4 Minutos de leitura 8 nov 2022
mulher oriental vestida de branco trabalhando.
Reimagining Industry Futures

Os desafios para acelerar a jornada 5G nas empresas

Por José Ronaldo Rocha

Sócio da EY e Líder de consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT) para LAS

Sócio da EY e Líder de consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT). Atua em projetos estruturantes na América Latina.

4 Minutos de leitura 8 nov 2022

A implementação do 5G está em ritmo acelerado no Brasil. Em São Paulo, um número superior aos associados às obrigações atuais de cobertura já se encontra em funcionamento, sendo que a meta é alcançar 100% da disponibilidade em 2025. A antecipação do cronograma é explicada pelo interesse das empresas de telecomunicações em fazer a tecnologia "pegar" rápido no País. Isso porque o investimento em 5G reforça o pioneirismo da marca, facilita a captação de novos clientes, fideliza os melhores cliente da carteira, e estabelece as bases para organizações que buscam ter protagonismo nesta nova era da tecnologia. O adiantamento da implantação da tecnologia 5G, em relação às obrigações também faz sentido competitivo, o adiantamento em relação à concorrência na disponibilidade de novos e melhores serviços é crucial, e também faz sentido do ponto de vista técnico e econômico, já que a nova geração é bem mais eficiente do ponto de vista de custo por unidade de tráfego de dados (Mbts/s), de consumo de espectro e de energia.

Como informado no primeiro artigo desta série de conteúdos, o 5G veio para ficar. Não se trata apenas de uma evolução pontual em relação a tecnologias anteriores, demonstrada em downloads mais rápidos no celular. A quinta geração de internet móvel representa muitas novas possibilidades de conexão de dados, tanto na comunicação entre pessoas quanto na interação entre objetos ou M2M (Machine to Machine). O upgrade tecnológico, portanto, é mandatório e se tornou questão de sobrevivência empresarial. A tendência é de que cada vez mais setores incorporem o 5G em seus modelos de negócios, mas ainda há barreiras a serem transpostas.

O estudo global Reimagining Industry Futures, conduzido pela EY, investigou os desafios que dificultam a adoção do 5G pelas empresas. Dentro das organizações, os principais entraves estão relacionados ao desconhecimento de como integrá-lo a tecnologias já existentes, a barreiras culturais e à falta de engajamento das lideranças com o tema. Fora delas, a preocupação maior é com a falta de clareza sobre a política ou regulamentação, com a maior dependência de parceiros e fornecedores e a falta de disponibilidade de dispositivos.

Enquanto a tecnologia está em fase de implementação, é natural que surjam mais dúvidas do que respostas. Os prestadores de serviços de telecom e fornecedores de tecnologia, responsáveis por prover a conexão e fornecer os dispositivos conectados, assumiram o papel de alavancar a construção da rede 5G. Esse processo é capitaneado tanto por empresas atuantes no setor quanto por novas entrantes. É a construção de uma infraestrutura robusta que vai viabilizar a segunda camada da tecnologia, marcada pelo desenvolvimento de aplicações baseadas no amplo potencial a ser explorado, compondo um ecossistema de infraestrutura, dispositivos e soluções que irá se desenvolvendo e amadurecendo.

Como endereçar os desafios internos de implementação

De acordo com a pesquisa da EY, explorar o relacionamento do 5G com outras tecnologias emergentes continua sendo a principal prioridade das empresas brasileiras daqui para frente. A solução para endereçar essa questão passa pelo olhar estratégico de identificar pessoas, e parcerias capazes de fazer a intersecção entre as mais variadas aplicações. Um exemplo seria a criação de equipes especializadas na aquisição e no processamento de dados com as tecnologias 5G, utilizando ferramentas e aplicativos com recursos, como Big Data, Analytics e de Inteligência Artificial.

Por ser uma tecnologia nova, os ganhos ainda não são claros para a maioria das lideranças nas organizações nacionais. No entanto, o cenário é extremamente promissor com o desenvolvimento das soluções e ecossistemas de cada vertical. O 5G deveria ser incluído no planejamento de médio e longo prazo como parte do tema de tecnologias disruptivas, em parceria com as áreas de inovação. Nesse caso, quando um produto for lançado, a empresa poderá avaliar, a oportunidade de capturar dados visando obter mais informações, controle e gerenciamento sobre suas aplicações.

Como consequência do cenário de incertezas, a falta de apoio orçamentário aparece entre os desafios críticos da implementação adequada do 5G, o que é natural no estágio de desenvolvimento atual da tecnologia e dos ecossistemas associados. Sendo uma tecnologia ainda em desenvolvimento, é preciso entender que a rentabilidade não está diretamente associada a ela neste momento, mas que o seu entendimento, para posterior planejamento e implantação será essencial para buscar soluções inovadoras que tragam vantagens competitivas.

E os desafios externos?

Para vencer a falta de clareza sobre a política do 5G industrial, principal desafio externo listado pelas lideranças, é preciso que o Estado seja mais ágil em suas definições conferindo segurança jurídica para os investidores. É senso comum que a tecnologia avança mais rapidamente que a legislação. O desafio está na diminuição dessa lacuna para a criação de um ambiente regulatório seguro e que ao mesmo tempo estimule a geração de novos negócios com as oportunidades criadas pelas novas tecnologias.

Dois pontos são muito relevantes: primeiro, a correta observação por parte das empresas dos critérios da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) na definição de estratégias de uso e de monetização de dados; segundo, a facilitação das condições para a implantação dos necessários novos sites, que tem tido sua instalação atrasada por motivos burocráticos.

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) tem desempenhado um excelente trabalho na criação de um ambiente e de ferramentas regulatórias na tentativa de eliminação de algumas das barreiras para a implantação do 5G no Brasil ao facilitar e promover o acesso a frequências. No entanto, a maior parte do Estado brasileiro não tem a percepção das urgências associadas, e ações modernizadoras para eliminar barreiras para a implantação de recursos tecnológicos são necessárias, visando minimizar um dos maiores problemas da nossa economia que é a baixa produtividade.

Outro desafio externo relevante é a falta de dispositivos 5G, cenário que não chega a surpreender dado que a tecnologia está em desenvolvimento. Além disso, o caminho para o amadurecimento desse ecossistema é longo: começa com a especificação de sistemas, desenvolvimento e produção de chipsets, recursos com elevada complexidade tecnológica, posteriormente deverá ocorrer o desenvolvimento de sistemas, terminais e dispositivos conectados, além de aplicativos e serviços, e progressivamente, todo o ecossistema ganhará em maturidade.

O processo de evolução de novas tecnologias para o setor deve ser visto com naturalidade, e com segurança pelas empresas, uma vez que o 5G foi padronizado pela UIT- União Internacional das Telecomunicações (agência da ONU para as Telecomunicações), com o suporte dos estados nacionais, operadoras, fornecedores de tecnologia de todo o mundo, tendo a sua adoção comprometida por todos os agentes relevantes do mercado mundial. É uma questão de tempo para que a produção de equipamentos, terminais, aplicações e serviços avance. As operadoras e fornecedores têm investido pesadamente, os consumidores terão interesse progressivo, conforme novas aplicações surjam e contemplem suas necessidades, o poder público por sua vez, também deve promover políticas que favoreçam este desenvolvimento, contemplando objetivos essenciais como aumento da produtividade e inclusão digital. Diante de todas as evidências mercadológicas, é possível afirmar sem medo de errar: o 5G será o padrão oficial para dispositivos conectados, tanto por sua capacidade de utilização massiva quanto pela sua capacidade e eficiência na transmissão de dados, aspectos essenciais para impulsionar a economia e a produtividade.

Mostrar recursos

Autor

José Ronaldo Rocha
Sócio da EY e líder de consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT) para América do Sul

Colaboração

Rafael Pessoa
Gerente de Desenvolvimento de Negócios da EY para o segmento de Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT)

Eduardo Moreno
Consultor sênior e especialista em 5G e IoT

Resumo

De acordo com a pesquisa da EY, explorar o relacionamento do 5G com outras tecnologias emergentes continua sendo a principal prioridade das empresas brasileiras daqui para frente. A solução para endereçar essa questão passa pelo olhar estratégico de identificar pessoas, e parcerias capazes de fazer a intersecção entre as mais variadas aplicações. Por ser uma tecnologia nova, os ganhos ainda não são claros para a maioria das lideranças nas organizações nacionais. No entanto, o cenário é extremamente promissor com o desenvolvimento das soluções e ecossistemas de cada vertical.

Sobre este artigo

Por José Ronaldo Rocha

Sócio da EY e Líder de consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT) para LAS

Sócio da EY e Líder de consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT). Atua em projetos estruturantes na América Latina.