A tecnologia como aceleradora da mudança
Um dos achados mais promissores do estudo é a abertura às soluções digitais. Pacientes, especialmente os mais jovens, demonstram disposição para utilizar tecnologias que aprimorem sua experiência de atendimento:
- 59% se sentiriam confortáveis em compartilhar dados de saúde mental por meio de tecnologias digitais.
- 60% aceitariam testes genéticos para identificar predisposição a certas condições.
- Há interesse em aplicativos, chatbots e dispositivos de monitoramento remoto para prevenção e acompanhamento.
Na América Latina, a expansão da telemedicina durante a pandemia abriu caminho para a adoção dessas soluções. O desafio agora é integrá-las aos sistemas existentes, proteger a privacidade e garantir acesso a populações diversas, incluindo de baixa renda e residentes em áreas rurais.
Desafios e oportunidades para a região
A crise da saúde mental não é exclusiva da América Latina, mas aqui assume características específicas:
- Elevada desigualdade social e econômica.
- Baixa priorização de investimentos preventivos.
- Sistemas fragmentados e, muitas vezes, sem coordenação entre o setor público e o privado.
- Estigma cultural que inibe a busca por ajuda.
Por outro lado, existem oportunidades relevantes:
- Crescimento acelerado da saúde digital, capaz de democratizar o acesso.
- Ecossistemas colaborativos entre governos, seguradoras, organizações sociais e empresas privadas.
- Demanda crescente da população jovem, mais aberta a falar sobre saúde mental e a utilizar ferramentas digitais.
O estudo da EY indica um caminho claro: um modelo de saúde mental baseado em dados, centrado no paciente e orientado a resultados mensuráveis. Para a região, isso exige coordenação intersetorial, inovação tecnológica e vontade política para priorizar a prevenção em detrimento da gestão de crises.
A saúde mental é, ao mesmo tempo, um desafio urgente e uma oportunidade estratégica para a América Latina. Transformar os modelos de atenção não apenas melhorará os resultados clínicos, mas também terá impacto direto na produtividade, no bem-estar social e na sustentabilidade econômica da região.
O EY Global Mental Health Care Survey 2025 traz evidências e recomendações para orientar esse processo. O chamado aos líderes de saúde da região é claro: investir em dados, transformar o cuidado, medir o progresso e acompanhar o paciente em cada etapa de sua jornada. Com uma visão integral e colaborativa, a América Latina pode avançar para sistemas de saúde mental mais acessíveis, equitativos e efetivos para todos.