Os colaboradores ocupam papel central para que a inteligência artificial seja realmente adotada pelas empresas. Na avaliação de 64% dos CEOs, ter sucesso com IA dependerá mais da adoção das pessoas do que da tecnologia em si, de acordo com estudo global da IBM realizado no ano passado com três mil desses executivos provenientes de 30 países e atuantes em 26 indústrias.
“Na realidade, essa porcentagem deveria ser muito mais alta, talvez beirando os 100%, o que pode indicar que o mercado ainda não se deu conta da enorme relevância das pessoas para o sucesso da agenda de IA nas organizações”, disse Davi Polignano, gerente sênior de People Consulting da EY Brasil em sessão de letramento em IA realizada recentemente pela EY em São Paulo.
Ainda segundo o executivo, há uma tensão sobre o impacto da IA, especialmente da IA generativa, no mercado de trabalho, já que, ainda de acordo com a pesquisa da IBM, 61% dos CEOs entrevistados disseram que estão pressionando suas organizações a adotar IA generativa em um ritmo mais rápido do que algumas pessoas se sentem confortáveis. “Além disso, como as projeções indicam que a tecnologia impactará milhões de empregos no Brasil e no mundo, trazendo transformações na forma de trabalhar, os colaboradores se preocupam com o desemprego estrutural – com a possibilidade, portanto, de serem substituídos pela tecnologia”, completou.
Cabe às empresas, ainda segundo Polignano, adotar uma comunicação transparente sobre os impactos da tecnologia no negócio e investir em treinamento para não apenas reduzir essa resistência em relação ao uso da IA como também capacitar sua força de trabalho para atuar nessa nova realidade, que, ao considerar as mudanças em curso, veio para ficar. “O letramento em IA atende justamente a esse propósito, de conhecer para não temer, mostrando para as pessoas, que estão no centro dessa transformação, como tirar o melhor proveito dessa tecnologia”, observou o especialista.
Diferentes gerações e perspectivas
Há uma questão, ainda, de conviverem, no mercado de trabalho, quatro gerações diferentes, cada uma com suas particularidades em relação à adoção da IA. Isso significa diferentes níveis de receptividade em relação a essa tecnologia, o que exige uma abordagem distinta das organizações para identificar com precisão os perfis de comportamento dessas gerações, com destaque para os motivos de temor e resistência.
A Geração Z, por exemplo, está otimista com a adoção da inteligência artificial na sua vida pessoal e no seu trabalho, de acordo com o estudo “How can we upskill Gen Z as fast as we train AI?”, elaborado pela EY em parceria com a Microsoft. Mais de seis a cada dez (63%) consideram que a IA traz impacto positivo. Ao mesmo tempo, mais de 76% da Geração Z utiliza a inteligência artificial na sua vida pessoal e no trabalho. Essa porcentagem contempla aqueles que estão experimentando (61%) a IA em alguma ou algumas das atividades monitoradas e os que utilizam a IA (15%) em todas essas atividades em uma frequência diária, semanal ou mensal.
Por fim, Polignano ressaltou que os líderes precisam estar alinhados com a organização para estimular o uso da IA entre os colaboradores. A liderança precisa não apenas incentivar a utilização responsável de IA como efetivamente buscar adotá-la no dia a dia. “Não adianta o CEO estimular o uso da inteligência artificial se os líderes não fizerem a mesma coisa. Isso porque a tendência é o colaborador estar sempre alinhado com seu líder imediato do dia a dia, seguindo suas diretrizes e seus exemplos”, finalizou.
A inteligência artificial tem sido cada vez mais utilizada pelas empresas para inovar e tornar mais produtivo o dia a dia dos seus negócios. Há, no entanto, diversas dúvidas sobre como desenvolver e operacionalizar esses sistemas evitando os riscos que podem comprometer os resultados financeiros e a reputação das organizações. Nesse contexto, a EY lançou a série “IA aplicada aos negócios: Como utilizar essa tecnologia com segurança e governança para gerar inovação”, que, além desta reportagem, já publicou as seguintes:
IA generativa para fins tributários atende às obrigações fiscais e gera inteligência
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