COP28 pode conectar em definitivo regulação com transformação

4 Minutos de leitura 6 dez 2023
Por Agência EY

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4 Minutos de leitura 6 dez 2023

O chamado global stocktake ou inventário de emissões vai demonstrar até o fim da conferência do clima que os países estão muito aquém dos esforços necessários para endereçar os desafios urgentes das mudanças climáticas

Na COP28, em Dubai, os países vão avaliar pela primeira vez como estão em termos de conter o aquecimento global conforme definido no Acordo de Paris em 2015. O chamado global stocktake ou inventário de emissões, uma avaliação dos esforços globais nesse sentido, permitirá analisar se houve progresso e traçar as ações necessárias para os próximos anos. Ainda em relação aos termos do pacto de 2015, os países devem avaliar seu desempenho a partir deste ano, e posteriormente, a cada cinco anos.

O compromisso firmado no Acordo de Paris por quase 200 países é limitar, até o fim do século 21, o aumento da temperatura do planeta em 1,5ºC, em comparação com a média anterior à Revolução Industrial. Para ficar nesse limite de aquecimento, há necessidade de redução em 42% das emissões de gases de efeito estufa até 2030. Só que as emissões globais estão aumentando – 1,2% de alta de 2021 para 2022, atingindo um novo recorde, de acordo com relatório anual do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

A ONU (Organização das Nações Unidas) alerta que o aumento da temperatura pode chegar a 2,9ºC acima dos níveis pré-industriais – quase o dobro, portanto, da meta definida. A entidade aponta que os países precisam reduzir o uso de carvão de 67% a 92% até 2030 em relação aos níveis de 2019 e praticamente eliminá-lo como fonte de eletricidade até 2050. Ainda segundo a ONU, a eletricidade com baixo ou zero carbono precisa representar praticamente a totalidade (99%) no mundo até a metade do século, ainda que estejamos bem distantes disso, com a resolução paralelamente dos desafios tecnológicos que impedem a captura de carbono. Nos primeiros dias da COP28, os EUA, que são grandes emissores de dióxido de carbono ao lado da China, se comprometeram a parar até 2035 de utilizar usinas a carvão para produção de energia elétrica. Cerca de 40% das emissões provenientes de combustíveis fósseis ocorrem por causa da queima do carvão, de acordo com o Center for Climate and Energy Solutions.

“O fluxo de capital está ainda muito voltado para a agenda regulatória. Ou seja, estamos regulando o mundo sem pensar como viabilizar essa transformação. O global stocktake vai mostrar exatamente isso: a regulação, embora imprescindível, não resolve por si só o problema. Para o sucesso dessa agenda, precisamos possibilitar que as empresas se transformem por meio da tecnologia, sejam mais inovadoras, mudando assim seus modelos de produção ao mesmo tempo que sigam rentáveis”, diz Ricardo Assumpção, CSO (Chief Sustainability Officer) da EY e líder de ESG e Sustentabilidade, que participa da COP28 como palestrante e moderador de painéis. “A COP28 deve conectar o regulatório com a transformação, acelerando a inovação nas empresas nessas áreas relevantes para a agenda de mudanças climáticas. Parte das soluções de transformação é encontrada no global sul, onde o Brasil está inserido, como as florestas tropicais e o etanol, especialmente o de segunda geração”.

E2G

Produzido a partir do bagaço restante da produção do açúcar e do etanol comum, o E2G utiliza a biomassa, que é a celulose, como insumo de produção. Há dois benefícios nesse processo em termos de combate às mudanças do clima: emissão menor de gases de efeito estufa em comparação inclusive com o etanol de primeira geração, que já emite menos, e não competição com alimentos por áreas agrícolas. “O E2G traz o conceito de economia circular porque usa o bagaço da cana para produção do etanol. O Brasil é pioneiro em biocombustíveis e está criando um arcabouço regulatório que constitui a base para conectar regulação com transformação, por meio de um fluxo de capital atento e interessado por inovações na indústria de energia”, diz Assumpção.

Ainda segundo o executivo, os impactos das mudanças climáticas já estão acontecendo, com reflexos no setor privado, nas operações das empresas, que têm o custo operacional elevado por ter que se adaptar aos efeitos do clima sentidos por todos. “A presença maciça das empresas na COP28 demonstra a busca por ações e estratégias efetivas que possam manter ou elevar a competitividade nesse cenário complexo do meio ambiente. Elas estão demandando, entre outras ações, planos governamentais de incentivo ao investimento que ofereçam previsibilidade e segurança jurídica em tecnologias, como o hidrogênio verde, que possam agilizar a transição energética”.

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