Empresária asiática anônima escreve um relatório em seu laptop

Como a IA agêntica pode remodelar a área de impostos

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A IA agêntica oferece autonomia dinâmica para a área de impostos, criando novas oportunidades para melhorar a precisão e a eficiência.


Em resumo

  • Ela automatiza tarefas fiscais complexas com mínima intervenção humana, o que libera tempo para trabalhos estratégicos.
  • Seus recursos adaptativos ajudam as equipes de impostos a responder com eficiência à evolução das regras e aos desafios de dados.
  • Uma supervisão humana clara e uma infraestrutura de dados robusta são cruciais para aproveitar todo o seu potencial e manter a conformidade.

O crescimento recente do uso da inteligência artificial (IA) na área de impostos tem sido meteórico. A tecnologia garantiu um lugar de destaque nas agendas dos líderes de impostos, há esforços para incorporar a IA centrada no ser humano nos modelos operacionais de impostos e há vislumbres fascinantes de como a tecnologia pode transformar a área de impostos em um centro de inovação.

A última pesquisa de Tax and Finance Operations (TFO) da EY também revela grandes expectativas entre os líderes de impostos, com 87% dizendo que a IA generativa (GenAI) tornará a área mais eficiente e eficaz. Jensen Huang, CEO da líder em IA NVIDIA, capturou o zeitgeist em torno das forças de trabalho humanas/digitais quando disse recentemente: "Quem estiver preocupado com a possibilidade de a IA tomar o seu emprego provavelmente deveria se preocupar com a possibilidade de alguém que saiba usar a IA tomar o seu emprego."1 Não é surpresa, portanto, que já exista um forte consenso de que as empresas que integram a IA em suas áreas de impostos terão uma vantagem competitiva significativa em relação àquelas que não o fazem.

O surgimento da IA agêntica deve acelerar a trajetória dramática da inovação em impostos possibilitada pela tecnologia.  A IA agêntica está pronta para automatizar processos tributários complexos de vários estágios, tomar decisões, lidar com anomalias de dados e aprender com seus erros. Com treinamento suficiente, proteções adequadas e o envolvimento de humanos, equipes de agentes de IA autogerenciáveis poderão trabalhar juntas em breve para concluir tarefas em uma fração do tempo, sem supervisão humana constante, melhorando a qualidade do trabalho e aumentando a produtividade dos colaboradores.

A categorização automática de produtos para o imposto sobre vendas e uso é apenas um exemplo de como as equipes de impostos podem aproveitar a IA agêntica. Daren Campbell, Líder de Tecnologia e Transformação de Impostos da EY Americas, explica como a empresa ajudou recentemente um grande fabricante de bebidas a categorizar mais de 40 milhões de transações de acordo com o tipo de produto.

Campbell conta que essa tarefa foi particularmente complexa porque a categorização de cada produto e o tratamento fiscal subsequente dependiam de uma série de variáveis, como o tipo de ingrediente e a quantidade de cada ingrediente em cada linha de produto. A solução da EY envolveu o desenho e a integração de um agente de IA autônomo de categorização nos processos fiscais da empresa. "O agente categorizou com sucesso todas as 40 milhões de transações em apenas 10 dias com altos níveis de precisão", lembra Campbell. "Agora, toda vez que uma nova linha de produtos é adicionada ao estoque da empresa, o agente de IA integrado atribui automaticamente uma categorização do imposto sobre vendas e uso, possibilitando que a equipe de impostos se concentre em tarefas mais importantes."

A IA agêntica é particularmente eficaz nessas tarefas porque, diferentemente das soluções baseadas em regras, como a automação robótica de processos e o aprendizado de máquina, ela pode contextualizar dados fiscais, definir metas, planejar ações e executá-las. Ela não se limita a reagir aos dados; ela  toma decisões de forma proativa e resolve questões como dados discrepantes e anomalias que fariam a IA baseada em regras "tropeçar". Isso significa que a IA agêntica é muito mais flexível do que os sistemas clássicos de IA, reduzindo a necessidade de intervenção humana e aumentando drasticamente a produtividade da equipe de impostos.

Outro uso relativamente simples de IA agêntica que os líderes de impostos poderiam explorar é a reformatação automática de balancetes. Até agora, isso tem drenado os recursos das equipes de impostos corporativos. Mesmo com sistemas de planejamento de recursos empresariais (ERP) bem integrados e automação por IA baseada em regras, as equipes ainda dedicam tempo e esforços consideráveis para garantir que os dados estejam prontos para os relatórios. Os agentes de IA, no entanto, já estão sendo programados para interrogar os sistemas back-end (como ERP, razão geral e folha de pagamento) de forma autônoma, extrair e categorizar corretamente as rubricas, rastrear ativos e compilar minutas de relatórios para revisão humana.

1

Capítulo 1

O poder transformador do trabalho em equipe com a IA agêntica

As equipes de IA agêntica automatizam processos fiscais de ponta a ponta, como balancetes e conformidade, utilizando a orquestração de IA para melhorar a precisão, a eficiência e a produtividade da equipe de impostos.

Embora os agentes individuais de IA possam automatizar e acelerar os processos fiscais, o poder transformador pleno da IA agêntica fica evidente quando as equipes de agentes trabalham juntas e são "gerenciadas" por uma camada de orquestração alimentada por IA com supervisão humana.

As equipes agênticas possuem agentes individuais trabalhando juntos, de forma semelhante à divisão de trabalho em equipes humanas. Cada um tem seu próprio foco, habilidades e capacidades, visando automatizar os processos fiscais de ponta a ponta. Esses sistemas também podem ter um agente de IA "gerente", que garante a coordenação, a correção e a conformidade das atividades. No caso de um balancete, por exemplo, uma equipe agêntica poderia ter agentes projetados para:

  • Extrair dados de sistemas fiscais e financeiros
  • Categorizar as rubricas corretamente
  • Fazer o upload dos dados reformatados para o software de provisão de impostos
  • Identificar novas contas e garantir que elas sejam categorizadas corretamente
  • Comparar os balancetes ano a ano para identificar variações incomuns ou inesperadas
  • Revisar os resultados para garantir a precisão e a conformidade dos dados

"O objetivo da IA agêntica é criar uma série de microagentes que trabalhem juntos para automatizar um processo de ponta a ponta, de modo que o profissional da área de impostos só precise lidar com o agente de orquestração em vez de dezenas de sistemas", explica Campbell. Ele ressalta que essa tecnologia pode estar relativamente imatura no momento, mas, como em todas as esferas da IA, sua capacidade está evoluindo rapidamente.

A abordagem da IA agêntica é transformadora porque automatiza e acelera mais o processo, economizando tempo e recursos preciosos e permitindo que os profissionais da área de impostos concentrem suas habilidades na inovação.

Por exemplo, equipes agênticas que envolvam humanos também poderiam ser usadas para fins de conformidade e avaliação de impostos. A EY, que já usa o processamento de linguagem natural e o aprendizado de máquina para acompanhar as mudanças na regulamentação tributária, está explorando como a IA agêntica poderia automatizar e ampliar essa capacidade. Um bom agente não apenas detectaria uma nova regulamentação, mas também determinaria o impacto sobre a posição fiscal de uma empresa, alertaria os stakeholders relevantes, agendaria reuniões com os stakeholders em horários convenientes e até mesmo geraria uma análise preliminar com recomendações para eles discutirem e aperfeiçoarem. No entanto, a IA agêntica não é infalível; portanto, a supervisão humana nos principais estágios desses fluxos de trabalho será fundamental.

"Algumas equipes de impostos já utilizam o aprendizado de máquina para identificar automaticamente as mudanças na regulamentação, mas a maior parte da atividade subsequente ainda é altamente manual e repetitiva", pontua Campbell. "A abordagem da IA agêntica é transformadora porque automatiza e acelera mais o processo, economizando tempo e recursos preciosos e permitindo que os profissionais da área de impostos concentrem suas habilidades na inovação e em outras áreas de valor agregado."

A tecnologia também poderia ser usada para processar autuações fiscais de forma autônoma, sendo as recomendações da IA transmitidas aos profissionais humanos de impostos para fins de validação e análise, explica Darren Beardsley, Líder de IA em Impostos da EY Americas.

Os sistemas de IA agêntica podem receber, interpretar e classificar as autuações fiscais de várias jurisdições com supervisão humana. Isso compreende:

  • Identificação do tipo de autuação (por exemplo, auditoria, atraso na declaração, exigência de pagamento)
  • Extração de dados-chave (por exemplo, datas, valores, prazos)
  • Mapeamento da autuação relativamente a obrigações tributárias internas ou declarações anteriores

A IA agêntica também pode ser treinada para entender a linguagem e os formatos regulatórios locais, aplicar a lógica específica da jurisdição e encaminhar uma autuação para a equipe ou o sistema certo, acelerando os fluxos de trabalho.

Beardsley ressalta que a aceleração dos processos tributários pela IA agêntica será particularmente importante em jurisdições da Europa e da América do Sul, onde já ocorre o processamento de impostos quase em tempo real.

2

Capítulo 2

A comunicação clara entre agentes é a chave para o sucesso da IA agêntica em impostos

A comunicação transparente entre agentes ajuda a IA a se integrar às equipes de impostos, permitindo o compartilhamento de dados, o suporte à auditoria e a tomada de decisão mais rápida, tudo em um formato que os profissionais da área de impostos possam entender facilmente.

A comunicação eficaz entre agentes, que seja transparente e facilmente compreendida pelos profissionais da área de impostos, será fundamental para a implantação bem-sucedida de equipes agênticas nessa área. Para que a tecnologia seja perfeitamente integrada às operações fiscais, é preciso não somente que as informações fluam livremente entre os agentes, mas também que os profissionais sejam capazes de acompanhar as atividades dos agentes, entender o que eles estão fazendo e validá-las com rapidez e facilidade.
 

As abordagens centradas no computador, como as APIs, podem ser formas rápidas e eficazes de comunicação entre os agentes, mas são muito prescritivas e não são imediatamente acessíveis pelos profissionais de impostos. A comunicação por e-mail e chat entre agentes, por outro lado, pode ser mais lenta e parecer contraintuitiva, mas os profissionais de impostos têm facilidade para analisar esses canais centrados nos humanos.
 

Chris Aiken, Principal de Tax & Technology da Ernst & Young LLP, explica que sua equipe tem explorado essa abordagem, permitindo que os agentes de IA de impostos da EY se comuniquem com os agentes dos departamentos fiscais dos clientes usando o Copilot via Microsoft Teams. Uma das funções dos agentes da EY é solicitar dados para embasar as posições fiscais durante a auditoria.

Aiken destaca a crescente demanda por relatórios fiscais quase em tempo real na América Latina e na UE como outro caso de uso potencial para a comunicação entre agentes. Ele prevê que haverá um momento em que o contribuinte e a autoridade fiscal usarão agentes de IA padronizados em vez de APIs altamente configuradas para solicitar e fornecer dados. "O problema com as chamadas de API é que elas são muito rígidas", diz Aiken. "Se houver ambiguidade, elas simplesmente não funcionam. Os agentes de IA, no entanto, seriam particularmente eficazes para lidar com circunstâncias imprevistas e casos em que há dados fiscais incompletos ou inconsistentes."

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Capítulo 3

Superação das barreiras reais à IA agêntica na área de impostos

A adoção da IA agêntica na área de impostos tem menos a ver com obstáculos tecnológicos e mais com a superação de silos de dados, complexidade regulatória, riscos éticos e desenvolvimento de uma mentalidade estratégica centrada no ser humano.

Aiken e Campbell deixam claro que os desafios tecnológicos associados ao desenvolvimento da IA agêntica e às comunicações entre agentes serão relativamente simples de superar. No entanto, as barreiras à adoção causadas por silos de dados internos, conformidade regulatória, ética e a capacidade de a organização confiar na tecnologia e integrá-la efetivamente podem ser mais desafiadoras.

Os silos de dados internos estão limitando o desempenho da IA. A IA agêntica evolui com a capacidade de acessar e analisar grandes volumes de dados estruturados e não estruturados em todas as unidades de negócios. No entanto, os dados relevantes para impostos geralmente estão dispersos em sistemas ERP, planilhas e bancos de dados locais diferentes, cada um com seu próprio formato e nível de acessibilidade. Sem uma arquitetura de dados unificada e colaboração multifuncional, os departamentos fiscais têm dificuldade para fornecer aos agentes de IA as informações necessárias para raciocinar com eficiência e agregar valor.

"No momento, temos esse enorme motor V12 na forma de IA agêntica", diz Campbell. "Ele é incrivelmente poderoso e está pronto para funcionar, mas o fornecimento de combustível pela área de impostos é lento e o motor da IA está falhando. Precisamos abrir os canais de dados para que a IA agêntica possa atingir todo o seu potencial."

dos líderes seniores reconhecem que há uma lacuna em suas capacidades e acreditam que a adoção da IA aceleraria se eles tivessem uma infraestrutura de dados mais robusta.
dos líderes seniores admitem que a falta de infraestrutura está impedindo a adoção da IA.

A conformidade regulatória representa outro desafio complexo. Os departamentos fiscais estão constantemente aderindo às mudanças na legislação tributária global e cumprindo as obrigações de declaração e os requisitos de divulgação. Embora a IA agêntica possa ajudar a monitorar e interpretar essas mudanças, as empresas devem garantir que todos os insights orientados por IA estejam alinhados com as estruturas jurídicas locais. As equipes de conformidade também devem validar se os resultados da IA agêntica atendem aos padrões de auditabilidade exigidos pelas autoridades fiscais, adicionando outra camada de escrutínio e controle à implantação da IA.

As implicações éticas da IA na tomada de decisão não podem ser ignoradas. Os sistemas de IA agêntica que operam com um alto grau de autonomia devem ser projetados com salvaguardas para evitar consequências não intencionais , como avaliações de risco tendenciosas ou posições fiscais não transparentes. Sem estruturas claras de supervisão e governança, as organizações podem estar expostas ao riscos de reputação e/ou punição regulatória. O estabelecimento de diretrizes éticas e estruturas de prestação de contas é essencial antes de conceder aos sistemas de IA maior independência nas atividades de cálculo de imposto ou de conformidade.

Criar confiança na IA agêntica é igualmente fundamental. Os profissionais da área de impostos e os stakeholders devem cofiar não apenas no resultado da tecnologia, mas também em sua capacidade de explicar como as decisões são tomadas. Muitos sistemas de IA existentes operam como "caixas pretas", oferecendo pouca visibilidade da lógica por trás das recomendações. Para superar essa barreira, as organizações devem priorizar a explicabilidade e incorporar abordagens que envolvam humanos e que combinem a eficiência da IA com a supervisão de profissionais de impostos experientes.

No momento, temos esse enorme motor V12 na forma de IA agêntica. Ele é incrivelmente poderoso e está pronto para funcionar, mas o fornecimento de combustível pela área de impostos é lento e o motor da IA está falhando.

A prontidão e a mentalidade da organização têm um papel importante na adoção. A IA agêntica exige mais do que apenas uma infraestrutura técnica. Ela exige uma mudança cultural. Os departamentos fiscais devem evoluir do foco em conformidade para se tornarem consultores estratégicos e orientados por dados. Essa evolução depende da capacitação de talentos, da redefinição de funções e da promoção da colaboração com TI, jurídico e financeiro. Para que a IA agêntica seja bem-sucedida, ela deve ser adotada não apenas como uma ferramenta, mas como um recurso transformador incorporado à abordagem fiscal mais ampla.

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Capítulo 4

IA agêntica centrada no ser humano: capacitar, e não substituir, as equipes de impostos

A IA agêntica aumenta a produtividade da área de impostos por meio da automação de tarefas complexas, mas somente atinge seu potencial se orientada por insight humano, supervisão ética e foco em trabalho estratégico e de alto valor.

Com a IA agêntica remodelando o cenário tributário, a adoção bem-sucedida pelas áreas de impostos dependerá, em última análise, de seu alinhamento com o insight, a supervisão e os objetivos dos humanos. Embora a  tecnologia tenha o potencial de automatizar tarefas complexas de impostos, responder a mudanças e até mesmo tomar decisões, seu maior potencial está em liberar os profissionais para se concentrarem em atividades estratégicas de alto valor. Ao integrar a IA agêntica na área de impostos, sob orientação do conhecimento humano e da governança ética, as organizações entrarão em uma nova era de produtividade e precisão.

A IA agêntica deve ser vista não como uma substituta das pessoas, mas como um colaborador inteligente, que complementa o julgamento, a criatividade e a compreensão contextual dos profissionais de impostos. Os primeiros usuários já estão construindo essa parceria ao incorporar explicabilidade, responsabilidade e transparência em suas estratégias de IA. Ao priorizar a confiança, a auditabilidade e a tomada de decisão por humanos, as áreas de impostos pioneiras buscam assegurar que a IA melhore a integridade de seu trabalho, em vez de causar disrupção.

Afinal, o futuro da IA agêntica em impostos não está centrado apenas na tecnologia, mas também no ser humano. As organizações que serão líderes nesse âmbito verão a IA como um meio de elevar a capacidade humana, e não de eliminá-la. Ao projetar sistemas que elevam a capacidade dos profissionais da área de impostos, promovem a colaboração e colocam as pessoas no centro, os líderes de impostos estarão garantindo que sua área não seja apenas mais inteligente e rápida, mas também mais resiliente, ética e pronta para o futuro.

Sumário

A IA agêntica está remodelando rapidamente a área de impostos, oferecendo a possibilidade de automatizar processos complexos, melhorar a precisão e aumentar a produtividade. Diferentemente da automação tradicional, a IA agêntica se adapta a novas informações e colabora com equipes humanas. Ela se destaca em tarefas como categorização de produtos para o imposto sobre bens e serviços e reformatação de balancetes, e o trabalho de equipe agêntica permite a automação de processos fiscais de ponta a ponta. No entanto, há ainda alguns desafios, especialmente com relação a silos de dados, conformidade e confiança, sendo que seu sucesso depende de uma abordagem que envolva humanos. As organizações que integram a IA com supervisão ética e julgamento por especialistas terão uma vantagem estratégica e garantirão que suas áreas de impostos estejam preparadas para o futuro.


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