Poucos mercados passaram nos últimos anos por transformações tão intensas quanto o financeiro, com o surgimento de inovações como PIX e Open Finance. Na dianteira dessas mudanças estão as fintechs de crédito, como a Creditas, fundada pelo espanhol Sergio Furio, empreendedor homenageado na categoria Master da edição deste ano do EOY – Empreendedor do Ano. “Desde o início, o objetivo definido por nosso negócio foi impulsionar o crédito per capita no Brasil. Para isso, criamos um produto totalmente digital focado em entregar mais crédito por meio da popularização do uso de colateral [ativo dado em garantia pelo devedor para o credor] nos empréstimos”, disse.
Confira abaixo a entrevista na íntegra.
1) Qual é a contribuição da Creditas para a democratização do acesso a serviços financeiros no Brasil?
SERGIO: O Brasil é um mercado robusto e desenvolvido quando comparado a outros países da América Latina. Esse movimento veio de forma relativamente ineficiente por meio do crédito chamado de clean, do crédito sem colateral, que se manifesta por meio de três subprodutos: rotativo do cartão de crédito, cheque especial e empréstimo pessoal. As características em comum desse tipo de crédito são prazo curto para pagamento, o que consome muito o orçamento mensal das famílias, e juros altos. Também por esse motivo, ao olhar para o crédito per capita, comparando com os mercados desenvolvidos, o Brasil está 20 vezes abaixo do nível que poderia estar.
Foi nesse contexto que decidimos criar um produto totalmente digital focado em entregar mais crédito por meio da popularização do uso de colateral – ativo dado pelo devedor para o credor como garantia pelo empréstimo contratado. A utilização de colaterais, como um veículo, resulta no alongamento do prazo para pagamento da dívida e redução da taxa de juros cobrada na operação pelo credor.
Ao fazer isso, é possível elevar o valor do empréstimo concedido, o que aumenta o volume de crédito per capita. A grande oportunidade do Brasil é aumentar a qualidade do crédito concedido, permitindo aos devedores fazer mais com os recursos obtidos, e os colaterais podem contribuir para esse cenário.
2) O que significa ser homenageado no EOY deste ano? Qual é a relevância desse reconhecimento para você?
SERGIO: É uma honra estar entre os homenageados. A EY tem feito um excelente trabalho ao longo dos anos para fomentar no país a cultura empreendedora, com valores muito claros e estímulo à troca de experiências e de informações. Faz 12 anos que estou no Brasil empreendendo e considero que o cenário mudou bastante, com a consolidação de um espírito empreendedor.
Precisamos cada vez mais de empreendedores que não querem parar, que desejam seguir com sua empresa, mudando seus mercados e criando legados em uma economia que ainda tem muito espaço para crescer.
3) De que forma as fintechs têm contribuído para as inovações recentes no sistema financeiro como o Open Finance?
SERGIO: O Open Finance está em processo de implementação. Um dos seus objetivos atualmente é pegar tração, e isso só vai acontecer se convencer o consumidor a aderir a essa inovação, por meio do compartilhamento dos dados financeiros. As fintechs se destacam nesse estímulo à adesão ao Open Finance porque demonstram na prática os benefícios dessa iniciativa, como melhorar as chances de obter crédito, por meio de uma avaliação mais precisa e completa do risco de crédito. Nossa expectativa é que, em breve, o Open Finance possa ser a nova plataforma de portabilidade de crédito, o que vai estimular a concorrência também nesse mercado.
O que temos visto de forma geral é a busca incessante do Banco Central por inovação. Foi muito relevante alguns anos atrás a criação das SCDs (Sociedades de Crédito Direto) e das SEPs (Sociedades de Empréstimo entre Pessoas) como parte da regulamentação do mercado de fintechs de crédito, trazendo novas possibilidades de atuação que vão além do modelo de correspondente bancário. Há cada vez menos diferenças, aliás, entre bancos e fintechs, que estão centrados no cliente para oferecer experiências personalizadas inseridas nas novas possibilidades tecnológicas.
Edição 2024 do EOY
Idealizado e promovido pela EY desde 1998 no Brasil, o programa Empreendedor do Ano reconhece líderes empresariais de setores e mercados distintos que, com sua visão de futuro, têm algo em comum: a vontade de transformar a realidade do país, deixando seu legado e contribuindo para a construção de um mundo de negócios melhor. Saiba mais no site do EOY e inscreva-se aqui para participar da próxima edição, a de número 28.
Este conteúdo faz parte da série da Agência EY com representantes homenageados da edição 2024 do programa EOY - Empreendedor do Ano. Leia abaixo as entrevistas anteriores.
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