O desenvolvimento rápido da tecnologia está provocando mudanças significativas no departamento jurídico das empresas, de acordo com o estudo “2025 Law General Counsel”, produzido pela EY em parceria com a Oxford Economics. Seus profissionais estão sendo desafiados a avaliar esse cenário, que embora complexo e de riscos para as organizações, traz oportunidades de aumentar a produtividade e a capacidade de criar produtos e serviços inovadores.
Os advogados estão sendo consultados para determinar como os negócios podem perseguir essas oportunidades dentro de um nível de risco considerado aceitável. Nesse contexto, a velocidade de resposta e o entendimento detalhado das tecnologias envolvidas são dificuldades enfrentadas pelos profissionais jurídicos. O mesmo raciocínio se aplica às mudanças geopolíticas, que acabam por refletir nas empresas, exigindo do profissional jurídico a capacidade de se antecipar a transformações críticas que podem impactar o negócio.
No total, foram entrevistados mil líderes de departamentos jurídicos e CLOs (Chief Legal Officers) de organizações provenientes de sete indústrias, 21 setores e 21 países, incluindo o Brasil, com US$ 1 bilhão ou mais em faturamento anual. Mais de 60 perguntas foram feitas aos entrevistados sobre desafios, prioridades e perspectivas dos departamentos jurídicos em um cenário de necessidade de inovação em meio à disrupção e incerteza próprias dos dias de hoje. As entrevistas foram realizadas entre novembro do ano passado e março deste ano.
As complexidades regulatórias, muitas delas geradas pela ascensão das tecnologias, também estão trazendo desafios significativos para 75% dos profissionais jurídicos entrevistados, considerando principalmente o volume de alterações em áreas como inteligência artificial, proteção de dados e sustentabilidade.
Nos últimos anos, a aprovação de legislações como o GDPR na União Europeia e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) no Brasil exigiram um esforço significativo de conformidade das empresas de todos os setores econômicos, especialmente aquelas que tratam volume alto de dados como parte de suas operações. O momento atual é de aprovação de regulações voltadas para IA em todo o mundo, com a União Europeia, a exemplo do que ocorreu com a privacidade, novamente à frente nesses esforços, com o AI Act, que já entrou em vigor inclusive.
Atualizações regulatórias
Com tantas alterações regulatórias ao mesmo tempo, há um desafio para o profissional jurídico de acompanhar todas as jurisdições, especialmente se a empresa que eles representam tem uma atuação global. Ainda segundo o estudo 2025 Law General Counsel, o monitoramento das atualizações regulatórias das diferentes jurisdições é um desafio apontado por 60% dos departamentos jurídicos, enquanto cerca de metade reporta dificuldades em fornecer um direcionamento nos locais de regulação ainda incerta. Na avaliação de uma entrevistada pelo estudo, a capacidade de fornecer orientação jurídica em situações como essa nas quais ninguém sabe a resposta correta e muito menos a direção correta é imperativa para manter os negócios competitivos. Atualmente, ainda segundo essa respondente, que representa uma visão comum no mercado, é preciso saber operar no escuro em certos casos.
Essas percepções dos departamentos jurídicos das empresas estão em consonância com as dos CEOs. Na avaliação dos líderes das organizações, as principais forças disruptivas que estão apresentando desafios significativos para os departamentos jurídicos das suas empresas são a geopolítica (76% das respostas); o ambiente regulatório (75%); os avanços tecnológicos como a IA (74%); as expectativas dos consumidores e dos negócios (66%); e a sustentabilidade (54%).
A inteligência artificial tem sido cada vez mais utilizada pelas empresas para inovar e tornar mais produtivo o dia a dia dos seus negócios. Há, no entanto, diversas dúvidas sobre como desenvolver e operacionalizar esses sistemas evitando os riscos que podem comprometer os resultados financeiros e a reputação das organizações. Nesse contexto, a EY lançou a série “IA aplicada aos negócios: Como utilizar essa tecnologia com segurança e governança para gerar inovação”, que, além desta reportagem, já publicou as seguintes:
IA generativa para fins tributários atende às obrigações fiscais e gera inteligência
Empresas adotam IA generativa na gestão do contencioso tributário
IA em 2024 requer fortalecimento da governança em assuntos como proteção de dados
Estudo da EY aponta cinco tendências globais para regulamentação de IA
Monitoramento por IA das emissões de metano já é realidade na indústria de gás e petróleo
Empresas precisam desde já adotar as melhores práticas de IA
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