A governança é um dos pilares de toda empresa bem-sucedida, e não é à toa que esse é um tema tão relevante para companhias de capital aberto.
Como bem define o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), governança “é o sistema pelo qual empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo o relacionamento entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.
As boas práticas, nesse tema, convertem princípios e pilares em recomendações objetivas, que alinham os interesses dos stakeholders, para otimizar o valor das empresas ao longo do tempo. Quando pensamos no contexto competitivo, a governança suporta o crescimento, com práticas que permitem uma avaliação e um balanceamento de risco e performance, gerando transparência e agregando valor. Neste sentido, também surgem novos requerimentos regulatórios, tanto de práticas e exigências que orientam a construção de políticas, regimentos e da própria estrutura das Companhias, como de divulgação.
Governança é um processo de evolução contínua, não apenas para quem busca fazer seu IPO, mas também para empresas que já têm capital aberto. O aumento da maturidade da sociedade é um dos fatores que motivam essa evolução contínua e gera novas exigências. O contexto competitivo, em constante mudança e com novos riscos, também impulsiona discussões sobre aprimoramento de práticas, de forma a trazer maior visibilidade de temas ao Conselho, considerando ainda a resiliência e crescimento sustentável.
Essa evolução também se dá pelo entendimento de que as práticas atuais precisam ser aprimoradas para atender às demandas do mercado e investidores. Atualmente, por exemplo, vemos uma grande discussão a respeito das práticas ESG e um movimento para um maior detalhamento do impacto das empresas sobre a sociedade e o ambiente, bem como das práticas realizadas para mitigar esses efeitos. Dessa forma, a governança corporativa avança para trazer informações cada vez mais relevantes para os stakeholders, criando um ciclo positivo de transparência e comunicação fluida entre todos os envolvidos nesse ecossistema. Vemos ainda um requerimento de divulgação de práticas conforme o Código de Governança Corporativa, no modelo “pratique ou explique”, que proporciona uma base ampla para comparação e acessível a investidores sobre práticas de governança corporativa.
Considerando a realidade de empresas que buscam abrir seu capital em Bolsa, a governança é uma forma de garantir que as informações relevantes para a tomada de decisões de investimento sejam disponibilizadas de forma ampla, respeitando padrões e desenvolvendo mais transparência no relacionamento com o mercado. Ela parte do princípio da prestação de contas sobre as ações da empresa, de forma clara, com diligência e responsabilidade, para criar um ambiente institucional mais sólido.
Implementar uma boa governança corporativa em uma empresa que busca realizar seu IPO não é algo que ocorre do dia para a noite. O processo de abertura de capital envolve a transformação completa de pessoas, processos e, principalmente, da cultura corporativa. Por isso, é fundamental realizar uma boa preparação, estruturando a comunicação da empresa com os públicos internos e externos a partir de processos e práticas bem definidas.
Empresas de capital aberto precisam prestar contas de suas iniciativas e resultados, oferecendo informações importantes de acordo com ritos e prazos bem definidos. Neste momento em que a busca pela abertura de capital está aquecida, fica ainda mais claro para as empresas a importância de desenvolver boas práticas de governança corporativa, uma vez que elas oferecem mais segurança aos investidores, além de suportar os processos internos de tomada de decisão e divulgações.
Desenvolver a governança corporativa vai se tornando, cada vez mais, uma necessidade estratégica para empresas que buscam o crescimento, em um movimento que é muito positivo para toda a economia. Mesmo empresas que ainda estão distantes do IPO já percebem os benefícios de seguir as melhores práticas de governança corporativa, considerando a atratividade para investidores e potencial abertura de novas oportunidades de financiamento em condições mais interessantes. E esse é um processo que não tem volta: empresas que iniciam o movimento para o IPO, independentemente de abrir ou não o capital, já colhem grandes benefícios ao trabalhar em um formato de discussão de melhores práticas. Entre esses benefícios está a oportunidade de contar com conselheiros independentes, que trazem novas visões para a empresa, a transparência nas relações internas e externas, e a aderência aos critérios gerenciais e de divulgação de informações aceitos globalmente.
O desenvolvimento da governança é um caminho a ser trilhado individualmente pelas empresas. Não existe uma fórmula que funcione para todos: há melhores práticas a serem seguidas, mas a empresa precisa fazer o exercício de entender a melhor maneira de seguir essas práticas, encontrando seu próprio modelo. Isso gera uma discussão importante para a validação de processos e estruturas de negócios que fomentam uma cultura mais aberta e transparente e que valoriza a diversidade de visões.
Para guiar sua empresa em toda esta jornada do IPO, lançamos o Guia para abertura de capital - Considerações estratégicas antes, durante e após o IPO, que você pode conferir aqui, na íntegra.