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CEO Outlook Survey: líderes brasileiros estão mais pessimistas e focados na resiliência 

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Pesquisa da EY-Parthenon aponta CEOs buscando abordagens inorgânicas, melhorias em performance e lucratividade e investimento em tecnologia, enquanto aguardam uma mudança no cenário atual de austeridade no capital


Em resumo

  • 48% dos CEOs globais estão muito ou um pouco pessimistas com as perspectivas para os próximos 12 meses (vs. 30% em setembro de 2024).
  • 62% acreditam que é muito importante ou crítico repensar as lacunas de talentos e capacidades em relação às tecnologias emergentes.
  • 84% concordam que a qualificação bem-sucedida da força de trabalho em IA definirá quais empresas surgirão como líderes do setor.

Em meio a um cenário de tensões geopolíticas e comerciais que se prolonga, a última edição do CEO Outlook Pulse, conduzida pela EY-Parthenon, reflete grande preocupação dos líderes empresariais em relação à agenda econômica e às incertezas do futuro. O recorte da edição Brasil, que traz a leitura de 50 CEOs entrevistados em novembro e dezembro de 2024, captura a intenção dos executivos em atuar no desenvolvimento de melhorias operacionais e de resiliência dos negócios.

Isso porque, acompanhando a movimentação do cenário macroeconômico, como já era de se esperar, esses executivos estão mais pessimistas: o índice local subiu para 46% (contra os 26% levantados na pesquisa de setembro de 2024). Um aumento considerável, mas esperado, tendo em vista o ciclo de elevação de custos, da taxa básica de juros da economia e outros fatores que vêm minando o otimismo dos líderes empresariais.

CEO Outlook Survey - Gráfico 1

Nesse contexto, como medida de curto prazo, a ordem é focar em iniciativas para melhora de rentabilidade e da eficiência, visando aprimorar sua capacidade de adaptação e recuperação. Essa deve ser a principal estratégia adotada enquanto se espera pela melhora do panorama que viabilize a retomada as transações.

O movimento deixa claro que, diante de um cenário de mais austeridade no capital, as empresas estão buscando a disciplina operacional e financeira para tentar manter os negócios saudáveis.

Sendo assim, todos os entrevistados planejam partir para iniciativas inorgânicas, como desinvestimento para priorizar negócios com melhor rentabilidade, e as alianças estratégicas. Práticas menos custosas e que combinam com a agenda de capital do momento.

Estratégias e recomendações

Olhando para o contexto, o mercado de capitais praticamente fechou para captações e vimos cada vez mais empresas pensando em como fazer parcerias sem dispender capital nessas transações. Sem surpresa, a pesquisa indica que 100% delas planejam buscar iniciativas inorgânicas nos próximos 12 meses.

Essas inclinações combinam com a agenda de capital atual. Na pesquisa anterior, 26% se mostravam pessimistas em relação às condições dos mercados financeiros e à capacidade de levantar capital. Nesta mais recente, o número quase dobrou (42%), uma mudança brusca em função das discussões voltadas a contas públicas, juros etc.

Indo mais a fundo no detalhe, 38% têm perspectivas de aquisições tradicionais (M&A), 68% mencionam desinvestimentos, cisões ou ofertas públicas iniciais (IPOs) e 78% falam em joint ventures ou alianças estratégicas com terceiros. 

CEO Outlook Survey - Gráfico2

Com intuito de ganhar fôlego ao levantar capital para investir no core, o desinvestimento é uma frente que vem sendo bastante explorada. A iniciativa pode ajudar a remodelar os negócios, simplificar modelos operacionais e gerar valor. Entretanto, é preciso preparo e conhecimento multidisciplinar na hora de executar a separação do ativo e a concretização da transação.

Os desinvestimentos no Brasil exigem uma análise cuidadosa do ambiente regulatório e das condições de mercado, além de uma avaliação precisa dos ativos. É crucial considerar as implicações fiscais e definir uma estratégia clara, levando em conta os riscos associados e as partes interessadas. O timing do desinvestimento pode impactar significativamente os resultados, assim como a reputação da empresa durante o processo. Por fim, um planejamento pós-desinvestimento é essencial para garantir a realocação eficiente de recursos e a continuidade da estratégia de negócios.

Outra alternativa muito citada na pesquisa, a joint venture possibilita a expansão por meio de parcerias que podem impulsionar e fazer o negócio crescer de forma compartilhada, com menos custos e aumento de lucratividade.

Novamente, vale o alerta para o cuidado no processo. Isso porque, os principais desafios nessas transações são a integração entre as partes, definindo objetivos, contribuições e divisões de lucros, implicações fiscais e regulamentação antitruste, gestão e governança claramente definidas e a compatibilidade entre as culturas organizacionais. Esses e outros aspectos exigem grande alinhamento para não destruir o valor que a empresa está aportando dentro da organização.

Por fim, outra saída tendo em vista a dificuldade de acessar capital é investir nos ativos existentes. 

CEO Outlook Survey - Gráfico3

Com a melhoria de desempenho, é possível recuperar receita para reinvestir nas prioridades estratégicas. Nessa esteira, é preciso otimizar custo operacional, rever despesas e custos administrativos. Um movimento que vem sendo sentido continuamente na EY ao trabalharmos a agenda de capital de giro com os clientes. A proposta é receber de forma acelerada, pagar de forma desacelerada e reduzir níveis de estoques.

Tecnologia para não ficar para trás

Um ponto que chama atenção no recorte da pesquisa brasileira é o potencial das ferramentas de inteligência artificial. A grande maioria dos entrevistados (84%) concorda que a qualificação bem-sucedida da força de trabalho em AI definirá quais serão os líderes da indústria no futuro.

A sensação é de que ainda há incertezas sobre o potencial dessas tecnologias, mas uma grande confiança de que ninguém quer se arriscar a não investir nelas sob o risco de ficar para trás e não fazer parte do jogo.

Por conta disso, 62% dos CEOs pretendem repensar as lacunas de talentos e capacidades em relação às tecnologias emergentes. Para eles, a qualificação em inteligência artificial será a chave para o sucesso.

CEO Outlook Survey - Gráfico 4

Resumo

Diante do pessimismo dos CEOs brasileiros sobre os mercados financeiros, cresce o foco em estratégias inorgânicas como M&As e desinvestimentos. No curto prazo, a prioridade é melhorar a lucratividade e reforçar a resiliência. O cenário segue instável e a pesquisa trimestral permite monitoramento contínuo. Os próximos resultados devem refletir o aperto monetário, fatores macroeconômicos e tensões globais.

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