Os investidores estão fundamentalmente focados em como o Conselho está executando a supervisão
Um tema-chave é consistente em todas as prioridades de engajamento do investidor – os investidores querem entender como o Conselho está governando tópicos materiais e executando suas responsabilidades de supervisão. Consequentemente, os investidores farão perguntas como:
Como os Conselhos estão desenvolvendo a competência necessária para supervisionar efetivamente esse assunto?
Como os Conselhos estão acompanhando os desenvolvimentos em rápida evolução relacionados a esse tópico?
Quem o Conselho está ouvindo sobre esse tópico? A Administração, os consultores e os especialistas externos estão incluídos?
Com que frequência o Conselho discute esse tópico?
Como as responsabilidades de supervisão para esse tópico são atribuídas no nível do Comitê?
Os investidores estão focados em cinco tópicos de engajamento
Nossas conversas revelaram onde os investidores planejam concentrar seu engajamento em 2024. Embora alguns tópicos tenham sido levantados por uma porcentagem relativamente pequena de investidores, em muitos casos, ainda foram o foco das propostas dos acionistas apoiados pela maioria no ano passado. Isso incluiu a liberdade de associação dos funcionários, a segurança e o bem-estar da força de trabalho, os esforços da empresa para evitar assédio e discriminação e o lobby climático.
1. Riscos e oportunidades relacionados ao clima, particularmente para empresas de alta emissão
Os riscos e oportunidades relacionados ao clima foram a prioridade de engajamento dos investidores mais citada no ano passado e permanecem assim neste ano, com dois terços dos investidores citando-a como foco de engajamento em 2024. Muitos investidores (31%) especificaram que desejam que as empresas adotem metas baseadas na ciência, que sejam validadas pela iniciativa Science Based Targets e forneçam um caminho definido para reduzir as emissões de gases de efeito estufa de acordo com a ciência climática mais recente. Onde as metas estão em vigor, esses investidores buscam planos de transição climática que forneçam clareza sobre as estratégias de redução de emissões das empresas. Alguns investidores (8%) sugeriram que buscarão divulgação sobre como os esforços políticos e de lobby das empresas se alinham aos seus compromissos climáticos.
Os investidores estão particularmente focados em como as empresas cumprirão as metas de curto prazo de redução de emissões e alguns sugeriram que, na ausência de explicações robustas e específicas da empresa, eles responsabilizarão as empresas pelo não cumprimento dessas metas. Eles entendem que os ambientes operacionais mudam e que é necessário algum espaço para a evolução, mas afirmam que há um número limitado de vezes que as empresas podem mudar ou não atingir as metas sem perder a credibilidade. Os investidores querem evidências de que os compromissos são confiáveis e críveis, e a percepção de complacência pode gerar preocupação.
2. Diversidade da força de trabalho e do Conselho
Trinta e oito por cento dos investidores disseram que planejam engajar as empresas para que haja diversidade da força de trabalho ou do Conselho em 2024, tornando este o segundo tópico de engajamento mais citado neste ano, assim como no ano passado. Em relação à diversidade da força de trabalho, 19% dos investidores sugeriram que continuarão incentivando mais empresas a divulgar dados e informações da EEO-1 sobre a eficácia dos esforços de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI). As auditorias de equidade racial, que buscam uma análise independente dos impactos raciais das políticas, práticas, produtos e serviços da empresa também permanecem na agenda, com 8% dos investidores compartilhando que solicitarão tais auditorias ou que estão atualmente avaliando os resultados das auditorias. Alguns investidores (2%) sugeriram que perguntarão às empresas sobre seus esforços para evitar assédio e discriminação e sobre o uso de acordos de arbitragem e confidencialidade no contexto de alegações como estas.
Em termos de diversidade dos Conselhos, 13% dos investidores sugeriram que aumentarão a pressão sobre os Conselhos não diversos em gênero, raça ou etnia. Observe que, independentemente dos investidores terem ou não mencionado a diversidade do Conselho como uma prioridade de engajamento, muitas diretrizes de votação por procuração mantêm inerentemente a pressão sobre sua diversificação: nossa análise das diretrizes de votação por procuração publicamente disponíveis dos 20 maiores gestores de ativos do mundo (com base em um estudo de classificação externa³) constatou que as considerações sobre a diversidade do Conselho são levadas em conta em 88% das políticas de votação dos conselheiros desses gestores.
3. Questões estratégicas para além da diversidade da força de trabalho
Trinta e cinco por cento dos investidores citaram outros tópicos de gestão de capital humano como prioridade de engajamento, assim como no ano passado. Após uma onda de greves trabalhistas em diferentes setores, há um crescente foco dos investidores em como as empresas estão protegendo os direitos dos funcionários de se organizarem e negociarem coletivamente e como elas estão garantindo o cumprimento das leis trabalhistas federais. Dez por cento dos investidores sugeriram que colocarão o tema como uma de suas prioridades de engajamento para este ano, concentrando-se em empresas com alegações de violações de direitos trabalhistas.
O planejamento de sucessão do CEO e da Administração é outra área que está recebendo maior atenção neste ano. Juntamente com muitos casos de empresas que enfrentam dificuldades na sucessão de CEOs, os investidores observaram uma significativa rotatividade da alta Administração recentemente (o que complica o planejamento da sucessão de CEOs, uma vez que o canal interno de talentos é interrompido). Os investidores que levantaram este tópico (6%) compartilharam que querem ter certeza de que as empresas estão planejando sucessões de CEO no longo prazo e em emergências, e que os Conselhos estão planejando mudanças relacionadas às lideranças dos mesmos. Alguns investidores levantaram fortes preocupações sobre a permanência de ex-CEOs no Conselho para além de um período de transição temporário.
Os investidores, em geral, disseram que querem saber como as empresas estão atraindo os talentos de tecnologia de que precisam e como estão aprimorando e desenvolvendo a força de trabalho que possuem (especialmente em relação aos desenvolvimentos em IA), e alguns levantaram preocupações em relação aos impactos da transformação da força de trabalho na comunidade. Além disso, 15% deles sugeriram que continuarão a engajar as empresas nas questões sobre políticas e práticas específicas relacionadas a salários dignos, licença médica remunerada, segurança e bem-estar dos funcionários.
4. Riscos à natureza e biodiversidade
Cerca de um quarto dos investidores (27%) citou riscos e oportunidades relacionados aos impactos da perda da natureza e da biodiversidade (ou seja, a diversidade dentro e entre as espécies, e dos ecossistemas) como foco de engajamento, em comparação a 18% em 2023. Esses investidores querem que as empresas em setores de alto impacto avaliem suas dependências vinculadas à natureza como uma etapa para que se aborde os riscos materiais relacionados aos negócios (por exemplo, a dependência de uma empresa de bebidas em relação à água doce ou a dependência de uma empresa farmacêutica em relação a uma matéria-prima específica para um produto importante). Embora vários desenvolvimentos estejam catalisando ações neste âmbito (por exemplo, a finalização da estrutura da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza), os riscos e oportunidades de negócios relacionados à natureza continuam a ser uma questão emergente. Alguns investidores podem ter solicitações e expectativas específicas⁴, mas outros sugeriram que se empenharão em ouvir e ter conversas introdutórias.
5. IA responsável
A IA responsável surgiu como uma prioridade de engajamento pela primeira vez neste ano. Enquanto 19% dos investidores disseram que a IA, e particularmente a IA generativa, será um foco de engajamento neste ano, a maioria dos investidores disse que não será nesta fase inicial. Ainda assim, mesmo os investidores que não planejam ter a IA como foco de engajamento disseram que ainda esperam que a IA seja um assunto de discussão e estão considerando questões relacionadas, como perguntar às empresas como estão usando a IA em suas operações; como estão gerenciando os impactos relacionados ao trabalho e à força de trabalho; identificando e mitigando riscos, inclusive relacionados aos direitos humanos; aderindo a diretrizes para uma IA responsável; e alocando capital para iniciativas de IA. Muitos investidores sugeriram que abordariam as discussões relacionadas à IA com perguntas de alto nível e uma mentalidade de aprendizagem, não com expectativas definidas. De longe, o tópico de interesse mais citado em relação à IA (42% dos investidores) foi a governança e o papel do Conselho na supervisão de riscos e oportunidades de IA. Os investidores enfatizaram um interesse particular no treinamento e educação relacionados ao Conselho, inclusive de especialistas externos, para desenvolver a competência de seus membros.