O que impulsiona a eficácia do conselho em meio à incerteza

Em uma era marcada por mudanças rápidas e crescente complexidade, a supervisão eficaz do conselho nunca foi tão essencial.

Em resumo

• Os conselhos corporativos podem aproveitar sua perspectiva de longo prazo para ajudar a empresa a navegar, se preparar e ajustar a estratégia para os desafios futuros.
• Um forte alinhamento entre conselheiros e administração sobre riscos e apetite ao risco é uma parte crucial da resiliência estratégica e da resposta eficaz à mudança.
• As conversas do conselho sobre esses tópicos-chave promovem a agilidade da empresa: evoluindo a estratégia em um ambiente caótico, alinhando-se sobre riscos e superando barreiras à mudança.

Em tempos incertos, as equipes executivas frequentemente se concentram em gerenciar desafios de curto prazo, centrando sua atenção no que pode mudar no ambiente operacional nos dias, semanas ou meses seguintes. Os conselhos corporativos trazem uma perspectiva de governança de longo prazo e estão em uma posição única para ajudar a administração a pensar mais adiante e se preparar para riscos e oportunidades estratégicas além do horizonte imediato.

Os conselhos reconhecem essa necessidade, de acordo com uma pesquisa realizada com quase 200 conselheiros de empresas abertas pela Corporate Board Member e pelo Center for Board Matters da EY Estados Unidos. Usando os resultados da pesquisa e as percepções obtidas a partir de conversas contínuas com conselheiros líderes, oferecemos uma visão do que os conselheiros consideram as chaves para a resiliência e sugerimos quatro conversas que os conselhos podem ter para ajudar a administração a agir.

Principais conclusões da pesquisa

A definição de estratégia dinâmica é necessária em um ambiente caótico

Muitos conselhos reconhecem que as estratégias que tornaram suas empresas bem-sucedidas no passado provavelmente não levarão aos mesmos resultados no futuro. O mundo está mudando rapidamente, e muitos antecipam que os conselhos enfrentarão uma transformação significativa em seus negócios. Mais de um terço dos conselheiros relatam que fatores externos fora de seu controle influenciam a tomada de decisões de suas organizações de forma mais significativa do que fatores internos. Não surpreende que quase três quartos (73%) afirmem que, devido ao constante estado de mudança imprevisível, sua estratégia está em constante evolução — e seis em cada dez nos dizem que sua estratégia precisará mudar dentro de 12 a 18 meses.

A maioria dos conselheiros entrevistados relata um forte alinhamento em seu conselho e com a administração sobre quais são os desafios atuais mais urgentes. Um entendimento disso é que conselhos e administração estão trabalhando bem juntos. Sob uma perspectiva alternativa, os conselhos podem estar confiando de forma acrítica nas informações da administração e poderiam se beneficiar dos resultados das conversas descritas neste relatório. Muitos conselhos de liderança tratam o consenso frequente com saudável ceticismo, para evitar o pensamento de grupo. Eles consideram a unanimidade como um sinal para examinar mais de perto seu alinhamento junto à administração, ajudando a garantir que não haja preconceitos inconscientes em jogo.

Conselheiros e administração se alinham sobre os riscos atuais — mas alguns conselheiros veem oportunidade em assumir mais riscos

Os conselheiros relatam um forte consenso entre o conselho e a administração sobre os riscos que a empresa enfrenta e quanto risco assumir. Uma grande maioria dos membros do conselho (87%) acredita que seu conselho e a equipe de administração estão em sintonia sobre os riscos. Além disso, parece haver um forte alinhamento sobre o apetite ao risco. Noventa e um por cento dos conselheiros acreditam que comunicam claramente o apetite ao risco e 80% relatam que a administração demonstra evidências de que o compreendeu. No entanto, um terço dos conselheiros gostaria que a administração assumisse mais riscos no momento — para agir de forma mais agressiva em alinhamento com o apetite ao risco. Agir em um mundo incerto pode ser difícil para muitas equipes de administração. Determinar como agir quando novos riscos surgem, a estratégia muda e o ambiente operacional imprevisível é ainda mais desafiador. Como os autores da EY compartilharam em "Como os conselhos podem redefinir a resiliência estratégica em tempos de incerteza", conselheiros em empresas resilientes (ou seja, aquelas que podem responder, se adaptar e prosperar em resposta à mudança) prosperam ao adotar uma perspectiva estratégica sobre a resiliência e incorporá-la em seu trabalho.

Existem barreiras significativas para responder efetivamente à mudança

Para apoiar as equipes de administração, enquanto ajustam a estratégia da empresa e respondem a eventos externos, os conselhos podem aplicar uma perspectiva de longo prazo. Isso ajuda as empresas a prever melhor as mudanças e se tornarem mais resilientes, mais ágeis e mais capazes de responder aos desafios à medida que surgem. Quando perguntamos aos membros do conselho sobre como melhorar a resiliência e a resposta à mudança externa, as duas maiores barreiras mencionadas foram as interrupções dentro de sua indústria (50%) e as interrupções na economia em geral (45%). Além disso, 32% relataram que o foco da administração no desempenho financeiro de curto prazo criou um desafio substancial para a resiliência eficaz. A visão de longo prazo dos conselhos pode ajudar a administração a elevar sua perspectiva para que a resposta à mudança prepare a organização para o sucesso sustentável no futuro. Também pode ajudar a dar às equipes executivas confiança para fazer escolhas de longo prazo, cujos benefícios possam não ser percebidos no curto prazo.

Os conselheiros apontam a composição da liderança e a cultura como fatores críticos de sucesso

Também perguntamos aos conselheiros sobre as chaves para o sucesso, e vários fatores se destacaram. Esses fatores se concentram na combinação certa de habilidades e experiências, na cultura adequada e em uma compreensão profunda do negócio. Ter conselheiros e administração com as habilidades certas em vigor (72%) é visto como o atributo mais importante para responder efetivamente a mudanças previstas e imprevistas. Simplificando, os conselheiros nos dizem que a experiência importa. Criticamente, essa experiência deve ser concretizada por meio da estrutura do conselho (37%) e como ele realiza seu trabalho. Uma cultura de sala de conselho de desacordo construtivo (55%) e a compreensão dos conselheiros tanto do negócio (51%) quanto de suas responsabilidades de supervisão (29%) moldam a maneira como os conselheiros transformam habilidades em ação. Para garantir que os conselhos permaneçam prontos para agir, muitas vezes é válido atualizar e renovar periodicamente a perspectiva do conselho sobre a resiliência estratégica de longo prazo.

Conversas-chave para impulsionar a ação da empresa

É claro que a experiência e a perspectiva de longo prazo dos conselhos são componentes críticos para antecipar e responder a mudanças, que foi o principal facilitador de resiliência em nossa pesquisa. No entanto, não é suficiente simplesmente reunir um conselho composto por executivos altamente experientes. Conselhos líderes se envolvem em várias conversas críticas para garantir que a experiência seja convertida em ação. Para melhorar a resiliência e responder melhor à interrupção, CEOs e conselheiros não podem esperar até que a estratégia esteja formalmente na agenda da sala de reuniões, uma vez por ano. Em vez disso, a estratégia precisa estar incorporada nas conversas ao longo do ano. Os princípios para cada uma dessas conversas são extraídos das práticas de conselheiros líderes e seus conselhos. Cada conselho deve determinar quais conversas precisa ter e onde na agenda e na cadência das reuniões elas se encaixam melhor.

Esta é uma tradução de conteúdo da EY Estados Unidos. A versão original, em inglês, está disponível em: What drives board effectiveness amid uncertainty.