Déficit público no Brasil aumenta pessimismo dos CEOs com cenário local

07 abr. 2025

Estudo da EY-Parthenon aponta que 36% desses executivos estão muito pessimistas com os próximos 12 meses, um aumento de 16 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, enquanto os muito otimistas saíram de 44% para 28% agora

Mais de três a cada dez CEOs (36%) de empresas atuantes no Brasil estão muito pessimistas com o cenário local para os próximos 12 meses, aponta o mais recente estudo da EY-Parthenon com esses executivos. Na comparação com a edição anterior, de setembro de 2024, houve aumento de 16 pontos percentuais nessa percepção negativa em relação às condições econômicas e de mercado do país. O índice é o mais alto entre todas as percepções mensuradas. Os respondentes que dizem estar muito otimistas saíram de 44% em setembro para 28% agora – uma queda de 16 pontos percentuais. Já aqueles que afirmam estar um pouco otimistas foram de 22% na última edição para 20% agora. Na amostra brasileira, foram entrevistados, entre novembro e dezembro do ano passado, 50 CEOs de indústrias como de serviços financeiros; consumo e saúde; energia; infraestrutura; e tecnologia, mídia e telecomunicações.

"Essa pesquisa capturou o momento de fortes discussões sobre a capacidade insuficiente até aqui de resposta do governo ao déficit fiscal, o que se traduziu na valorização expressiva do dólar ante o real em dezembro do ano passado", diz Leandro Berbert, sócio de Estratégia e Transações da EY Brasil. "Há uma perspectiva de juros ainda mais altos, com o Banco Central indicando esse movimento de alta na Selic por meio das atas do Comitê de Política Monetária, o que traz mais apreensão para esses executivos, minando seu otimismo com o futuro", completa.

Em relação ao cenário global, a situação não é diferente, ainda segundo o estudo, com 38% dos respondentes muito pessimistas com esse mesmo período dos próximos 12 meses. Trata-se de uma alta de 16 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, que pode ser creditada a fatores como recrudescimento da volatilidade na geopolítica e incerteza política observada em muitos países relevantes para a economia global. "Ainda que houvesse, no momento da realização das entrevistas do estudo, a expectativa de vitória do Trump, não dá para dizer que esses resultados capturados pela pesquisa são explicados pela imposição das tarifas sobre importação, já que ainda não havia a confirmação de sua eleição. As próximas edições do estudo devem trazer a preocupação com o protecionismo do governo Trump", explica Berbert.

Com o pessimismo predominando em relação aos cenários local e global, não poderia ser diferente com as perspectivas dos CEOs em relação aos setores de atuação das suas empresas para os próximos 12 meses. A diminuição de muito otimistas foi forte, com queda de 26 pontos percentuais em relação a setembro. Somente 22% dizem agora estar muito otimistas. Já a percepção “um pouco pessimista” subiu para 18% (aumento de 12 pontos percentuais) e "muito pessimista" chegou a 20%.

Inflação é fator de preocupação

O levantamento se aprofundou para entender como os CEOs que atuam no Brasil estão se sentindo em relação a fatores específicos do negócio. Quando perguntados sobre como veem o custo de fazer negócios nos próximos 12 meses, 30% dizem estar muito pessimistas – contra 22% em setembro de 2024. 

Ainda em relação a esse ponto, 18% afirmam estar muito otimistas – contra 24% na última edição. Sobre repassar o aumento dos custos para os clientes/consumidores, 32% dizem estar um pouco pessimistas sobre essa possibilidade – o dobro da porcentagem registrada em setembro de 2024. "Essas duas dimensões abarcadas pelo estudo refletem o receio da persistência do cenário de aumento da inflação. Esse movimento tem ocorrido não apenas no Brasil como em muitos países, forçando a autoridade monetária a elevar os juros", analisa Berbert.

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