O empreendedor brasileiro do ano de 2017 e global de 2018 afirma que a construção civil é um setor sensível aos juros, pois depende de financiamento tanto para a produção quanto para o cliente, que recorre a essa operação para adquirir o imóvel
Na nova entrevista da série com representantes homenageados da categoria Master das edições anteriores do programa EOY, conversamos com Rubens Menin, escolhido em 2017 o empreendedor brasileiro do ano e, em 2018, no âmbito global. Pela primeira e até aqui única vez no WEOY, um brasileiro foi considerado o empreendedor do ano no mundo. Menin é engenheiro civil, fundador de diversas empresas, entre elas a MRV, hoje Grupo MRV&CO; Banco Inter; e LOG, além de ser um dos responsáveis por trazer a CNN para o Brasil. Como filantropo, ele acredita que o acesso à educação, à cultura e ao esporte representa a base da formação dos cidadãos. Por isso, criou o Instituto MRV, que objetiva a transformação social e a melhora da qualidade de vida dos brasileiros. É, ainda, um dos fundadores do Movimento Bem Maior.
1) Como foi ser homenageado no Empreendedor do Ano em 2017?
RUBENS: A homenagem foi o reconhecimento à história da MRV, seu impacto, pioneirismo e retorno para a sociedade. Acredito que esse trabalho realizado na empresa fez diferença para que eu fosse eleito empreendedor do ano de 2017.
2) Por ter sido o homenageado Master no EOY de 2017, você representou o Brasil na etapa mundial realizada no ano seguinte e foi bem-sucedido, tendo sido escolhido empreendedor global. Como foi essa experiência?
RUBENS: Foi incrível. Eu não esperava ser escolhido World Entrepreneur of The Year 2018 em uma lista de quase 50 empreendedores de diversos países, com histórias maravilhosas, que buscam formas de mudar o mundo por meio do empreendedorismo. Minha escolha foi a prova de que o Brasil é capaz de gerar empreendedores de influência global. A história da MRV, que já possibilitou que milhares de brasileiros realizassem o sonho da casa própria, é muito impactante, já que construímos sonhos que transformaram o mundo de um a cada 150 brasileiros.
3) Quais foram as mudanças ocorridas na MRV de 2017 para cá?
RUBENS: Depois de 40 anos de mercado e já consolidada como a maior construtora residencial brasileira na América Latina, a MRV deu mais um importante passo para seu crescimento ao adquirir a AHS Residential, hoje Resia, que atua exclusivamente no mercado de locação de imóveis nos Estados Unidos. Com a aquisição, iniciamos um intercâmbio de tecnologias, internacionalizando nosso grupo. O sonho agora é nos consolidarmos como uma plataforma mundial de soluções habitacionais.
4) O cenário atual de juros altos está sendo desafiador para diversos setores, incluindo construção civil. Como o setor está respondendo a essas condições?
RUBENS: Os juros altos são muito desafiadores para toda a economia e não é diferente para a construção civil. A sociedade precisa fazer um pacto contra os juros altos. No Brasil, somos lenientes em relação aos juros e nunca realmente enfrentamos essa questão. A consequência disso é que tudo que produzimos é mais caro do que em outros países. Isso precisa mudar. A construção civil é um setor sensível aos juros, pois depende de financiamento tanto para a produção quanto para o cliente, que recorre a essa operação para adquirir o imóvel. Apesar disso, devido ao elevado déficit habitacional, aliado à tradição e à qualidade oferecidas por nosso grupo, já estamos sentindo a recuperação do número de vendas e da margem bruta.
5) O Brasil está entre os países com maior número de empreendedores. Considerando sua trajetória profissional e os desafios enfrentados, quais são suas orientações para essas pessoas?
RUBENS: A maioria das empresas morre por falta de capacidade financeira, não porque seu produto ou serviço é ruim. Então, disciplina financeira é fundamental. Outro ponto é estar aberto à inovação e às novas tecnologias e meios para alcançá-las. A casa própria é um problema no mundo todo – para países em desenvolvimento e ricos. O propósito da MRV, de possibilitar essa conquista, sempre foi forte e claro, o que atrai boas pessoas para nosso time. Gente é a diferença entre ganhar e perder o jogo. Você pode ter uma bela tecnologia, uma boa estrutura financeira, mas se não tiver capital humano, não vai ganhar a guerra.
Edição 2023 do EOY
Idealizado e promovido pela EY desde 1998 no Brasil, o programa Empreendedor do Ano reconhece líderes empresariais de setores e mercados distintos que, com sua visão de futuro, têm algo em comum: a vontade de transformar a realidade do país, deixando seu legado e contribuindo para a construção de um mundo de negócios melhor. As inscrições para a 26ª edição já estão abertas e podem ser feitas aqui.
Esta entrevista faz parte da série da Agência EY com representantes homenageados da categoria Master do programa EOY – Empreendedor do Ano. Leia abaixo as entrevistas já publicadas.
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