Sustainable finance index

SFI: Sustainable Finance Index 2022 | Brasil

Em dezembro de 2022, a EY lançou a 4ª edição do Sustainable Finance Index (SFI). O índice foi elaborado para ajudar as instituições financeiras ao redor do mundo a aprimorarem suas atuações no âmbito das práticas de ESG. 

Com base em divulgações anuais, o EY SFI utiliza dados coletados por agregadores de dados terceirizados, para comparar mais de 1.100 instituições de serviços financeiros, em mais de 200 parâmetros ESG. Esses parâmetros são compilados nos três pilares, ambiental (E), social (S) e de governança (G). Para saber mais sobre o estudo global publicado e a metodologia do SFI, acesse : EY Sustainable Finance Index 2022 

Nos últimos anos, o tema ESG tem entrado na pauta das principais agendas corporativas no mundo e ganhado cada vez mais destaque na indústria bancária, que tem um papel fundamental na transição para uma economia mais sustentável pela possibilidade de direcionar crédito para iniciativas que considerem as questões ESG, incentivando as empresas não financeiras a incorporarem o desenvolvimento de práticas ESG, de vez, em suas agendas de negócios.

No Brasil, o papel das instituições financeiras na agenda ESG ganha mais evidência com o reforço dado pelo Banco Central do Brasil, pela SUSEP e pela CVM com as publicações recentes de normas que direcionam esses temas. Por exemplo, o Banco Central do Brasil publicou uma série de novas exigências de práticas ESG para os bancos, em linha com as recomendações da Task-Force on Climate related Financial Disclouseres (TCFD) e do Comitê de Basiléia que foram discutidos no artigo Última chamada para adequação às normas ESG emitidas pelo Banco Central .

Dentre as 700 instituições financeiras analisadas no SFI em 2022, três instituições financeiras (IFs) presentes são brasileiras. Essas IFs representam 43% da carteira de crédito e 48% das captações bancárias no país em setembro de 2022. Nesse novo artigo, buscamos comparar os avanços e as lacunas da agenda ESG no Brasil (baseada nessas três IFs) com a agenda global.

As IFs aumentaram seus esforços em direção à maior sustentabilidade dos seus negócios, melhorando suas divulgações ESG. A taxa média de divulgação aumentou para 82% na média global. As IFs europeias se destacam com uma taxa de divulgação de 84% em oposição à taxa de divulgação de 58% das IFs norte-americanas. Já as IFs brasileiras analisadas têm uma taxa média de divulgação de 87%, bastante alta para os padrões globais.

Podemos observar que as três IFs brasileiras têm indicadores consistentes acima da pontuação média dos líderes (leaders) globais em ESG (figura 1. Os retardatários (laggards) têm avançado a uma velocidade maior, com 37% de crescimento do SFI em dois anos, em comparação aos líderes e aos seguidores (followers), com 5% de crescimento do SFI em dois anos. As três IFs brasileiras, mesmo pontuando acima da média dos líderes, permaneceram quase paradas nesses dois anos, com 1% de crescimento do SFI. Portanto, apesar da boa pontuação geral, ainda há espaço de evolução para as práticas ESG no Brasil.

Quando analisamos os três subindicadores do SFI, podemos observar que o peso de cada componente no resultado do índice é bastante diferente no Brasil e no resto do mundo (figura 2). No Brasil, a agenda ambiental e climática (E) está bastante avançada e representa 42% do SFI. No outro extremo, a agenda de governança (G) está menos desenvolvida e representa 22% do SFI. Já no mundo, o peso dos componentes ambiental, social e de governança no SFI é bastante diferente. Para os retardatários e seguidores, o maior peso está na agenda social (S), respectivamente 47% e 45%, enquanto a agenda ambiental representa apenas 10% do peso do SFI. Para os líderes, a composição do índice é um pouco mais equilibrada, mas ainda assim a agenda social tem maior peso (36%). Podemos concluir que as IFs brasileiras têm liderado a agenda ambiental e climática, porém ainda precisam avançar nas questões sociais e de governança.

Com o intuito de fornecer uma base de atuação para as IFs brasileiras de forma geral, cabe detalhar alguns dos componentes que foram analisados para a construção dos subindicadores E, S e G. Nosso objetivo é expor os temas que estão menos desenvolvidos no Brasil, para que os executivos possam tomar ações que ajustem suas práticas de sustentabilidade.

Para o subindicador S, os dois fatores que apresentam pior resultado para as IFs brasileiras, quando comparadas às IFs globais, são:

  1. Satisfação dos clientes: foram avaliados (i) os números de controvérsias publicadas na mídia vinculadas a reclamações de clientes ou insatisfações diretamente relacionadas aos produtos e serviços, e (ii) o percentual de satisfação do cliente reportado pela instituição financeira. No caso das instituições brasileiras, esses valores não são reportados e, portanto, receberam nota baixa.
  2. Aspectos sociais da gestão de terceiros: avaliamos se a empresa informa ou mostra estar pronta para encerrar uma parceria com um fornecedor, se os critérios de direitos humanos não forem atendidos. Como esse critério também não foi reportado, não houve pontuação.

Para o subindicador G, os dois fatores que apresentam pior resultado para as IFs brasileiras, quando comparadas às IFs globais, são:

  1. Efetividade do conselho de administração: neste caso, foram avaliados 20 critérios que medem a efetividade do conselho de administração e existem oportunidades de melhoria nestes indicadores, principalmente relacionados à existência de membros independentes no conselho e nos comitês.
  2. Litígios e controvérsias: avaliamos as despesas relacionadas a litígios e controvérsias e, quando esse valor não é reportado, o indicador recebe nota 0.

Com relação ao subindicador E, as instituições brasileiras estão acima da média global em todos os fatores, com destaque para:

  1. Mudança climática e gestão de energia: foram avaliados diversos indicadores alinhados ao tema como emissão de carbono, utilização de água, consumo de energia, gastos com meio ambiente e, neste tema, as instituições brasileiras se destacaram.
  2. Aspectos ambientais da gestão de terceiros: avaliamos diversos indicadores ambientais publicados para os terceiros, que atendem as empresas e novamente as instituições financeiras brasileiras se destacam, quando comparadas com seus pares globais.

Podemos concluir que as instituições brasileiras, seja pelas questões regulatórias ou pela sua vocação, são líderes nas questões ambientais e climáticas que compõem a agenda de sustentabilidade ESG. Porém, não é possível baixar a guarda neste tema, pois os avanços de forma geral sobre este assunto estão acelerados, como ficou demonstrado na COP27. Já nas questões sociais e de governança, ainda há espaço de melhoria quando comparamos as IFs brasileiras com seus pares globais.

         Colaborou com esse artigo: Fernando Siedschlag, Consultor de ESG para Serviços Financeiros na EY


Resumo

A 4ª edição do Sustainable Finance Index (SFI), elaborado pela EY, comparou mais de 1.100 instituições de serviços financeiros, em mais de 200 parâmetros ESG, e concluiu que as IFs brasileiras têm liderado a agenda ambiental e climática, porém ainda precisam avançar nas questões sociais e de governança. Veja os detalhes sobre os indicadores.

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