Pós-transação: monitorar a integração e a gestão da mudança
A realidade é que muitas transações não entregam o valor pretendido. Segundo pesquisa da EY, menos da metade (46%) das transações alcança seus indicadores-chave de desempenho (KPIs) de inovação.
Uma transação bem-sucedida vai além do valor de compra, buscando benefícios estratégicos e transformação. Conselhos de destaque concentram-se em como a gestão está gerando valor estratégico, solicitando indicadores-chave de desempenho financeiro e não financeiro, e revisando esses resultados regularmente.
Frequentemente, os fatores que destravam esse valor estratégico estão relacionados à integração cultural e à qualidade da liderança — o lado humano das transações. Uma pesquisa recente da EY Global, em parceria com a Saïd Business School da Universidade de Oxford, confirmou que priorizar os elementos humanos do negócio, ao lado da lógica estratégica, é fundamental para aumentar o valor gerado pela transação.
O estudo revelou que abordar seis fatores humanos-chave — liderança, visão, apoio emocional, tecnologia, processos e cultura — mais do que dobra a chance de sucesso na transformação (73% versus 28%). Esse foco ajuda a evitar as dinâmicas culturais, interpessoais e de equipe negativas que podem assombrar empresas por muito tempo após uma transformação fracassada.
Por meio de sua supervisão, o conselho pode exercer um papel fundamental ao orientar a gestão a focar nesses aspectos humanos. Isso deve fazer parte da due diligence do conselho antes da transação (por exemplo, ao considerar a estrutura organizacional, a força da equipe de liderança, a cultura e os modos de trabalho), bem como da sua supervisão após a conclusão do negócio, responsabilizando os líderes pela importante e desafiadora tarefa da gestão da mudança.
É essencial que os conselhos orientem a gestão a mirar o sucesso de longo prazo da transação. Marcos iniciais nem sempre capturam todos os benefícios, que podem levar anos para se concretizar. Em vez de voltar ao “normal” (o que pode sufocar a inovação e o crescimento), a supervisão contínua do conselho pode incentivar o investimento e a dedicação necessários para a transformação desejada. Essa continuidade também permite avaliar, de forma recorrente, se premissas e condições mudaram, possibilitando ajustes estratégicos e agilidade ao longo do tempo.
Conclusão
Transações continuam sendo ferramentas essenciais para que as empresas impulsionem a inovação, acessem novas capacidades e alcancem crescimento sustentável de longo prazo, mesmo diante das complexidades do mercado. Ao aproveitar o trabalho de seus comitês, os conselhos podem garantir uma avaliação e supervisão abrangentes das transações, abordando riscos e oportunidades de forma mais proativa. Uma supervisão robusta do conselho ao longo de todo o ciclo de vida da transação é vital para garantir agilidade, diligência, resolução rápida de problemas e a concretização do valor pretendido.