“Winning Women preparou minha empresa para a venda”, diz Marilia Frazillio, da FF Solutions

Representante homenageada da categoria Winning Women da edição deste ano do EOY (Empreendedor do Ano), Marilia Frazillio, CEO Latam da FF Solutions, destaca, como desafios de negócio, a profissionalização e a sucessão em empresas familiares. Fundada em 1995 por sua mãe, a FF Solutions, uma empresa de tecnologia, consolidou-se no mercado até chegar a um ponto de inflexão em 2018. “Foi um momento muito triste. Minha mãe descobriu um câncer em fase terminal”, relembra. A empresa estava bastante centralizada nela, já que o sucesso da FF Solutions se deveu à sua dedicação ao longo de mais de duas décadas. “Quando assumi como sucessora, busquei desde o início tirar essa dependência de uma única pessoa, já que essa situação impõe muitos desafios para a continuidade ou sustentabilidade do negócio”, diz. 

Para isso, fez diferença um plano estratégico de governança desenvolvido como parte das atividades do programa Winning Women. “Participei da turma de 2022 e posso afirmar que essas contribuições foram decisivas para a venda recente da FF Solutions para a Symetri, líder em soluções digitais com presença em mais de 20 países”, completa a executiva. 

Confira abaixo a entrevista na íntegra.

1) Você participou do programa Winning Women. Qual foi o papel dessa mentoria na decisão de vender seu negócio?

MARILIA: A FF Solutions foi fundada em São Paulo por minha mãe em 1995. Oferecemos um portfólio abrangente de soluções tecnológicas, consultoria estratégica e capacitação profissional que impulsionam a adoção de processos digitais e práticas sustentáveis. Nosso trabalho está voltado para os seguintes mercados: arquitetura, engenharia, construção e manufatura. Passamos por um processo de sucessão a partir de 2018 e, recentemente, por uma transição definitiva. Vendemos a operação total em agosto para a Symetri, um grupo sueco de capital aberto com presença global. 

Minha participação na turma de 2022 do Winning Women foi muito importante porque, além de o programa ter contribuído para a concretização desse negócio, aconteceu em um momento complexo. Minha mãe, que era minha sócia, estava em fase terminal de um câncer. A entrada no programa coincidiu praticamente com o falecimento dela. Quando as mentoras me perguntaram o que eu queria com a empresa, fui firme: quero vender. Elas me desafiaram para testar se eu estava segura dessa decisão. A partir disso, da minha confirmação, construímos o plano de venda, um processo conjunto para criar o portfólio necessário para a transação.

2) Muitas empreendedoras citam a governança como um pilar trabalhado no Winning Women. Como isso foi feito na sua empresa familiar?

MARILIA: A sociedade era apenas entre mim e minha mãe. Após a saída dela, fiquei sozinha no negócio. Sem sócios, a governança é ainda mais difícil, pois a decisão é sempre solitária. O projeto de profissionalização visou trazer robustez: implementamos conselho, sistemas e processos. Como trabalhamos muito com órgãos públicos, buscamos certificações e selos. Isso foi essencial para alavancar o crescimento e preparar a casa para a venda.

3) Você considera que essa preparação foi fundamental para passar pelo crivo de um grupo internacional de capital aberto?

MARILIA: Exato. O plano tinha duas frentes: achar um comprador e profissionalizar a empresa para que ela rodasse sozinha. Em 2018, sofremos com a centralização da empresa na figura da minha mãe, que ficou doente e precisou se afastar do dia a dia. Como sucessora, decidi que não passaríamos por isso novamente. O plano de profissionalização para que a empresa rodasse sozinha nasceu dessa necessidade de garantir que o negócio não sofresse novamente com a ausência do líder, trazendo robustez na definição de processos e pessoas responsáveis por eles. 

A governança trouxe a robustez necessária para enfrentar o due diligence de uma empresa sueca. Esse processo tem grau ainda maior de complexidade em negócios assim. Estamos falando de uma empresa de capital aberto nascida em um país estrangeiro como a Suécia, que é rigoroso. Mas foi recompensador constatar que fizemos o trabalho corretamente, deixando a governança suficientemente preparada. Essa lição de casa de arrumar os processos e estabelecer o compliance foi fundamental para passarmos pelo crivo da Symetri.

4) Como tecnologia, incluindo os impactos da IA, e engenharia se conectam no modelo de negócios da empresa?

MARILIA: A engenharia precisa da tecnologia. Nesse sentido, trabalhamos com transformação digital, trazendo processos tradicionais de engenharia para dentro dos softwares. Representamos grandes fabricantes que já estão implementando inteligência artificial para aumentar a produtividade. Enxergamos que, em um futuro próximo, a IA será muito presente nesses mercados, alterando a rotina dos profissionais e trazendo inovações que farão a diferença para todos os envolvidos.

5) Qual é a sensação de ser reconhecida no EOY logo depois de vender sua empresa?

MARILIA: É o fechamento de um ciclo e o começo de outro. Participar do Winning Women foi essencial, especialmente porque entrei no programa quase no mesmo momento em que minha mãe faleceu. Ter o apoio das mentoras e do grupo de empreendedoras nessa fase difícil da minha vida foi um presente. Ver essa consolidação agora, com a venda da FF Solutions comunicada para todo o mercado, traz sentimento de dever cumprido e reconhecimento pela estrutura sólida construída.

Nova edição do EOY

Idealizado e promovido pela EY desde 1998 no Brasil, o programa Empreendedor do Ano reconhece líderes empresariais de setores e mercados distintos que, com sua visão de futuro, têm algo em comum: a vontade de transformar a realidade do país, deixando seu legado e contribuindo para a construção de um mundo de negócios melhor. 

As inscrições já estão abertas para a 29ª edição. Inscreva-se neste link! 

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Este conteúdo faz parte da série da Agência EY com representantes homenageados da edição 2025 do programa EOY - Empreendedor do Ano. Leia as entrevistas anteriores:

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