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Por que os Conselhos precisam desempenhar um papel ativo no aproveitamento do poder da IA?

Os Conselhos de Administração têm a responsabilidade de compreender toda a gama e extensão dos riscos e oportunidades apresentados pela inteligência artificial (IA).

Os Conselhos de Administração têm a responsabilidade de compreender toda a gama e extensão dos riscos e oportunidades apresentados pela inteligência artificial (IA).


Em resumo

  • A IA tem o potencial de transformar a forma como as organizações operam, mas os Conselhos de Administração precisam estar conscientes dos seus riscos e limitações.
  • É responsabilidade do Conselho garantir que haja um retorno claro do investimento na implantação da IA.
  • Os Conselhos devem garantir que suas organizações estejam preparadas para cumprir novos regulamentos.

Aascensão das capacidades inovadoras da inteligência artificial (IA) demanda uma maior supervisão do Conselho sobre as políticas e estratégias da organização, tendo em vista seu papel crucial na implementação de uma estratégia de IA confiável. Os avanços na IA exigem que as organizações criem uma estratégia de dados fundamentada em confiança e, de acordo com o EY Ireland Trusted Data Report 2023, os Conselhos devem saber até que ponto podem confiar nos dados em que baseiam suas decisões.

Ferramentas de IA generativa (GenAI), como o ChatGPT, em pouco mais de um ano, ampliaram significativamente o interesse em tudo que diz respeito à inteligência artificial. De acordo com a pesquisa EY CEO Outlook Pulse de outubro de 2023, 99% dos CEOs globais planejam investir em GenAI e 70% dizem que sua organização deve agir agora, com base na tecnologia, para não entregar vantagem estratégica aos seus concorrentes. O mesmo número afirma que a GenAI os desafiará a alterar seu próprio modelo de negócio para manter a vantagem competitiva.

No entanto, mais de dois terços (68%) afirmam que a incerteza em torno da GenAI torna difícil acelerar o desenvolvimento e a implementação de uma estratégia de IA. Isto resume o principal desafio dos Conselhos na implantação da IA em suas organizações. Por um lado, a tecnologia tem um potencial extraordinário para proporcionar novas eficiências e ganhos competitivos; por outro, apresenta riscos que apenas começaram a ser devidamente compreendidos.

Os Conselhos devem, portanto, desafiar a Administração a explorar o potencial transformacional da GenAI para suas organizações e garantir que as oportunidades não sejam perdidas. Os Conselhos de Administração devem questionar se a organização está implementando a IA de forma adequada e capitalizando seu potencial para proporcionar novas eficiências e gerar valores em áreas-chave, como o desenvolvimento de novos produtos e serviços.

Reconhecendo o potencial transformacional da GenAI

A IA tem sido usada há vários anos em muitas organizações. Os casos de uso variam desde análises de clientes até ferramentas de planejamento de rotas para veículos de entrega. Esses casos de uso discretos e altamente controláveis têm proporcionado benefícios comerciais há muitos anos. No entanto, os usos potencialmente transformadores da GenAI mudaram as regras do jogo de forma bastante fundamental.

Um exemplo é o assistente virtual ao cliente, que pode fornecer respostas personalizadas às dúvidas e não simplesmente selecioná-las em um menu de respostas pré-preparadas. Ele pode orientar o cliente na seleção de produtos ou serviços ou na resolução de problemas pós-compra. No entanto, deve-se atentar para o risco potencial de o assistente virtual fornecer recomendações inadequadas. A supervisão humana ajudará a enfrentar este risco.

Os Conselhos, portanto, precisam compreender as oportunidades apresentadas pela GenAI, avaliar seus potenciais usos para a organização, ter clareza sobre os objetivos que se deseja alcançar com sua utilização e definir diretrizes e políticas claras sobre onde e como ela deve ser usada para se garantir o melhor efeito.

Entendendo os riscos

A IA e a GenAI apresentam riscos que vão desde os regulatórios, passando pelos comerciais e financeiros, até os de reputação e muito além. A utilização da IA será cada vez mais regida por regulamentos, incluindo a futura Lei da União Europeia sobre IA, e os Conselhos devem garantir que a utilização da tecnologia pelas suas organizações esteja totalmente em conformidade.

Também há riscos para o próprio negócio. Sistemas defeituosos, como o da pontuação de crédito, podem causar danos incalculáveis a uma empresa se não forem descobertos precocemente. Em outro nível, os sistemas de produção controlados por IA devem ser monitorados de perto para garantir que continuem a funcionar conforme o previsto.

“Em um extremo do espectro de risco, a GenAI pode produzir conteúdo de marketing personalizado não totalmente verdadeiro, e isso pode causar sérios danos à reputação de uma organização. Outro exemplo é a utilização da tecnologia para fornecer recomendações de saúde, o que pode ser perigoso em determinadas circunstâncias, se não estiver sujeita aos controles corretos. Não se pode simplesmente desligar a GenAI ou decidir não usar a tecnologia para reduzir ou evitar riscos. Os Conselhos devem estar atentos a toda a gama de riscos ao desenvolver políticas e estruturas em torno da IA”, afirma Eoin O’Reilly, Sócio, Head of Data, Analytics and AI na EY Irlanda.

A photographic portrait of Eoin O'Reilly

Outro risco que exige atenção dos Conselhos é o uso informal da GenAI. Os funcionários podem usar o freeware GenAI sem o conhecimento de seus superiores e compartilhar informações involuntariamente. Os Conselhos devem garantir a existência de sistemas de proteção contra isso.

Qualificando a força de trabalho

O uso da GenAI se tornará tão difundido que os funcionários de todas as áreas e de todos os níveis precisarão se familiarizar com a tecnologia. Os Conselhos devem garantir que a organização invista nas competências e capacidades necessárias para que a força de trabalho possa utilizar a GenAI da melhor forma possível, maximizando o valor que ela pode trazer para a organização.

Não fazer isso pode levar a lacunas prejudiciais de resistência à introdução da tecnologia, bem como à perda de oportunidades valiosas por parte da organização.

Maximizando o retorno do investimento

A IA e a GenAI apresentam, sem dúvida, uma vasta gama de oportunidades para as organizações. A tecnologia pode acelerar o desenvolvimento de novos produtos, melhorar o atendimento ao cliente, aumentar a eficiência operacional e reduzir custos. No entanto, o entusiasmo atual por tudo o que diz respeito à IA pode levar à sua implantação em áreas que não são justificadas por um retorno claro do investimento.

Os Conselhos devem responsabilizar a Administração por apresentar um caso comercial claro para a utilização da IA antes de qualquer despesa ser incorrida.

A melhor maneira de começar é com casos de uso de baixo risco, como o desenvolvimento de software. A GenAI pode ajudar equipes de codificação na geração de ideias, códigos e testes. Isto reduz o tempo e o custo do desenvolvimento, mantém a supervisão humana e proporciona um retorno claro do investimento.

Em todos os casos, máximo cuidado deve ser tomado para garantir que o foco no retorno financeiro não sufoque a inovação. A pesquisa e o desenvolvimento, por sua própria natureza, envolvem uma certa taxa de falha, muitas vezes bastante elevada. Essa taxa de falha faz parte do preço do sucesso e as empresas devem estar dispostas a investir e a encorajar um certo grau de experimentação, o que deve ser levado em conta em qualquer exercício de análise de custo-benefício.

Esta é uma tradução de conteúdo de EY Irlanda. A versão original, em inglês, está disponível em: Why boards need to harness the power of AI.


Resumo

A IA e a GenAI desempenharão um papel cada vez mais importante em organizações de todos os tamanhos e setores e a não adoção da tecnologia conferirá vantagem competitiva aos concorrentes. Assim, os Conselhos devem desempenhar um papel proativo de liderança na decisão sobre: onde e como ela pode ser usada, desafiar a Administração sobre a capacidade da organização de explorar as oportunidades apresentadas pela tecnologia e implementar as estruturas necessárias para gerir os riscos e garantir conformidade regulatória e legal.