Vale ainda destacar que a maior parte das buscas que envolvem o termo “Open Finance” no Google mostra o interesse do público em participar do ecossistema, e quase todas as reclamações sobre o Open Finance no Reclame Aqui demonstram claro conhecimento do propósito do Open Finance.
Esses números refletem uma estratégia regulatória desafiadora, que apostou em um modelo mais amplo e inclusivo que o do Reino Unido, cujo foco inicial era o setor bancário tradicional. O Open Finance brasileiro já nasceu com a missão de integrar uma gama mais diversa de produtos e instituições — incluindo pagamentos, crédito, investimentos, câmbio e outros que ainda estão por vir. Essa abordagem mais abrangente permitiu acelerar o impacto prático do ecossistema e ampliar seu escopo.
Apesar do avanço, quase dois terços dos bancos ainda não percebem retorno significativo, e menos de 15% dos investidores e 3% das empresas utilizam o Open Finance. Também há lacunas de inclusão: cerca de 8 milhões de brasileiros têm contas em bancos e fintechs fora do ecossistema, o que representa 220 milhões de relacionamentos financeiros “invisíveis”.
Casos de uso regulados, como a portabilidade de crédito, devem impulsionar uma fase mais promissora, mas desafios persistem: qualidade e monitoramento de dados, APIs pouco utilizadas (5 das 12 têm menos de 1% do tráfego), e concentração nas APIs de conta e cartão (50% do total). O foco, agora, deve ser gerar valor real para pessoas e instituições, com foco em:
- Posicionar o Open Finance como ferramenta, não produto;
- Oferecer compartilhamento de dados de forma clara e útil;
- Garantir usabilidade e benefícios concretos;
- Aumentar a adesão de PJs e clientes de alta e altíssima renda.
Ou seja, o ecossistema amadureceu em escala e conectividade, mas ainda precisa avançar em eficiência e valor percebido.