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Corporate Venture Capital no Brasil: menos apostas, mais estratégia

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No dinâmico ecossistema de inovação brasileiro, o investimento corporativo em startups passou por uma importante transformação em 2024. Em vez de desacelerar frente aos desafios econômicos, as empresas adotaram uma postura mais seletiva, estratégica e alinhada a seus objetivos de longo prazo. É o que revela a terceira edição do relatório "Corporate investments in the Brazilian ecosystem – 2024 in review", produzido pela Sling Hub com apoio da EY e parceiros como Alya Ventures e ABCVC.


CVC: de radar de inovação a bússola estratégica

O relatório mostra que o Corporate Venture Capital (CVC) no Brasil está amadurecendo. Em 2024, embora o número de rodadas com participação de empresas tenha caído 31% em relação a 2023, o volume de capital aportado aumentou 20%, indicando mais foco e convicção nas decisões de investimento.

Essa nova postura reflete um CVC mais estratégico, que busca não apenas retorno financeiro, mas proximidade com tecnologias emergentes, como inteligência artificial, e conexão com soluções capazes de transformar cadeias de valor inteiras. Como destaca Pablo Sola, da EY, o CVC deixou de ser apenas um radar e passou a ser uma bússola: orienta a tomada de decisões e posiciona empresas para um crescimento sustentável.

O cenário em números

  • 32% do volume total investido em startups em 2024 teve participação corporativa (US$ 2,6 bilhões)
  • O número de investidores corporativos foi de 52, com destaque para empresas como Vivo, B3 e SoftBank
  • 79% dos aportes ocorreram em startups de setores distintos ao da corporação investidora, indicando uma busca deliberada por inovação fora do core business
  • A região Sudeste concentrou 79% das startups investidas

Além disso, observa-se uma polarização: os investimentos se concentram em dois extremos — rodadas de até US$ 1 milhão (early-stage) e entre US$ 10 e 50 milhões (scale-ups validadas), revelando uma atuação combinada de experimentação e aceleração.

Desafios e oportunidades

Apesar da evolução, o relatório aponta entraves ainda presentes, como a dificuldade de integrar inovações ao core do negócio, definir teses claras de investimento e medir o impacto real das iniciativas.

Contudo, quando bem estruturado, o CVC permite que empresas ganhem agilidade estratégica, aprendam com o ecossistema de startups e avancem em direção à inovação com impacto real.

Como resume Cássio Spina, cofundador da Alya Ventures, “falhas acontecem rápido, sucessos levam tempo” — e é justamente esse horizonte de longo prazo que define os players mais bem-sucedidos nesse novo ciclo.

Clique aqui para acessar o relatório completo

Resumo

O investimento corporativo em startups no Brasil ficou mais estratégico em 2024. Houve menos rodadas, mas mais capital aportado. O CVC amadurece e se firma como ferramenta para impulsionar inovação e competitividade.