Foto de baixo para cima de um prédio espelhado refletindo uma floresta

E se a Floresta Amazônica fosse uma corporação global?


Tópicos relacionados

Em Resumo

  • A COP16 tem 3 ações prioritárias: estabelecer um mecanismo multilateral para compartilhamento justo de benefícios na conservação da biodiversidade, abordar a lacuna de financiamento da biodiversidade e traduzir "O Plano de Biodiversidade" em planos de ação nacionais.
  • O desenvolvimento econômico deve ser perseguido de maneira compatível com a sustentabilidade ambiental para cumprir as obrigações internacionais.
  • As empresas estão sendo cada vez mais responsabilizadas por seus impactos ambientais e sociais, impulsionando a necessidade de práticas de negócios sustentáveis.

Enquanto a Floresta Amazônica enfrenta desafios complexos, a próxima conferência de biodiversidade, COP16, surge como um momento crítico para nações e corporações abordarem esses desafios. Imagine a Amazônia como uma corporação global, com Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa como seus principais acionistas. Reconhecida por sua biodiversidade e recursos naturais e seu papel crucial como reguladora do clima global, ela enfrenta riscos como degradação ambiental, perda de biodiversidade e pressões socioeconômicas da mineração e agricultura. No coração disso, um debate familiar: equilibrar a expansão econômica com a conservação ambiental.

Um estudo recente da Nature revela que 47% da Floresta Amazônica está sob estresse devido a vários fatores, incluindo o desmatamento impulsionado por atividades agrícolas. Essa destruição da floresta contribui significativamente para as emissões globais de gases de efeito estufa, conforme destacado no Relatório Especial do IPCC de 2019 sobre Mudanças Climáticas e Terra.

Encontrar o equilíbrio certo entre desenvolvimento econômico, conservação e bem-estar social é a responsabilidade das nações sob a Convenção sobre Diversidade Biológica. Através da Estrutura Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal – ou "O Plano de Biodiversidade" - os países concordaram com metas ambiciosas para implementar medidas até 2030 para transformar as interações da sociedade com a biodiversidade e alcançar uma visão compartilhada de coexistir harmoniosamente com a natureza até 2050, abrangendo 23 metas específicas.

Esta semana marcou o início de duas reuniões técnicas preparatórias para a COP16, a 26ª. Sessão do Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico, Técnico e Tecnológico (SBSTTA26), que aconteceu no Quênia, para avançar na implementação do Plano de Biodiversidade. Um ponto chave da agenda tem sido o desenvolvimento de um quadro robusto de monitoramento das metas estabelecidas, necessidades cientificas e técnicas dos países assim como temas de biologia sintética, biossegurança, biodiversidade e saúde humana. 

A COP16, a ser realizada em Cali, Colômbia em outubro, terá três ações prioritárias: concordar em operacionalizar o mecanismo multilateral para o compartilhamento justo e equitativo dos benefícios da Informação de Sequência Digital sobre recursos genéticos, incluindo um fundo global; abordar a lacuna de financiamento da biodiversidade de 700 bilhões de dólares por ano e traduzir "O Plano de Biodiversidade" em ação nacional. Na COP16, os países relatarão o progresso alcançado, incluindo ações específicas tomadas para conservar e gerenciar de forma sustentável a biodiversidade em suas Estratégias e Planos de Ação Nacionais de Biodiversidade e revisarão indicadores para medir a perda de biodiversidade.

"O Plano de Biodiversidade" é a primeira vez na história que ações visam especificamente o setor privado, reconhecendo seu papel fundamental na condução das mudanças necessárias no sistema de produção. Algumas das outras metas de biodiversidade para as empresas são sobre subsídios prejudiciais à biodiversidade; poluição; agricultura, pesca, consumo sustentável e desperdício de alimentos reduzidos pela metade.

À medida que o mundo se esforça para enfrentar os desafios interligados das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade, as sinergias entre o avanço econômico e a conservação ambiental nunca foram tão aparentes para as empresas. É por isso que a EY está perguntando a seus clientes: qual é a sua estratégia de capital natural?

As empresas precisam repensar como obtêm e usam matérias-primas à medida que fazem a transição para uma economia de baixo carbono. O novo EY Nature Hub mira esforços em alguns dos principais pontos de dor do mercado, como riscos da cadeia de suprimentos, regulamentação, criação de valor com biomas e biodiversidade, combate ao desmatamento e criação de instrumentos financeiros que permitam o desenvolvimento com uma floresta em pé.

Recentemente, a Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza (TNFD) introduziu obrigações para as empresas avaliarem seu uso de recursos naturais com recomendações para gestão de riscos, divulgação de seus impactos e oportunidades relacionadas à natureza.

Mudanças climáticas e perda de biodiversidade compartilham causas comuns e soluções podem abordar ambas simultaneamente. Na COP28 sobre mudanças climáticas em Dubai no ano passado, as nações enfatizaram esforços colaborativos para enfrentar as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade por meio de planejamento integrado e alinhamento. Essa tendência deve continuar com a integração de considerações de biodiversidade nas negociações climáticas globais antes da COP30 a ser realizada no Brasil em 2025.

Governos e empresas navegam um equilíbrio difícil entre lucro e propósito, crescimento econômico e conservação ambiental. A COP16 é uma oportunidade para nações e corporações fazerem as pazes com a natureza, promoverem a inovação e defenderem um futuro sustentável para a Amazônia e o planeta.

Resumo

A Floresta Amazônica, vital para a biodiversidade e o clima global, enfrenta desafios como degradação e perda de biodiversidade. Nesse sentido, a COP16 de biodiversidade será crucial para alinhar estratégias de conservação e desenvolvimento sustentável, através do "Plano de Biodiversidade". O setor privado, cada vez mais responsabilizado por seus impactos ambientais e sociais, deve adotar práticas sustentáveis e inovação verde. Essa será uma chance para países e empresas colaborarem na conservação da Amazônia e promoverem um futuro sustentável.

Sobre este artigo