Artigo: 8 orientações para o setor privado inovar com soluções de resiliência climática

4 Minutos de leitura 14 abr 2023
Por Agência EY

A Agência EY é um espaço de notícias e conteúdo jornalístico

4 Minutos de leitura 14 abr 2023

8 orientações para o setor privado inovar com soluções de resiliência climática

Gráfico do IPCC que destaca, entre outras informações, o nível de confiança na viabilidade potencial e na sinergia com a mitigação dos efeitos climáticos. Para visualizar em tamanho maior, clique aqui.

Por Thelma Krug, vice-presidente do IPCC; Ricardo Assumpção, sócio da EY e líder de ESG e sustentabilidade para a América Latina Sul; e Ione Anderson, diretora de consultoria de sustentabilidade da EY

O relatório síntese do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, na sigla em inglês), que resume quase seis mil páginas de informações científicas de três grupos de trabalho em apenas 36 para facilitar a tomada de decisões corporativas, apresenta desafios e, ao mesmo tempo, oportunidades para o Brasil. A agenda climática exige intenso investimento de capital e, por isso, é essencial sabermos como criar valor corporativo para garantir os recursos necessários. Todo risco vem acompanhado de oportunidades, e precisamos encontrar nelas as soluções para garantir um futuro sustentável.

O relatório destaca as perdas e os danos que já estamos enfrentando e que continuarão a se intensificar no futuro, atingindo especialmente as pessoas e os ecossistemas mais vulneráveis, característica da realidade brasileira. Agir agora vai resultar na mudança transformacional essencial para um país e mundo mais sustentáveis.

O gráfico acima em destaque neste artigo, que consta nesse relatório do IPCC, ilustra oportunidades para diversos setores, como energia, recursos hídricos, alimentos, infraestrutura e saúde, e qual o potencial de contribuição de redução de emissões até 2030. Mudanças nos setores de alimentos, eletricidade, transporte, indústria, edifícios e uso da terra podem reduzir as emissões de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, provocar a sociedade para mostrar a viabilidade de estilos de vida com baixo volume de carbono, o que tem correlação com saúde e bem-estar. Uma melhor compreensão das consequências do consumo excessivo, por exemplo, pode ajudar as pessoas a fazer escolhas mais conscientes.

Juntos com a Dra. Thelma Krug, atualmente vice-presidente do IPCC e indicada pelo governo brasileiro como a primeira mulher a presidir o órgão, selecionamos abaixo oito orientações fundamentais em relação às oportunidades para o setor privado e como as informações científicas podem apoiar essa visão.

1) Remoção de Dióxido de Carbono (CDR)

Alcançar emissão líquida zero de gases de efeito estufa requer profundas reduções de CO2, metano e outras emissões de GEE, exigindo, ainda, emissões líquidas negativas de dióxido de carbono. A remoção de dióxido de carbono (CDR) será necessária para atingir emissões líquidas negativas de CO2. A implementação de CDR para contrabalançar emissões residuais difíceis de abater, como algumas da agricultura, aviação, navegação e processos industriais, é inevitável.

2) Ações coordenadas de cadeia de valor

Existem várias opções para reduzir as emissões industriais que diferem por tipo de indústria. Muitas indústrias são afetadas pela mudança do clima, especialmente por eventos extremos. Reduzir as emissões industriais implicará ação coordenada em todas as cadeias de valor para promover todas as opções de mitigação, incluindo gerenciamento de demanda, eficiência energética e de materiais, fluxos circulares de materiais, bem como tecnologias e mudanças transformacionais nos processos de produção (alta confiança, de acordo com o gráfico acima do IPCC, que indica o nível de confiança na viabilidade potencial e na sinergia com a mitigação dos efeitos climáticos).

3) Eficiência energética

Nas trajetórias globais modeladas que limitam o aquecimento a 2ºC ou menos, quase toda a eletricidade é fornecida por fontes com zero ou baixo carbono em 2050, como renováveis ou combustíveis fósseis com captura e armazenamento de CO2, combinados com eletrificação crescente da demanda por energia. Tais trajetórias atendem à demanda por serviços de energia com seu uso relativamente baixo devido a fatores como eficiência energética e mudanças comportamentais.

4) Ganho de escala em indústrias leves

As indústrias leves podem ser amplamente descarbonizadas por meio de tecnologias já disponíveis de redução de emissões, como eficiência de material e circularidade, eletrificação (aquecimento eletrotérmico e bombas de calor, por exemplo) e mudança para uso de combustíveis de baixa ou zero emissão de GEE, como hidrogênio, amônia e biocombustíveis ou outros combustíveis sintéticos (alta confiança, de acordo com o gráfico acima do IPCC, que indica o nível de confiança na viabilidade potencial e na sinergia com a mitigação dos efeitos climáticos).

A redução profunda das emissões do processo de cimento dependerá da substituição de material cimentício e da disponibilidade de Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) até que novas químicas sejam dominadas (alta confiança, ainda segundo o gráfico acima do IPCC).

5) Ciclo de vida e captura e utilização de carbono

Reduzir as emissões pela fabricação e pelo uso de produtos químicos precisa contar com uma abordagem de ciclo de vida, incluindo aumento da reciclagem de plásticos, troca de combustível e matéria-prima, além de carbono obtido por meio de fontes biogênicas, e, dependendo da disponibilidade, Captura e Utilização de Carbono (CCU), captura direta de CO2 no ar (DACCS), bem como CCS (elementos esses de alta confiança, de acordo com o gráfico acima do IPCC, que indica o nível de confiança na viabilidade potencial e na sinergia com a mitigação dos efeitos climáticos).

Ações para reduzir as emissões do setor industrial podem mudar a localização das indústrias intensivas em GEE e a organização de cadeias de valor, com efeitos distributivos no emprego e na estrutura econômica (confiança média, ainda segundo o gráfico acima do IPCC).

6) Eficiência hídrica

Muitos setores industriais e de serviços são afetados negativamente pela mudança do clima por meio de interrupções no suprimento e nas operações, principalmente em decorrência de eventos extremos (alta confiança, de acordo com o gráfico acima do IPCC), e exigirão esforços de adaptação. Indústrias intensivas no uso de água (por exemplo, mineração) podem tomar medidas para reduzir o estresse hídrico, como reciclagem de água e reutilização, usando fontes salobras ou salinas, trabalhando para melhorar a eficiência do uso da água. No entanto, os riscos residuais permanecem, especialmente em níveis mais altos de aquecimento (confiança média, segundo o gráfico acima do IPCC).

7) Perdas econômicas da mudança do clima

As perdas econômicas são explicadas por impactos adversos sobre insumos, como produtividade de culturas (confiança muito alta, de acordo com o gráfico acima do IPCC), disponibilidade de água (alta confiança) e produtividade do trabalho ao ar livre devido ao estresse térmico (alta confiança). As maiores perdas são observadas para setores com alta exposição ao clima, incluindo perdas regionais para a agricultura, silvicultura, pesca, energia e turismo (alta confiança).

Muitos setores industriais e de serviços são indiretamente afetados por interrupções no fornecimento, especialmente durante e após eventos extremos (alta confiança). Os custos também são causados pela adaptação, gastos com desastres, recuperação e reconstrução de infraestrutura (alta confiança). Estimativas dos efeitos globais da mudança do clima em medidas agregadas de desempenho econômico e Produto Interno Bruto (PIB) variam de negativo para positivo, em parte devido à incerteza de como a variabilidade do clima e os impactos climáticos se refletem no PIB (alta confiança).

8) Eventos extremos regulares

Vulnerabilidades a impactos relacionados à água, causados por condições climáticas e meteorológicas extremas, já são sentidas em todos os principais setores e devem se intensificar no futuro, como na agricultura (alta confiança, de acordo com o gráfico acima do IPCC); energia e indústria (alta confiança para os impactos da seca observados e riscos projetados); água para saúde e saneamento (alta confiança sobre extremos de precipitação e surtos de doenças); água para uso urbano, periurbano e setores municipais (confiança média); e ecossistemas de água doce (alta confiança).

  • Termos de uso

    O material publicado pela Agência EY pode ser reproduzido de maneira gratuita desde que sejam colocados os créditos para a Agência EY e respeitados os termos de uso. Mais informações pelo e-mail ey@fsb.com.br.

Receba nossos alertas de notícias 

Fique atualizado com conteúdos produzidos pela Agência EY

Inscreva-se

Resumo

Sobre este artigo

Por Agência EY

A Agência EY é um espaço de notícias e conteúdo jornalístico