Ascensão do microcrédito no Brasil demonstra fortalecimento do S, do ESG

16 jun 2025

Iniciativas públicas, como o Crediamigo, do Banco do Nordeste, e privadas, como o Prospera Microfinanças, do Santander, contribuem para a inclusão financeira e social de milhões de brasileiros

A sustentabilidade ambiental é também uma agenda de pessoas, motivo pelo qual não dá para dissociar o E do S. “Os dois precisam caminhar lado a lado. Essa situação fica mais evidente na região amazônica, onde é preciso criar uma fonte de renda para que as comunidades possam retirar seu sustento. Somente assim, haverá estímulo suficiente para que a floresta seja mantida em pé”, disse Rafael Schur, sócio da EY e líder do segmento de mercado de serviços financeiros para o Brasil, em painel realizado pela EY na Febraban Tech. Nesse contexto, o microcrédito tem se destacado, com iniciativas públicas e privadas que impulsionam os pequenos negócios. “O microcrédito traz inclusão financeira, que é um dos indicadores de sustentabilidade reconhecidos pelo SASB (Sustainability Accounting Standards Board). As instituições financeiras, conforme demonstra nosso estudo Long Term Value (LTV), têm evoluído no reporte das iniciativas ligadas ao S, embora estejam muito mais avançadas naquelas ligadas ao E, do ESG”, completou Schur.

Para Alex Del Giglio, secretário da Secretaria da Fazenda do Amazonas, que também participou do painel, o microcrédito tem enorme relevância para incluir economicamente as pessoas, ainda mais em países de desigualdade social como o Brasil. “Ainda que esse tema já tenha mais de 30 anos no país, só conseguimos avançar realmente com a estabilização da moeda trazida pelo Plano Real”, observou. As iniciativas públicas, ainda segundo Del Giglio, predominam em relação às privadas, com os recursos emprestados a quem está à margem do sistema financeiro tradicional. 

O isolamento geográfico de muitas comunidades na Amazônia dificulta a atividade produtiva, o que torna essa possibilidade do microcrédito indispensável para a economia local. “São pessoas que atuam na informalidade e que não têm histórico de crédito, trazendo dificuldades às instituições financeiras para identificar quem é bom ou mau pagador”, explicou. “Já é possível, no entanto, usar técnicas de inteligência artificial e machine learning para identificar bons tomadores de crédito”, completou.

Mais de R$ 20 bilhões emprestados

Já Fernando Gomes da Hora, CEO do Prospera Microfinanças, do Santander Brasil, destacou que essa iniciativa do banco, a segunda maior do país, já emprestou mais de R$ 20 bilhões em microcrédito. “Há uma convicção do nosso acionista de que esse assunto é importante para a companhia. No comitê de sustentabilidade, falamos muito sobre microcrédito. O Prospera, que é nossa atividade de microcrédito, representa o pilar do S, do ESG, não apenas no Brasil, como em escala global no grupo”.

Ainda segundo o executivo, se a inclusão financeira não ocorrer, se essas pessoas não empreenderem nas suas comunidades, elas ficam literalmente sem comer. “O empreendedorismo é por necessidade, não havendo outra alternativa. O microcrédito dá início a uma atividade produtiva que fará a diferença para essas pessoas”, finalizou.

Foco no CadÚnico

Por fim, Alison Ramon Santos e Silva, diretor do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, que também esteve no painel, destacou o programa do Banco do Nordeste chamado Crediamigo, considerado o maior da América do Sul. “O foco é nos cadastrados no CadÚnico, que representam quase 70% do público do microcrédito do país. “O programa faz parte da inclusão social desses brasileiros. São muitos exemplos de ex-beneficiários do Bolsa Família que deixaram de necessitar desse auxílio depois de empreender com financiamento do microcrédito”, disse. 

As operações de microcrédito do Banco do Nordeste por meio do Crediamigo superaram neste ano os R$ 3 bilhões em março. Em 2024, o volume de empréstimos atingiu a marca de R$ 12 bilhões. Esses números demonstram, na avaliação dos palestrantes, o quanto esse mercado está aquecido, trazendo boas perspectivas para os empreendedores e, por consequência, para a economia brasileira.

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