São Paulo, 24 de abril de 2023 – A pandemia de Covid-19 arrefeceu, mas os reflexos do período ainda impactam sociedade e empresas. É verdade que novas tecnologias surgiram e muitos atributos tiveram de ser desenvolvidos, especialmente por parte de CEOs, contudo, há atualmente uma conjuntura de fatores - crise geopolítica, guerra, interrupções das cadeias de suprimentos globais e escassez de talentos - que demandará ainda mais habilidade dessas lideranças.
É o que aponta a pesquisa trimestral CEO Outlook Pulse, da EY, com 50 presidentes de companhias no Brasil. O levantamento identifica questões consistentes sobre desafios e oportunidades, estratégia de crescimento, otimização de portfólio e fusões e aquisições (M & A).
A maioria dos entrevistados – 98% – acredita em uma desaceleração da economia, entretanto, há divergências sobre sua duração, profundidade e gravidade, em parte por essa combinação de fatores citada anteriormente. Para as lideranças, reestruturação é agenda prioritária: o foco é recuperar a rentabilidade da operação e fortalecer o caixa, a fim de resistir ao período de turbulência.
“Projetar e entregar uma estratégia para gerar valor para todas as partes interessadas nunca foi tão desafiador. Os CEOs estão sendo confrontados com um número crescente de riscos e desafios desencadeados por eventos externos, o que exige que se adaptem rapidamente”, avalia Leandro Berbert, sócio de Estratégia e Transações da EY Brasil.
Iniciativas de redução geral de custos e proteção das margens são consideradas importantes para 98% dos executivos entrevistados. As revisões de projetos e investimentos também são temas fundamentais para 92% dos executivos. 77% dos executivos afirmam que as fusões e aquisições serão realizadas em mercados onde seu país de origem tem uma forte relação geopolítica e econômica. 66% esperam buscar joint ventures ou alianças estratégicas com terceiros, enquanto 44% espera prosseguir ativamente com fusões e aquisições nos próximos doze meses.
Dos líderes ouvidos, 44% estão realocando os ativos operacionais e 42% estão reconfigurando as cadeias de suprimentos. Além disso, CEOs estão alterando investimentos estratégicos por diferentes fatores, como políticas regulatórias restritivas e a incerteza política. 37% dos CEOs apontam essas políticas como o principal impulsionador para essas decisões.
“Os executivos já perceberam a importância de reavaliar suas estruturas e processos de governança, além de acompanhar de perto os desdobramentos macroeconômicos e como eles impactam a estratégia atual da empresa, com foco na gestão e antecipação de riscos, garantindo decisões tempestivas e estratégicas”, ressalta Berbert.
É nos desinvestimentos que o mercado de fusões e aquisições provavelmente registrará negócios maiores em 2023, com empresas prontas para desencadear divisões e cisões maiores. A tendência segue alta, já que essa modalidade esteve em alta em 2020 e 2021.
Se desfazer de um negócio que não se encaixa na estratégia da companhia pode liberar recursos e atenção para assegurar a sustentabilidade da companhia remanescente. Apesar da necessidade de preservar o caixa, os CEOs brasileiros permanecem focados em transformação digital, inovação, pesquisa e desenvolvimento e gestão de talentos, como revelam suas prioridades de investimento.