Artigo: Os desafios da COP-27

10 nov 2022
Por Agência EY

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10 nov 2022

Por Ricardo Assumpção, sócio da EY, líder de ESG para a América Latina Sul e Chief Sustainability Officer do Brasil

ACOP-27 é o assunto de momento no mundo inteiro. A 27ª Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas ocorre no Egito em um contexto global conturbado, com guerra na Ucrânia, o que gera preocupação com a segurança energética, e com tentativa de retomada econômica pós-pandemia. O que também preocupa são os eventos climáticos adversos que atingem os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Há, ainda, os assuntos próprios da COP, como as promessas não cumpridas feitas em conferências anteriores relacionadas ao financiamento dos países em desenvolvimento, que são os maiores prejudicados pelas mudanças climáticas. 

Para superar essas dificuldades, é imprescindível que todos trabalhem juntos. Só serão alcançados resultados significativos se houver união e colaboração entre governos, investidores, líderes empresariais e consumidores. Há uma enorme oportunidade de proporcionar o desenvolvimento de forma mais equitativa em todo o mundo, com recursos financeiros, tecnologia e inovação voltados para quem mais precisa. Essa dinâmica criará empregos e oportunidades locais para empreendedores, com negócios inseridos na economia verde. 

Recursos existem, mas estão desconectados

Em um nível macro, há tecnologia verde, infraestrutura e recursos financeiros para endereçar os piores impactos da mudança climática. O problema, como a EY demonstrou no relatório Green Power Gap, é que esses elementos estão desconectados e concentrados em apenas alguns países. Neste momento, Estados Unidos e China lideram investimento; pesquisa e desenvolvimento; criação de patentes; capital de risco; e capacidade instalada, seguidos por Índia, Reino Unido, França e Alemanha. 

A Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês) estima que a transição verde represente uma oportunidade de investimento de cerca de US$ 23 trilhões entre 2016 e 2030. A questão é como converter oportunidade de investimento em investimento efetivamente realizado, especialmente nos países em desenvolvimento. 

Fundo climático de US$ 100 bilhões por ano

O Acordo de Paris obrigou os países mais ricos a investir US$ 100 bilhões por ano no fundo financeiro climático até 2025. O propósito desse fundo é auxiliar os países em desenvolvimento a combater os efeitos da mudança climática. A responsabilidade desses países pelo aquecimento global é menor, já que emitem menos carbono em comparação com as nações desenvolvidas.

O esforço mundial está direcionado para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5º C, evitando assim colocar em risco a vida de milhões de pessoas por causa do aumento da temperatura, da pobreza e da migração em massa causado pela crise climática.

Investimento nunca foi alcançado

A meta anual de US$ 100 bilhões em financiamento climático ficou apenas no papel. Isso porque ela não foi alcançada até aqui. Os últimos anos foram difíceis com a pandemia global e a guerra na Ucrânia, mas a necessidade de maior mobilização é mais urgente do que nunca. Ao deixar essa lacuna de financiamento sem solução, fechando os olhos para a meta que não tem sido atingida, corremos o risco de retardar a transição para uma economia verde global. Mais do que isso: o risco é de aumentar os custos de adaptação às consequências mais severas das mudanças climáticas que virão no futuro. Só haverá solução para o cumprimento do fundo climático se os principais países verdes, como os mencionados no relatório Green Power Gap, usem, para apoiar os outros, suas capacidades e seus pontos fortes financeiros e tecnológicos. Os países menos desenvolvidos precisam ser incluídos nessa transição para uma economia verde global. Essa é a única forma de fazer com que esse tipo de economia seja bem-sucedido.

Infraestrutura é elemento-chave

A adoção da infraestrutura verde é elemento-chave para enfrentar as mudanças climáticas. A ONU já comprometeu US$ 7,7 trilhões para atender aos atuais cenários previstos pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) que indicam como a crise climática se desenrolará. Análises recentes da EY apontam que o desenvolvimento global de energia renovável vai exigir US$ 5,2 trilhões adicionais até 2050.

Se os países em desenvolvimento não acessarem a infraestrutura verde, incluindo a tecnologia para isso, eles continuarão dependendo dos combustíveis fósseis e perderão a oportunidade de rever uma série de processos produtivos, como o de fabricação de cimento, que gera enorme volume de emissão anual de dióxido de carbono.

Três prioridades para a COP-27

Se fosse possível resumir as prioridades da COP-27, elencaria as três seguintes:

1) Definição de um novo mecanismo que obrigue os bancos multilaterais de desenvolvimento a ajudar a melhorar o financiamento climático;

2) Estímulo à colaboração global, com a união entre governos, investidores, líderes empresariais e consumidores;

3) Definição de metas financeiras e de um roteiro para ajudar a entregar os US$ 100 bilhões anuais previstos no fundo financeiro climático que foram estabelecidos para o período entre 2020 e 2025.

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