“Sabíamos que não era possível fazer a transição para a nova geração acontecer atuando sozinhos na família. Na verdade, foi muito importante, não fizemos isso”, diz Sérgio Moura, presidente do conselho da unidade industrial. Em vez disso, a empresa chamou Cristiane Amaral, líder da área de Varejo & Bens de Consumo da EY na América Latina.
O planejamento sucessório costuma ser negligenciado nas discussões sobre negócios familiares devido à sensibilidade do assunto. Como parte do projeto de trabalho, a EY garantiu que todas as discussões entre o grupo familiar mais amplo fossem tratadas de forma discreta e cuidadosa. “A sucessão é uma questão difícil. Muitas vezes, existem tabus e tópicos familiares difíceis de discutir”, diz Mariana Moura, membro da família de terceira geração e líder do Conselho de Família da empresa e agora consultora em governança de empresas familiares.
“Os membros da família podem facilmente ficar preocupados com a perda de poder e isso pode ser um desafio emocional, mas é preciso perseverar e seguir em frente”, afirma.
Uma abordagem em três etapas foi desenvolvida e executada pela EY para facilitar a transição, o que incluiu educar e envolver os membros mais jovens da família, construir uma nova estrutura de governança corporativa e capacitar os colaboradores. Os membros mais jovens da família receberam formação sobre formas de melhorar o propósito, a estratégia, o desempenho e o valor a longo prazo da empresa, para estarem preparados para assumir funções de liderança no conselho de administração no futuro. Com o tempo, a empresa também desenvolveu uma nova estrutura de governança corporativa com três conselhos, incluindo um para negócio de fabricação e distribuição da empresa, bem como um Conselho de Acionistas e um Conselho Familiar.
Como parte do novo modelo de governança corporativa, os membros da família foram excluídos das funções da Administração. Isso abriu uma nova gama de opções de carreira para a terceira geração, permitindo que eles seguissem as carreiras escolhidas, em vez de serem obrigados a ingressar na empresa familiar. Posteriormente, a mudança fez com que os membros da família obtivessem considerável sucesso profissional nas profissões escolhidas, incluindo medicina, direito, governança empresarial, setor financeiro e de crédito, odontologia e psiquiatria. "Se você cresceu com a expectativa de trabalhar na empresa familiar, é libertador poder escolher a própria carreira", conclui Mariana. “Isso mudou nossa perspectiva e nos deixou livres para nos tornar mais flexíveis como indivíduos e desenvolver uma visão comum do futuro como grupo.”