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Conselhos defendem uma cultura de integridade mais centrada nas pessoas

Em um cenário de constantes mudanças, quanto maiores os desafios, maior é a importância da integridade como pilar essencial para estabelecer e manter a confiança entre colaboradores, clientes, parceiros e investidores. As pessoas são o cerne desta questão, pois são elas que impulsionam a cultura de integridade dentro da organização.

NRelatório Global de Integridade da EY deste ano, apresentamos o resultado da pesquisa que explorou temáticas de padrões de integridade corporativa, as estratégias de gerenciamento e as respostas a incidentes relacionados à integridade. O relatório examina também o comprometimento das empresas com as questões de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) e analisa a adoção de tecnologias inovadoras, como a Inteligência Artificial Generativa nas funções de integridade e compliance.

A pesquisa revelou uma melhoria na percepção dos padrões de integridade nas companhias: aproximadamente 66% dos entrevistados afirmam que os padrões em suas respectivas empresas avançaram nos últimos dois anos. Um fator significativo que contribuiu para essa percepção positiva é a influência da cultura organizacional impulsionada pelo exemplo e direcionamento da liderança, frequentemente referido como “tone at the top”.

Membros de Conselhos, diretorias e alta gestão estão mais ativos na disseminação do assunto nas empresas que atuam. Integridade é parte do dia a dia destes gestores e cerca de 70% dos conselheiros entrevistados consideram que os gestores das empresas em que atuam abordam a temática no dia a dia da operação.

O resultado da pesquisa também sugere que as empresas precisam tomar medidas para construir uma organização que priorize a integridade e coloque as pessoas no centro de suas políticas, treinamentos e cultura. Para 40% dos conselheiros entrevistados, é desafiador manter os padrões de integridade em empresas que atuam em mercados incertos. Além disso, 50% dos conselheiros entrevistados indicaram ignorar atividades não conformes de seus terceiros.

Com base nessa perspectiva, comportamentos antiéticos, por vezes, são ainda tolerados no ambiente corporativo. Dentre os membros de Conselho consultados, aproximadamente 50% creem que gestores das empresas em que atuam poderiam comprometer a integridade em prol de vantagens para a organização. Ademais, 23% dos entrevistados sinalizaram que colaboradores com alto desempenho poderiam ter suas faltas éticas desconsideradas ou minimizadas.

Se as atitudes não conformes continuam sendo ignoradas, o resultado inevitável são os incidentes de integridade, que lamentavelmente ainda são tema recorrente entre os conselheiros entrevistados. Aproximadamente metade deles apontou que ainda existe a necessidade de aprimorar os controles internos, bem como os processos de recrutamento e capacitação de profissionais dedicados à função de compliance nas empresas representadas. Adicionalmente, foi destacado que a falta de diversidade cultural e as alterações no panorama regulatório em diferentes jurisdições representam fatores de risco que podem contribuir para a materialização de tais incidentes.

Entre os que disseram que sua organização teve um incidente significativo de integridade, mais de dois terços (68%) afirmam que o incidente envolveu uma terceira parte. Vale destacar que, com base em uma análise de mais de 500.000 violações corporativas nos EUA e no Reino Unido de 2010 a 2023, quase US$1 trilhão em penalidades foram incorridas desde 2010 (ajustadas pela inflação), com um crescimento de mais de 40% tanto no número de violações quanto no número de empresas em violação[1].

Agenda ESG e Inteligência Artificial

Duas temáticas atuais também foram incluídas na pesquisa: a agenda Environment, Sustainability and Governance (ESG) e seus desdobramentos e a agenda Inteligência Artificial (IA). No Brasil, 51% dos entrevistados afirmam que suas empresas adotaram ferramentas que se utilizam de técnicas e/ou aplicam inteligência artificial em suas soluções para compliance e integridade.

Dos 51% de entrevistados, 92% dizem que as empresas estão preocupadas em estabelecer processos e políticas que observem os riscos relacionados à adoção de IA, como a segurança da informação, privacidade e ética no uso de algoritmos.

Já sobre as temáticas da agenda ESG, 74% dos entrevistados no Brasil indicaram que suas empresas têm divulgado o assunto de forma clara e transparente aos seus colaboradores. Dos conselheiros entrevistados, 57% afirmaram que estão focando em práticas trabalhistas mais justas, seguidas de 43% em sustentabilidade e 40% em responsabilidade social.

Sobre o estudo

O Relatório de Integridade Global da EY 2024 foi realizado com base em uma pesquisa com 5.464 membros de Conselhos, executivos C-Level e funcionários em uma amostra de grandes organizações e órgãos públicos em 53 países nas Américas, Ásia-Pacífico e Europa, Oriente Médio, Índia e África. As entrevistas foram realizadas entre outubro de 2023 e janeiro de 2024.

Acesse o Relatório Global de Integridade 2024

[1]Análise de penalidades civis e criminais corporativas incluídas nos bancos de dados Violation Tracker (https://violationtracker.goodjobsfirst.org/) e Violation Tracker UK (https://violationtrackeruk.goodjobsfirst.org/), ambos produzidos pelo Corporate Research Project da Good Jobs First. Todos os valores das penalidades foram convertidos para dólares americanos e ajustados pela inflação para dólares de 2023. Esta análise exclui multas de menos de US$5.000 (nominais) nos EUA e inclui "advertências" sem valor monetário emitidas por reguladores do Reino Unido.

Resumo

Relatório de Integridade Global da EY 2024 revelou melhora na percepção dos padrões de integridade nas companhias. Por outro lado, atitudes não conformes continuam sendo ignoradas ou toleradas. ESG e Inteligência Artificial são temas que trazem novos desafios de governança e a pesquisa sinaliza também a necessidade de medidas que coloquem as pessoas no centro de suas políticas, treinamentos e cultura sobre integridade.

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