Independentemente de onde os fundadores estejam na jornada empreendedora, a composição e a função do Conselho da empresa estão em constante evolução à medida que o ciclo de vida e o estágio de financiamento da empresa progridem. Desde startups que precisam da orientação de um Conselho Consultivo sobre mudanças no modelo de negócios até empresas mais estabelecidas que buscam formar um Conselho de Administração que possa ajudar a expandir as operações, CEOs fundadores devem adotar uma abordagem estratégica no processo de busca de membros do Conselho para obter colocações bem-sucedidas.
Cultura e estrutura do Conselho
Para fundadores que buscam estabelecer ou aprimorar seu Conselho, existem várias considerações importantes para a construção de um Conselho eficaz. Primeiro, deve-se ter a intenção de promover a cultura certa do Conselho desde o início, buscando candidatos cujos valores e experiência se alinhem bem com a cultura da organização. É essencial trazer uma variedade de perspectivas e conjuntos de habilidades (incluindo uma mentalidade empreendedora, especialmente para empresas novas e emergentes), permitindo um diálogo construtivo sobre questões difíceis e recrutando membros com uma visão empresarial e uma visão intersetorial. A experiência e o conhecimento sobre expansão para o crescimento também são cruciais para os candidatos ao Conselho.
Fundadores também devem considerar o tipo de Conselho de que realmente precisam. Para muitos, a estrutura tradicional do Conselho de Administração será muito grande e complicada para abordar a governança, a estratégia e outras questões de startups. Assim, alavancar um Conselho Consultivo menor para trazer perspectivas externas ou adicionar um membro independente ao Conselho pode ser a abordagem mais prática para empresas em estágio inicial. Aqueles que planejam buscar um IPO no futuro também precisarão contemplar a estrutura de Comitês do Conselho, as finanças auditadas, os protocolos sobre conselheiros independentes e muito mais. Além disso, à medida que as empresas novas e emergentes crescem, CEOs fundadores devem se concentrar na evolução do Conselho para que ele funcione como um ativo estratégico. Por exemplo, embora os membros de sua rede pessoal ou financiadores da empresa possam ter atuado como conselheiros no início do ciclo de vida da empresa, CEOs fundadores muitas vezes precisam, mais tarde, mudar de direção, trazendo para o Conselho pessoas que possam ajudar a expandir a empresa, mitigar riscos e desempenhar outras funções estratégicas importantes.
O processo de busca eficaz
Navegar estrategicamente pelo processo de busca de membros para o Conselho também é crucial. "Acho que nunca é cedo demais para começar a pensar em quem pode ser útil para a sua empresa como consultor ou membro do Conselho", diz Lily Chang, consultora sênior aposentada da Leonard Green & Partners, que também atua em vários Conselhos. Felizmente, existem várias ferramentas e recursos disponíveis para apoiar esses esforços. Por exemplo, a realização de um exercício de matriz do Conselho pode ajudar as empresas a mapear as principais competências necessárias e a experiência desejada, além de evitar redundâncias de habilidades entre os assentos do colegiado.
Algumas organizações também acham útil estabelecer um Comitê de busca de candidatos para o Conselho. Nesse caso, é importante adotar uma abordagem disciplinada desde o início, determinando um ritmo regular de reuniões e definindo protocolos e autoridade para a tomada de decisões. Esses órgãos também devem estar atentos à criação de uma experiência positiva para os candidatos por meio de comunicações consistentes e transparentes, o que beneficia não apenas os candidatos ao Conselho, mas também a reputação da empresa.
“O ideal é mantê-lo pequeno e seletivo e passar pelo processo de forma disciplinada”, diz Alexis Hennessy, sócia da Heidrick & Struggles, especializada em recrutamento de Conselhos no setor de Tecnologia. O grupo também concordou que, independentemente dos métodos que uma empresa utiliza para buscar novos membros para o Conselho, seu(sua) CEO quase sempre está fortemente envolvido(a).
DEI e outras considerações
A conversa em torno da diversidade do Conselho tornou-se complexa. Por um lado, os reguladores e os investidores têm delineado cada vez mais as expectativas em torno da diversidade de gênero e racial para os Conselhos, muitas vezes posicionando esse tópico como um pilar crucial das questões ambientais, sociais e de governança (ESG). Ao mesmo tempo, um coro crescente de detratores argumenta que essas medidas são ruins para os negócios, citando a decisão da Suprema Corte (dos Estados Unidos) de 2023 de acabar com as admissões em faculdades com base na raça. No entanto, a realidade tem muito mais nuances.
“A maioria das empresas de capital aberto que estamos vendo estão tomando as rédeas da situação e se responsabilizando por 40% de diversidade nos Conselhos”, diz Hennessy de uma perspectiva anedótica. E, de acordo com Jack Flug, conselheiro de administração da Marsh que lidera sua prática de Responsabilidade Financeira e Profissional, a mudança nas atividades de recrutamento de Conselhos que levem em conta a diversidade, que estamos vendo agora, é provavelmente apenas temporária.
Fundadores e outros stakeholders da empresa que continuam a priorizar a diversidade, equidade e inclusão (DEI) precisam pensar de forma diferente e ser criativos ao contratar candidatos ao Conselho. Por exemplo, entrar em contato com empresas de contabilidade, bancos de investimento, grupos de afinidade e escritórios de advocacia em sua esfera pode ser uma ótima maneira de encontrar candidatos diversificados, diz Cecyl Hobbs, conselheira executiva da Russell Reynolds Associates, que assessora organizações em uma série de assuntos relacionados ao Conselho de Administração. Também precisam responsabilizar suas empresas parceiras de buscas, validando a diversidade da liderança e das redes dessas empresas.
Hobbs acrescenta que a importância da diversidade do Conselho se estende muito além do âmbito regulatório: “Quando se pensa em vencer a guerra de talentos, as pessoas que desejam ingressar em uma empresa vão analisar a composição do Conselho. Elas vão procurar ver a composição dos executivos de alto escalão.” No entanto, Hobbs observa que as empresas precisarão ser mais estratégicas na construção de Conselhos diversos: “É preciso questionar, qual é o valor comercial? Qual é a justificativa para trazer diversidade para o Conselho e como traduzimos isso para o tipo de membros do Conselho que estamos procurando?”.
"De fato, a equipe do EY Center for Board Matters trabalha com nossos clientes (conforme apropriado) para se concentrar primeiro em conjuntos de habilidades diversas, o que muitas vezes revela a necessidade de candidatos mais diversos ao Conselho", diz Dan Clifford, líder da rede de Conselhos do EY Center for Board Matters Americas.
O trabalho do Conselho hoje também envolve um esforço ainda maior de gestão de riscos, com membros individuais agora potencialmente responsáveis por ações derivadas e ações coletivas de acionistas. Por esse motivo, as empresas também precisam obter seguro de responsabilidade civil de conselheiros e diretores, para permitir que os Conselhos se concentrem em suas funções. "Isso permite que o Conselho faça seu trabalho", diz Flug.