De acordo com o Caderno de Governança para Startups & Scale-ups, o caminho de uma startup até a maturidade empresarial envolve quatro fases principais: ideação, validação, tração e escala. Cada uma exige diferentes níveis de estrutura e práticas de governança, considerando quatro pilares fundamentais: estratégia & sociedade, pessoas & recursos, tecnologia & propriedade intelectual, e processos & accountability.
A governança não deve ser vista como um conjunto de regras complexas e distantes, mas sim como uma ferramenta que ajuda a alinhar interesses, proteger a visão do negócio e criar bases sólidas para o crescimento.
Vamos explorar o que é essencial implementar em cada fase do ciclo de vida de uma startup, sem complicar, mas com foco no que realmente faz diferença.
1. Fase de Ideação: Construindo a Base da Confiança
Nesta fase embrionária, a startup está focada no desenvolvimento da ideia e na compreensão do problema que deseja resolver. O negócio ainda não possui atividade operacional formal, mas a sociedade entre os fundadores já existe de fato.
É aqui que muitas startups plantam as sementes do sucesso — ou do fracasso. O alinhamento entre os fundadores é fundamental. O que mais importa?
- Definir papéis e responsabilidades: Quem faz o quê? Ter clareza evita conflitos futuros.
- Estabelecer expectativas: Onde queremos chegar? Como vamos medir o sucesso?
- Proteger a propriedade intelectual: Quem é dono do quê?
Nessa fase, governança significa conversas abertas e documentos simples que formalizem esses acordos, como um Acordo de Sócios. Pode parecer cedo, mas isso traz segurança para todos.
2. Fase de Validação: Testando o Negócio, Estruturando a Empresa
Com o Produto Minimamente Viável (MVP) em mãos, o foco está em testar o mercado. A empresa já está formalizada e pode receber os primeiros aportes de terceiros.
Aqui, a governança começa a dar forma à empresa:
- Formalização da sociedade: Escolher o tipo societário e firmar um acordo de sócios claro.
- Gestão financeira básica: Controlar receitas e despesas desde o início previne problemas futuros.
- Alinhar relações com investidores e mentores: Transparência constrói credibilidade.
Controles internos simples e eficazes são essenciais, bem como o alinhamento entre todos os envolvidos quanto à direção do negócio.
3. Fase de Tração: Crescendo com Consistência
Com o produto validado e os primeiros clientes chegando, o desafio agora é crescer com consistência, mantendo os princípios da governança.
- Separar os papéis de sócio e executivo: Nem todo fundador precisa ser gestor. Profissionalizar é preciso.
- Criar um conselho consultivo: Conselheiros experientes agregam valor à tomada de decisão.
- Formalizar processos: Desde contratações até o controle de resultados.
A governança evolui com a empresa, trazendo disciplina sem sufocar a inovação.
4. Fase de Escala: Sustentando o Crescimento Acelerado
Agora, a empresa busca crescer rapidamente, expandindo suas operações sem elevar os custos na mesma proporção. A startup torna-se uma scale-up e a governança acompanha esse salto.
- Planejamento estratégico robusto: Revisões constantes garantem crescimento sustentável.
- Implantação de compliance e gestão de riscos: Crescer com controle é o desafio.
- Auditoria independente e transparência com stakeholders: Fortalecem a confiança do mercado.
Nesta etapa, a governança se torna uma vantagem competitiva e prepara a empresa para abrir capital, fusões ou aquisições.