem punição efetiva, o que é uma mensagem péssima para os colaboradores e demais públicos de interesse.
Como irmão, é provável que a decisão seja racional. Mas, e com a filha deste irmão que tomou a decisão, por exemplo? O que seria feito? Considerando a hipótese de a filha não ter formação acadêmica, sua experiência profissional se resumir ao trabalho desenvolvido na empresa da família, seu marido estar desempregado e o casal ter dois filhos pequenos: ela seria demitida caso tivesse desviado dinheiro da empresa, considerando este cenário em particular?
Nem todos os casos são assim tão dramáticos, mas os pais certamente encontrarão um motivo para não demitir seu/sua filho(a) da empresa familiar.
Muitas pessoas criticam as empresas familiares por conta do padrão emocional que cerca decisões importantes, mas não se colocam no lugar dos membros da família para entender, de fato, os motivos que estimularam tais decisões.
Na verdade, não existe certo ou errado. O importante é focar no crescimento sustentável da empresa e ter uma estratégia de diferenciação em um mercado altamente competitivo, sem perder tempo com conflitos que apenas desgastam as relações. Obviamente, este comentário se aplica a situações mais simples e não ao caso extremo mencionado acima.
Importante também frisar que nem todas as decisões empresariais são tomadas, pura e simplesmente, com base em dados objetivos. Há varejistas, por exemplo, que fazem pesquisa de mercado para definir pontos de venda e não decidem sem que seu olho clínico aprove o local. É o famoso tino comercial.