Reforma Tributária e fisco digital: como a IA revoluciona o outsourcing

Pesquisa global da EY mostra reviravolta na adoção de IAGen nas áreas fiscais e financeiras em um ano; terceirizar a operação libera equipes de instituições do setor para focar em novas fronteiras tecnológicas, como a computação quântica

Por Diego Vargas, sócio de impostos da EY Brasil, e Ana Lourenço, FSO Market Segment Leader and FSO Tax Deputy

Em resumo

• 87% dos líderes acreditam que a Gen AI aumentará a eficácia da função tributária – a EY tem sua IA proprietária, oferecendo mais segurança para os clientes.
• 71% das empresas são impactadas pela diminuição de novos profissionais entrando na profissão contábil.
• 30% de redução de custos com outsourcing de operacional fiscal e financeiro com a EY, na média global, com benefícios maiores percebidos pelos clientes no Brasil.

Encontrar oportunidades de otimização e superar desafios de eficiência nas operações da área tributária e financeira está no topo das prioridades das organizações – especialmente no Brasil, com a Reforma Tributária em curso. Com o avanço da adoção da Inteligência Artificial Generativa (IAGen) e novas regulamentações globais, a EY 2024 Tax and Finance Operations Survey traz insights valiosos para entender as adaptações necessárias.

A pesquisa revela que 87% dos profissionais de impostos e finanças acreditam que a Gen AI trará mais eficácia e eficiência às suas funções. Este otimismo representa uma mudança significativa em comparação com a pesquisa anterior, realizada em 2023, quando apenas 15% esperavam um impacto da tecnologia. 

Ao todo, a pesquisa ouviu 1.600 líderes de 32 países e 18 setores, sendo 444 profissionais do setor financeiro — Bancos e Mercado de Capitais; Seguros; Gestão de Patrimônio e Ativos; Imóveis e Capital Privado (Banking & Capital Markets; Insurance; Wealth & Asset Management; Real Estate e Private Equity). Cinco descobertas principais da pesquisa refletem os desafios e tendências nas operações de impostos e finanças das empresas:

        1. Custos como dificuldade principal

Pela primeira vez, o custo foi identificado como o maior obstáculo para alcançar o propósito e a visão de uma operação moderna de impostos e finanças. Isso indica que a gestão de despesas se tornou crítica.

        2. IA Generativa (Gen AI), um ponto positivo

Há uma forte crença de que a Inteligência Artificial Generativa (Gen AI) trará benefícios significativos às funções tributárias, aumentando sua eficácia para solucionar desafios operacionais.

         3. Talentos em falta

A escassez de talentos se aproxima a níveis críticos. Com menos pessoas ingressando na profissão contábil e muitos profissionais se aposentando, as empresas estão abrindo mão da exigência de diploma universitário, sinalizando o foco em habilidades, e estratégias para atrair e reter talentos.

         4. Legislação e Regulamentação em foco

Exigências mais rigorosas atualizadas constantemente evidenciam a complexidade do ambiente regulatório global. Como o arquivamento digital em tempo real de impostos, BEPS (Erosão da Base e Transferência de Lucros) e divulgações voluntárias de erros passados.

         5. Transformações e Co-sourcing em ação

Muitas empresas estão reformulando seus modelos de impostos e finanças, com algumas planejando adotar o co-sourcing nos próximos dois anos. A tendência é delegar tarefas operacionais a parceiros, a partir de estratégias trabalhadas em conjunto com a liderança.

Esses achados apontam para um momento de transição, no qual tecnologia, talento e regulamentação moldam as estratégias corporativas. Embora a Gen IA não resolva todos esses desafios, a maioria das empresas agora acredita que ela terá um impacto significativo. A tecnologia pode ajudar a redefinir a configuração de uma área tributária e financeira moderna, mas exige investimentos significativos e governança humana. 

O cenário brasileiro no setor de outsourcing

Nos últimos cinco anos, a EY se manteve líder global entre as Big Four em serviços de co-sourcing para impostos e relatórios estatutários, conforme mostra a pesquisa. A área de Tax and Finance Operate (TFO) no Brasil surgiu para atender à demanda de uma grande instituição financeira estrangeira que buscava terceirizar sua operação fiscal, confiando à EY a missão de gerenciar as exigências específicas do setor financeiro brasileiro com maior eficiência.

Desde então, oferecemos o modelo de co-sourcing e outsourcing de funções fiscais e financeiras, ajudando a aumentar a eficiência operacional dos clientes. A terceirização completa tem sido o modelo preferido dos clientes da EY. 

O outsourcing é especialmente atraente para instituições financeiras que buscam reduzir gastos de capital em sistemas, licenças e infraestrutura, já que esses custos são absorvidos pela EY e distribuídos por sua carteira de clientes. Nosso time gerencia funções críticas de back-office – incluindo contabilidade, tesouraria, folha de pagamento, conformidade e conciliação tributária.

Assim, permitimos que as empresas aloquem suas equipes internas, antes dedicadas a processos rotineiros, para prioridades estratégicas, e tarefas mais conectadas a seus clientes e à expertise de seu negócio, como o aperfeiçoar e lançar produtos e serviços, bem como a introdução de tecnologias disruptivas, como a computação quântica.

Neste sentido, muitos clientes passaram a priorizar a escolha da EY como sua parceira de back-office financeiro e tributário, e contratam outras empresas para fazerem as auditorias que necessitam, pois seguimos o princípio da independência.

O Brasil, reconhecido mundialmente pelo seu sistema bancário dotado de tecnologia de vanguarda e por sua complexidade tributária, já possui um ambiente fiscal altamente digital, com a emissão de nota fiscal eletrônica e o uso de SPED e E-Social. Ao mesmo tempo que essas características aceleram o trabalho, elas também permitem que inconsistências sejam rapidamente percebidas pelas autoridades.

Além disso, a IA minimiza erros, garantindo maior precisão em declarações fiscais e relatórios financeiros, o que é particularmente valioso em períodos de mudanças regulatórias.

Essa abordagem não apenas reduz riscos operacionais, mas também proporciona economias significativas, com estudos globais da EY indicando até 30% de redução de custos para clientes da TFO. No Brasil, essa otimização financeira é ampliada, considerando as complexas regulamentações trabalhistas e de encargos sociais, onde a terceirização transforma custos fixos com funcionários em despesas dedutíveis de serviços.

Fisco Digital e a Reforma Tributária 

Uma vantagem essencial da estrutura robusta de nossa área de TFO é a capacidade de mitigar riscos associados à conformidade regulatória. A expertise global da EY é adaptada à realidade local das exigências da Receita Federal, Prefeituras e fiscos estaduais, e somada às habilidades avançadas de nossos profissionais e nossas ferramentas proprietárias, como a EYQ, nossa plataforma de Gen IA.

Dessa forma, os clientes se beneficiam de maior precisão e rapidez no processamento de grandes volumes de dados fiscais e financeiros, bem como análises de caixas postais eletrônicas junto às autoridades. O processo automatizado e potencializado por IA permite uma análise mais eficiente e assertiva, além de uma comunicação mais tempestiva entre nosso time e as equipes dos clientes. Tal eficiência é essencial no Brasil, onde as empresas precisam navegar por um ambiente tributário digital sofisticado.

A Reforma Tributária em curso cria um sistema paralelo de apuração de tributos que pode perdurar até sete anos, o que aumentará significativamente a complexidade de se estar em conformidade. Neste contexto, as empresas e instituições financeiras são desafiadas a manter sua eficiência operacional enquanto se adaptam a dois regimes tributários simultâneos.

Nossas equipes estão bem-posicionadas para apoiar os clientes nessa transição, oferecendo soluções integradas que combinam capacidades atuais de conformidade tributária com estratégias voltadas para as novas exigências. O planejamento proativo, incluindo a modelagem de impactos financeiros e orçamentários, é essencial para minimizar riscos e otimizar o fluxo de caixa durante esse período de adaptações e atualizações.