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O que os Comitês de Auditoria devem priorizar em 2023

EY Americas revisou suas principais considerações para os Comitês de Auditoria durante o ciclo de auditoria de fim de ano de 2022 e além.


Resumo

  • Os Comitês de Auditoria exercem um importante papel na construção da resiliência e na confirmação de como as empresas estão se preparando para responder e gerenciar os riscos no próximo ano.
  • Potenciais desenvolvimentos regulamentares em 2023 podem impactar os requisitos, as divulgações, as políticas e os procedimentos dos relatórios.
  • A incerteza geopolítica apresenta desafios que exigem um acompanhamento cuidadoso das mudanças nas políticas externas e internas e recalibração das estratégias.

Este relatório ajudará os Comitês de Auditoria a abordar de forma proativa os desenvolvimentos da gestão de riscos, dos relatórios financeiros, dos aspectos fiscais e do cenário regulamentar.

1. Gestão de riscos

Receios desenfreados de inflação, tensões geopolíticas e os efeitos da pandemia da COVID-19 são as ameaças críticas que ocupam a mente dos CEOs, Conselhos e Comitês de Auditoria. Uma recente pesquisa com CEOs da EY indica que, apesar dos vários ventos desfavoráveis, muitos CEOs permanecem focados no desenvolvimento de opcionalidade, resiliência e valor a longo prazo. As empresas líderes estão se mantendo firmes aos planos de investimento transformacional — ou formulando novas estratégias para navegar pela nova complexidade. Isso inclui reformular a estratégia da empresa; reimaginar seu portfólio, suas operações globais e seu alcance; e reinventar seus ecossistemas.

Nesse contexto, os Conselhos e Comitês de Auditoria estão revisando as práticas de gestão de riscos a fim de assegurar-se de que os riscos sejam gerenciados de forma eficaz em toda a organização e desenvolver resiliência e preparação geral aprimoradas para responder e administrar esses ventos desfavoráveis em 2023.

Para ler o relatório na íntegra e a lista completa de perguntas para os Comitês de Auditoria, em inglês, baixe o PDF.


As principais áreas de risco para foco em 2023 incluem:
  • Inflação irrestrita, efeitos pandêmicos contínuos e incerteza geopolítica
  • Segurança cibernética
  • Estratégias de talentos e problemas da força de trabalho
  • Evolução dos programas de gestão de riscos para incorporar a gestão de riscos assistida pela tecnologia
  • Transformação da auditoria interna
  • Melhora da integridade e aprimoramento do foco em fraude e conformidade geral

2. Relatórios financeiros

As empresas continuam reavaliando suas divulgações à medida que as partes interessadas buscam entender o impacto de vários desenvolvimentos externos nos negócios. Isso inclui a contínua incerteza econômica global; clima e outros fatores de ESG; e desenvolvimentos geopolíticos em evolução. Destacamos alguns desses e outros desenvolvimentos e tendências fundamentais nos relatórios financeiros para ajudar os Comitês de Auditoria a fiscalizar a qualidade da auditoria e incentivar um ambiente e uma cultura que apoiem a integridade do processo de relatórios financeiros.

As organizações continuam sendo afetadas por fatores macroeconômicos, como inflação, aumento das taxas de juros, interrupções da cadeia de fornecimento e volatilidade do mercado de ações, bem como a guerra na Ucrânia e seus efeitos cascata. Prevemos que os Comitês de Auditoria continuarão avaliando esses impactos e mudanças em evolução no ambiente de negócios nos seus processos de relatórios financeiros.

As empresas devem continuar atualizando suas divulgações e considerando os efeitos das demonstrações financeiras das condições atuais do mercado (por exemplo, inflação, pandemia) e suas expectativas para o futuro. Será importante para os Comitês de Auditoria não apenas entender a visão da administração sobre as condições econômicas futuras, mas também validar que a organização apresenta divulgações transparentes sobre essas visões.

Leia sobre a volatilidade do comércio, o cenário fiscal global e muito mais baixando o relatório completo, em inglês.

3. Desenvolvimentos fiscais e outros relacionados a políticas

Oportunidades para uma potencial legislação fiscal de fim de ano, pressões inflacionistas, uma economia em desaceleração e política partidária constituem o cenário para as perspectivas da política tributária deste ano nos Estados Unidos (EUA). Com orientações antecipadas do Departamento do Tesouro dos EUA sobre diversas questões tributárias e perguntas abertas sobre as futuras políticas tributárias dos EUA e global, os Conselhos e Comitês de Auditoria devem fiscalizar em tempo real as respostas das suas organizações às mudanças tributárias. Eles devem monitorar de perto o ambiente tributário a fim de reconhecer potenciais desafios e oportunidades e seguir ágeis diante da incerteza.

A resiliência da cadeia de fornecimento é um foco crescente da política comercial dos EUA, em função dos desafios pandêmicos na cadeia de fornecimento e da incerteza econômica global. Os crescentes níveis de intervenção do governo em cadeias de fornecimento estratégicas, incluindo semicondutores (como com a lei CHIPS and Science Act dos EUA) ou veículos elétricos (como com a lei IRA dos EUA) solidificaram a mudança do comércio globalizado mais aberto para uma maior promoção de produtores domésticos e mercados fragmentados para as multinacionais, o que terá impactos fiscais.

Além disso, as tensões continuam crescendo em diversas frentes com a China, incluindo a continuação das tarifas da Seção 301 sobre as importações chinesas, o aumento das restrições às exportações de chips semicondutores sensíveis e o aumento das tensões na política externa e na segurança. 

Em função do incerto ambiente geopolítico atual, as empresas e seus Conselhos devem monitorar os riscos políticos e observar mudanças na liderança e nas eleições em países-chave, as ações de política externa, as mudanças tarifárias e os acordos comerciais regionais.

Leia sobre a volatilidade do comércio, o cenário fiscal global e muito mais baixando o relatório completo, em inglês.

4. Desenvolvimentos regulamentares

O presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), Gary Gensler, continua incluindo como prioridade um foco nas divulgações da empresa e na proteção do investidor. Em virtude das suas prioridades e das mudanças do cenário regulamentar, os Comitês de Auditoria e as empresas listadas na SEC devem manter-se atualizados sobre a evolução da agenda da SEC e o impacto que tais mudanças têm na organização.

O presidente Gensler apresentou uma agenda regulamentar ambiciosa, incluindo possíveis mudanças nas normas que regem as divulgações sobre questões relacionadas ao clima e outras de ESG (por exemplo, diversidade do Conselho, capital humano), governança de risco de segurança cibernética e outras questões de governança corporativa (por exemplo, regras de representação, remuneração vs. desempenho). Mais informações estão disponíveis em sua agenda de regulamentação, que a SEC atualiza semestralmente.

Talvez a regulamentação mais importante da SEC esteja relacionada à divulgação climática. Atualmente, a SEC está considerando o feedback do público sobre sua proposta de aprimorar e padronizar as divulgações que empresas de capital aberto fazem sobre os riscos relacionados ao clima, suas metas e seus objetivos relacionados ao clima, suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e como o Conselho de Administração e a administração supervisionam os riscos relacionados ao clima. A proposta exigiria igualmente que as empresas listadas quantificassem os efeitos de determinados acontecimentos relacionados ao clima e as atividades de transição nas suas demonstrações financeiras auditadas. A SEC recebeu milhares de cartas de comentários sobre a proposta e agora deve decidir se e como alterar a proposta antes de votar uma norma final, esperada para 2023.

A SEC também está considerando o feedback sobre novas regras propostas para aprimorar e padronizar divulgações que as empresas listadas fazem sobre sua gestão, estratégia e governança dos riscos de segurança cibernética. A proposta da SEC também exigiria que as empresas listadas divulgassem informações sobre incidentes substanciais de segurança cibernética no Formulário 8-K dentro de quatro dias úteis após determinar que o incidente é substancial. A SEC planeja emitir uma norma final até abril de 2023.

Os Comitês de Auditoria devem considerar como suas empresas devem se preparar para possíveis mudanças regulamentares, que podem afetar os requisitos, as divulgações e as políticas e os procedimentos de relatórios.

Leia sobre os desenvolvimentos regulamentares a observar em 2023 baixando o relatório completo, em inglês.

Perguntas que o Comitê de Auditoria deve considerar

Veja abaixo algumas perguntas selecionadas. Para ver todas as perguntas propostas pela EY, baixe o relatório completo, em inglês, aqui.

  • As análises de cenário consideram uma série apropriada de cenários extremos e até improváveis, incluindo ameaças existenciais? Elas incorporam os potenciais efeitos cumulativos de vários riscos? As premissas que sustentam os planos estratégicos da organização ainda são válidas?
  • Os testes de estresse da organização levaram em conta a inflação contínua, aumentos de taxas de juros, tensões geopolíticas, escassez de mão de obra, mudanças tecnológicas, mudanças nas preferências do consumidor ou mudanças climáticas?
  • A organização realizou análises de modelagem de risco financeiro para avaliar cenários de rotina (baixo impacto, alta probabilidade) em comparação a cenários imprevisíveis e desconhecidos - black swans, (alto impacto, baixa probabilidade)?
  • Houve alguma mudança significativa nos controles internos sobre relatórios financeiros ou controles e procedimentos de divulgação a fim de abordar as mudanças no ambiente operacional? Alguma iniciativa de economia de custos e esforços relacionados impactaram recursos ou processos fundamentais nos controles internos sobre relatórios financeiros? Em caso afirmativo, a administração identificou controles mitigadores para tratar eventuais lacunas?
  •  A empresa realizou modelagem e planejamento de cenários refletindo possíveis mudanças na política tributária e nos desenvolvimentos comerciais?
  •  A empresa tem controles e procedimentos suficientes sobre dados não financeiros? A auditoria interna está fornecendo algum tipo de cobertura de auditoria sobre dados relacionados a ESG ou a empresa está obtendo alguma garantia externa?
  • Caso as questões relacionadas a ESG estejam sendo discutidas em mais de um lugar (por exemplo, relatórios de lucros, comunicados de analistas, informes anuais e carta de acionistas, relatório de sustentabilidade e outros), há consistência nas divulgações? A empresa avaliou controles relacionados a essas divulgações?

Resumo

A inflação e as tensões geopolíticas em andamento são apenas duas das várias áreas de foco para os Comitês de Auditoria em 2023, que também estão acompanhando de perto os riscos emergentes, as questões relacionadas a talentos e relatórios de ESG, bem como avaliando as mudanças nos requisitos de divulgação. Os Comitês de Auditoria devem estar prontos para fazer perguntas importantes sobre essas e outras questões, como desenvolvimentos fiscais e políticos durante as discussões de fim de ano com o Conselho, a administração, os auditores e outras partes interessadas.

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