As empresas brasileiras devem enfrentar um cenário complexo nos próximos anos com desafios diretamente ligados à gestão da cadeia de suprimentos. Essa análise, que faz parte do estudo “Assuntos relevantes para Comitês de Auditoria”, produzido pela EY, está baseada em projeções que indicam redução do crescimento econômico em várias regiões emergentes, como América Latina e Caribe, e desaceleração na Ásia Oriental e no Pacífico por causa do crescimento moderado da China. Esse cenário, na visão do estudo, pode se traduzir em riscos na cadeia de suprimentos para empresas com operações globais e regionalizadas no Brasil e na América Latina.
A desaceleração econômica global pode pressionar as empresas a buscar eficiência por meio da digitalização, o que requer uma avaliação e engajamento cuidadosos dos fornecedores para garantir a continuidade e a resiliência da cadeia de suprimentos. Além disso, ainda segundo o estudo, a crescente dependência de tecnologias digitais em resposta à desaceleração econômica aumenta a exposição ao risco de cibercrime, exigindo que as empresas fortaleçam suas defesas cibernéticas, e isso inclui terceiros e demais elos da cadeia de suprimentos.
Há, ainda, a influência das mudanças climáticas e da escassez de recursos, exacerbada por uma economia global em desaceleração, o que traz a necessidade de planejamento da cadeia de suprimentos que considere os riscos climáticos. Também é preciso que as empresas estejam atentas ao trabalho análogo à escravidão. Em regiões onde a fiscalização e as proteções legais são limitadas, há um risco significativo de que trabalhadores sejam submetidos a essas condições.
Isso pode incluir jornadas extenuantes; ausência de remuneração ou abaixo do mínimo legal; restrição de liberdade; dívidas forçadas e outras formas de coação. Essas práticas não apenas violam os direitos humanos fundamentais, mas também expõem as empresas a riscos legais, reputacionais e operacionais, considerando terceiros e todos os elos de sua cadeia de suprimentos.
Abordagem dos riscos
As estratégias de cadeia de suprimentos devem ser adaptadas, ainda de acordo com o estudo da EY, para abordar os riscos globais em um nível local, especialmente em face da volatilidade econômica e das prováveis alterações nas políticas comerciais. As mudanças nas dinâmicas de migração e nas demandas dos consumidores, impulsionadas por fatores econômicos e demográficos, podem levar a realocações na cadeia de suprimentos e à necessidade de adaptação às novas realidades do mercado.
Por fim, em um ambiente de incerteza econômica, a transparência na cadeia de suprimentos torna-se ainda mais crítica para mitigar riscos e responder às mudanças nas regulamentações e expectativas dos stakeholders. Diante desses desafios, na visão do estudo, as empresas brasileiras com operações globais e regionalizadas precisam desenvolver estratégias para identificar, avaliar e gerenciar os riscos da cadeia de suprimentos. A integração de tecnologias avançadas, a colaboração estreita com fornecedores, a transparência e a sustentabilidade devem ser componentes-chave dessas estratégias para favorecer a continuidade dos negócios e fortalecer a vantagem competitiva em um mundo em transformação.