A NRF, que ocorreu em janeiro nos Estados Unidos, é o maior evento de varejo do mundo e com a maior participação da liderança desse setor. Nós, brasileiros, não somente marcamos presença como também somos geradores de conteúdos relevantes.
Quando analisamos o estudo Future Consumer Index (FCI), elaborado pela EY, vemos correlações com as perspectivas do varejo apresentadas na NRF 2025, como a criação de marcas próprias, movimento conhecido no mercado pelo termo “private labels”, que tem se tornado cada vez mais forte. O estudo da EY, que ouviu mais de 23 mil pessoas em 30 países, aponta que 62% dos brasileiros dizem que as marcas próprias satisfazem suas necessidades tão bem quanto os produtos de marca, e 32% afirmam que estão felizes em comprar produtos que imitam marcas populares ou de alto padrão.
Vemos também consumidores diferentes, mais abertos a opções e exigentes, forçando mudanças na forma que as empresas se relacionam com eles e, por fim, na cultura, que é o tecido conector de tudo e catalisador das mudanças. Muito disso é causado pelas incertezas econômicas, pressões inflacionárias e mudanças climáticas como as principais causas para os consumidores mudarem seus padrões de consumo e de gastos. Sobre isso, o levantamento mostra que 81% dos entrevistados brasileiros afirmam que estão mais focados na relação custo-benefício, e 64% dizem que são mais propensos a consertar as coisas do que substituí-las.
IA em alta e resiliência das cadeias de suprimento
Ficou claro na NRF 2025 que a inteligência artificial já está presente, pode não ser ainda uniforme, mas já é uma realidade, seja visível ou não para todos nós. A grande questão para as empresas é como começar para que, como em outras revoluções tecnológicas, não se criem limitações ao crescimento e à flexibilidade no futuro.
A resiliência das cadeias de suprimento continua sendo chave para o sucesso. Hoje com a realidade de diversas gerações como clientes, com diferentes comportamentos, cada vez mais se faz necessário atender às necessidades individuais, seja na oferta e, principalmente, na entrega do que se propõe. O objetivo deve ser não apenas buscar o resultado imediato de uma positivação de venda, mas principalmente proteger a relação com o cliente, reduzindo as chances de ele experimentar a concorrência.
Conhecimento do consumidor e cultura corporativa
Mesmo com toda a complexidade atual, a necessidade ainda é simples, especialmente para alguns subsegmentos, como alimentar e farmacêutico. O conhecimento do consumidor e a maturidade na relação com ele, bem como a confiança na cadeia de suprimentos, são ainda mais críticos, mas existem formas de construir essa ponte entre a empresa e o cliente. O mailing das varejistas é um dos caminhos para fortalecer esse relacionamento. O FCI apontou que 48% dos brasileiros que se inscreveram no mailing de uma varejista fizeram isso em troca de desconto/voucher.
Por fim, como fator imprescindível para o sucesso no varejo, temos a cultura corporativa. Esse tema está sempre presente no varejo por causa do alto nível de capital humano envolvido na operação. Os mesmos desafios encontrados para encantar o cliente também são enfrentados para encantar o colaborador – em alguns casos, até maiores. Como se preparar para essa realidade? Quais habilidades e características as empresas necessitam criar, evoluir e, em muitos casos, eliminar para se manterem atrativas e competitivas? Uma coisa é certa: a frase “fazer o básico bem feito” é muito utilizada pelo varejo no Brasil e nunca foi tão importante e, ao mesmo tempo, tão desafiadora.
*Esta é uma versão adaptada do artigo publicado inicialmente no Meio e Mensagem.