Como a mobilidade da força de trabalho pode ser uma ponte fundamental para solucionar as lacunas de talentos?

A confluência de desafios para trabalhar além das fronteiras em um ambiente operacional volátil exige uma estratégia de mobilidade e talentos que seja impactante o suficiente para justificar o investimento e ágil o suficiente para se adaptar rapidamente.

As mudanças demográficas criaram um desequilíbrio etário em um mercado de trabalho global que tem mais pessoas na força de trabalho agora do que terá em um futuro próximo. Essa tendência está surgindo no momento em que as tensões geopolíticas complicaram os processos de imigração, destacando a importância de viagens e realocações seguras para os funcionários. A volatilidade econômica exerceu uma pressão desigual sobre os segmentos de mercado, assim como tecnologias como a GenAI estão estimulando mudanças em larga escala no status quo do trabalho. Ao mesmo tempo, um terço dos funcionários entrevistados na pesquisa EY Work Reimagined Survey não se sente preparado para acompanhar as habilidades técnicas e interpessoais previstas como as mais necessárias no futuro, incluindo uma inclinação para o pensamento criativo, a resiliência e a agilidade.

Para enfrentar esses desafios e preencher as lacunas de talentos, os entrevistados da Pesquisa EY Mobility Reimagined identificaram três prioridades: GenAI, aprimorar e requalificar os funcionários atuais e usar a mobilidade da força de trabalho para facilitar a movimentação e a realocação de funcionários.

Evolução da mobilidade para maior influência

O papel da mobilidade em ajudar a resolver a equação de talentos é visto na oferta e na demanda. Entre os empregadores, apenas 52% afirmam que é fácil para sua organização encontrar os talentos globais necessários para atender às suas necessidades de negócios, e outros 74% dizem que está demorando mais de um ano para preencher os cargos sênior. A mobilidade tem a função de levar o talento para onde ele é mais necessário, acelerar o crescimento organizacional e influenciar a atração e a retenção de talentos.

Mas nem todos os programas de mobilidade são iguais. Sua influência sobre as metas de talentos de uma organização depende de um nível mais alto de integração, patrocínio executivo e sofisticação entre as funções.

A maioria dos empregadores (90%) concorda que há benefícios em alinhar a mobilidade a metas organizacionais e de talentos mais amplas, mas um número surpreendente de 70% desse grupo ainda não consegue atingir esse objetivo. Eles são mais afetados pelo isolamento de outras funções, pela falta de troca contínua de dados e pelas ineficiências de um modelo operacional descentralizado.

A abordagem mais eficaz para enfrentar esses obstáculos é demonstrada por funções de mobilidade mais evoluídas, com foco em cinco áreas principais:

• Alinhamento estratégico: conectar a estratégia de mobilidade da força de trabalho com objetivos organizacionais mais amplos
• Vinculação de talentos: uso da mobilidade para atração, retenção e desenvolvimento de talentos
• Foco digital: extensão da automação e digitalização dos processos de mobilidade, incluindo e além da GenAI
• Flexibilidade: agilidade na personalização das experiências de mobilidade, incluindo opções de tipos de programas e benefícios
• Experiência externa: co-sourcing ou terceirização de processos de mobilidade selecionados

Riscos por não agir corretamente

Amadurecimento de recursos e gerenciamento de custos

Quase todos os profissionais de mobilidade (96%) indicaram que estão buscando reduzir custos, e as métricas relatadas para rastrear o retorno sobre o investimento refletem esse foco em custo e eficiência. No entanto, as funções mais evoluídas têm maior probabilidade de monitorar as classificações de desempenho, o impacto na receita da empresa, a promoção de funcionários após uma atribuição e a velocidade de preenchimento de vagas. Um catálogo mais robusto de métricas ajuda a mostrar o valor total do programa de mobilidade.

Assim como há um olhar mais abrangente sobre o valor, as funções evoluídas também estão, em média, buscando duas vezes mais medidas de redução de custos do que as funções meramente eficazes. Elas também têm mais do que o dobro de processos totalmente automatizados e terceirizados. 

As duas principais iniciativas de redução de custos citadas pelos empregadores estão intimamente ligadas - maior uso de terceirização e consolidação de fornecedores - que podem oferecer a tão necessária otimização de tarefas complexas. O uso de um fornecedor para gerenciar a folha de pagamento e os impostos multijurisdicionais, ou a imigração, por exemplo, pode ajudar a gerenciar os riscos e, ao mesmo tempo, oferecer um suporte mais personalizado aos funcionários. As funções de mobilidade dizem que estão terceirizando, em média, quatro dessas atividades, sendo que os principais motivos são o desejo de aprimorar a experiência dos funcionários, a busca de maior valor com a consolidação de fornecedores e a obtenção de maior eficiência operacional.

Esse impulso para aprimorar as experiências do usuário faz sentido, pois os programas oferecem cada vez mais vários níveis de serviço para tipos de atribuição, tanto de autoatendimento quanto de serviços de concierge. Os profissionais de mobilidade listam os principais benefícios da terceirização como o acesso a conhecimentos e habilidades especializados, melhor experiência comercial e a capacidade de aproveitar a tecnologia além de suas próprias capacidades.

Como a volatilidade do mercado e as pressões de custo provavelmente afetarão as funções de mobilidade em um futuro próximo, os profissionais esperam mais transformações e terceirizações. Cerca de 90% dos empregadores esperam mudar seu modelo operacional nos próximos um ou dois anos. A tecnologia é de particular interesse para o novo cálculo de capacidade de custo: 66% dos empregadores esperam aumentar o investimento em tecnologia de mobilidade e digitalização, sendo a economia de custos e os ganhos de eficiência os principais benefícios.

Embora a GenAI, o aprimoramento e a requalificação possam ajudar a resolver a escassez de talentos em nível empresarial, eles também são essenciais para a evolução da função de mobilidade. Com uma massa crítica de usuários prontos para as soluções de GenAI, a mobilidade precisa estar pronta para prosperar na transição.

O número de profissionais de mobilidade que usam GenAI rotineiramente saltou de 22% no ano passado para 35% este ano. Mais de três em cada quatro empregadores afirmam que estão usando a GenAI de três ou mais maneiras para oferecer seu programa de mobilidade. Mas "GenAI" pode significar muitas coisas, com uma ampla gama de aplicações, incluindo usos de impacto relativamente baixo, como ajudar a redigir e-mails e propostas, até o que alguns profissionais podem, erroneamente, chamar de automação.

O verdadeiro valor da GenAI para a mobilidade vai muito além da automação tradicional, pois os modelos de aprendizagem profunda podem gerar resultados de alta qualidade com base nos dados em que foram treinados e aos quais estão conectados. Em média, 70% dos profissionais de mobilidade acreditam que a GenAI terá um impacto positivo na função e influenciará as formas de trabalhar com flexibilidade, a produtividade dos funcionários e ajudará a gerenciar riscos.

As funções de mobilidade evoluídas estão se movendo mais rapidamente em direção à GenAI e fazendo investimentos para as próximas etapas. Elas têm 3,6 vezes mais chances de usar a GenAI rotineiramente e 1,6 vezes mais chances de usá-la para facilitar a mobilidade de talentos. Elas têm uma probabilidade 2,7 vezes maior de planejar um aumento substancial dos investimentos em tecnologia de mobilidade e digitalização nos próximos dois anos.

Esses investimentos podem ajudar a criar uma conectividade e integração mais profundas da mobilidade entre as funções, abrindo caminho para novos casos de uso e valor para as pessoas que estão no centro dessa transformação. Por exemplo, agentes GenAI independentes (IA agentiva) poderiam monitorar as atribuições dos funcionários e sinalizar possíveis riscos de imigração ou conformidade com base no perfil de um funcionário. Esses agentes podem iniciar a papelada e notificar o RH, os fornecedores e o cessionário para ajudar a coordenar uma solução.

No entanto, a tecnologia é tão boa quanto as pessoas que a utilizam, o que exige que os profissionais de mobilidade se aprimorem e se requalifiquem e, ao mesmo tempo, apoiem iniciativas de aprendizado mais amplas na organização.

As organizações precisam ver o conhecimento básico da função como um caminho para metas mais amplas de talentos, a fim de realizar plenamente o potencial da mobilidade. Isso inclui a conscientização de vários riscos globais de impostos, imigração, segurança cibernética e conformidade, juntamente com vínculos intencionais a planos de carreira e recompensas totais.

Da mesma forma que as funções evoluídas têm maior probabilidade de identificar um nível de risco elevado para o trabalho internacional, elas também demonstram maior foco na segurança e proteção dos funcionários móveis durante as tarefas internacionais.

Uma maior conscientização pode levar a uma melhor antecipação dos desafios e a menos obstáculos no caminho de uma experiência excepcional do funcionário durante as atribuições. Dos funcionários, 85% afirmam que as atribuições de mobilidade podem mudar suas vidas, sendo que quase metade reconhece que a experiência móvel aumenta a probabilidade de permanecerem com seu empregador.

Os funcionários veem as experiências de mobilidade como oportunidades de crescimento pessoal, desenvolvimento de habilidades e avanço na carreira. Eles querem flexibilidade nas ofertas de mobilidade e personalização no fornecimento.

Dos empregadores, 74% afirmam que atualmente incluem experiências de mobilidade como parte de sua estrutura de recompensas totais, com a maioria buscando atualizar as ofertas para aumentar a remuneração e promover a igualdade salarial. Ainda assim, as funções de mobilidade evoluídas têm 3,4 vezes mais probabilidade de priorizar mudanças e atualizações em sua estrutura de recompensas totais para que os funcionários móveis atendam a esse desejo de personalização.

À medida que as funções de mobilidade procuram traçar sua própria evolução, há três áreas principais de foco:

1. Redefinindo a estratégia e as operações: a volatilidade econômica e geopolítica colocou o foco na eficiência de custos, na produtividade e no risco. Nesse ambiente, as organizações com os melhores resultados são aquelas que desafiam os modelos operacionais tradicionais. Elas encontram os fornecedores certos para assumir as tarefas que exigem mais recursos e consolidam o número de fornecedores externos para simplificar os processos e melhorar a experiência do usuário. Há também uma orientação constante para a melhoria e um entendimento de que a transformação é contínua. As funções de mobilidade evoluídas trabalham duro para encontrar várias iniciativas de eficiência, criar métricas de ROI que mostrem um valor mais completo dos programas estratégicos de mobilidade e criar conexões profundas entre as funções.
   
   
2. Priorizar conjuntos de habilidades e capacidades: As habilidades futuras dos profissionais de mobilidade e dos funcionários móveis são muito diferentes daquelas valorizadas no passado. As habilidades para usos criativos de ferramentas como a GenAI são combinadas com habilidades sociais como curiosidade, agilidade e resiliência. Essa nova constelação de habilidades traça as novas possibilidades para os recursos de uma organização. Aproveitando novas tecnologias, fornecedores externos e novos modelos operacionais, os profissionais de mobilidade não precisam gastar tanto tempo em tarefas mais rotineiras. Em vez disso, eles podem concentrar a atenção na influência da função de estar ciente e preparado para os riscos e criar uma estratégia de talentos que agregue o máximo de valor à organização.
   
   
3. Adoção intencional da GenAI: tanto para a função de mobilidade quanto para os funcionários móveis de forma mais ampla, as organizações devem considerar a implementação intencional da GenAI como uma etapa importante para obter mais recursos e gerenciar custos. À medida que os profissionais de mobilidade criam casos de uso para a GenAI, ajudando a gerenciar e reimaginar processos, entregas específicas ou criar vínculos de dados entre funções, há uma oportunidade de ir mais longe. As organizações devem elaborar uma estratégia de dados para coletar e organizar os dados limpos necessários para que a GenAI funcione de forma eficaz com resultados precisos e relevantes. Pilotar e iterar a GenAI em ambientes controlados para refinar sua aplicação e demonstrar seu valor antes de ampliá-la para toda a organização. A GenAI não é transformadora por si só, mas é uma ferramenta poderosa para ajudar a evoluir a mobilidade e as organizações.

Resumo

A pesquisa EY Mobility Reimagined Survey mostra a mobilidade como um elemento-chave para resolver a escassez de talentos, juntamente com a adoção intencional da GenAI e iniciativas de habilidades. Há uma lacuna cada vez maior nos resultados críticos entre as funções que são meramente eficazes e aquelas que evoluíram.