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Como os conselhos de administração de empresas privadas podem agregar valor ao elevar a gestão de risco

Para desenvolver a resiliência e criar valor, os conselhos de administração de sociedades privadas devem orientar suas empresas a desenvolver estratégias proativas de gestão de risco.


Em resumo

  • Os conselhos de empresas privadas tendem a se concentrar nos riscos tradicionais e nos relacionados à conformidade, mas podem estar negligenciando riscos atípicos. 
  • Menos da metade das empresas privadas acredita estar bem posicionada para combater as ameaças cibernéticas do futuro. 
  • Os conselhos de administração de empresas privadas podem usar uma estratégia de risco proativa para identificar novas oportunidades de crescimento.

As empresas privadas estão operando em um ambiente de risco complexo e abrangente que ameaça sua capacidade de prosperar, mas também apresenta novas oportunidades de criação de valor. A longa lista de riscos que as empresas privadas e seus conselhos enfrentam atualmente reflete os riscos enfrentados pelas empresas de capital aberto. Isso inclui o aumento das tensões geopolíticas, maior escrutínio regulatório, incerteza econômica, disrupção contínua da cadeia de suprimentos, mudanças climáticas, escassez de talentos e os rápidos avanços tecnológicos, especialmente o surgimento da IA generativa (GenAI). A diferença está em como as empresas de capital aberto e fechado estão respondendo a esses riscos.

Com base em pesquisas e relatórios recentes da EY sobre os conselhos de administração, obtivemos insights sobre a exposição das empresas privadas ao risco e sobre suas estratégias de gestão, destacando oportunidades para seu crescimento. Essas constatações devem ajudar a embasar as discussões estratégicas dos conselhos de administração e das equipes de gestão de empresas privadas.

"Ignorar a gestão de risco provavelmente significa deixar de criar um valor substancial", diz Ryan Burke, Líder Global de Private da EY. "Vamos encarar a gestão de risco não como uma ameaça, mas como uma oportunidade de crescimento com propósito."

A realidade é que as empresas privadas se encontram no que o Fundo Monetário Internacional descreveu como o "próximo normal para a turbulência".1 Em outras palavras, a disrupção deve ser considerada um elemento padrão das operações do dia a dia. As empresas privadas devem, portanto, ser resilientes e estar prontas para se adaptar, tanto aos desafios e oportunidades que enfrentam agora quanto ao que está por vir.

"Quando se fala de risco, normalmente é sobre o impacto negativo dos diferentes fatores de risco", diz um membro do conselho de uma empresa de serviços financeiros localizada na região EMEIA e de várias outras empresas de capital aberto e fechado. "Mas também é possível ver isso pelo lado positivo e dizer que uma mudança rápida no ambiente de negócios traz muitas possibilidades." As empresas ágeis que lidam proativamente com os riscos tendem a crescer e capturar valor mais rapidamente do que seus pares.

Subestimar o ambiente de risco pode comprometer o sucesso das empresas privadas, mas subestimar o potencial de novas oportunidades de crescimento representa também uma ameaça. Um bom exemplo é a IA, que cria uma série de novos riscos para essas empresas, mas também apresenta um enorme potencial de criação de valor.

As empresas privadas não devem encarar a gestão de risco como uma ameaça, mas como uma oportunidade de crescimento com propósito.

Falta de resiliência ao risco

As empresas privadas são conhecidas por sua agilidade e resiliência, bem como por seu forte senso de propósito que orienta sua abordagem à inovação. "Elas tendem a ser hábeis em mudanças rápidas, no atendimento ao cliente, em manter a lealdade de suas pessoas e em adotar uma perspectiva de longo prazo para a criação de valor", explica Peter Bos, Líder Global de Mercados Privados da EY e Líder Global de 7 Drivers of Growth da EY. "No entanto, essa agilidade e resiliência não são tão evidentes quando se trata de gestão de risco, que nem sempre está no topo da lista de prioridades das empresas privadas."

 

A EY tem monitorado a abordagem das empresas privadas em relação à gestão de risco desde a segunda edição da pesquisa sobre riscos Global Board Risk Survey (GBRS) de 2021.  Essa pesquisa constatou que 66% das empresas privadas acreditavam que faziam uma gestão eficaz dos riscos tradicionais, como paralisação das operações, queda na demanda dos clientes ou aumento dos custos de empréstimos. No entanto, apenas 33% estavam confiantes em relação a sua capacidade de gerenciar riscos atípicos, como o risco da disrupção por uma nova tecnologia, o impacto de uma emergência climática ou um evento geopolítico relevante.

Riscos tradicionais
das empresas privadas acreditam que gerenciam os riscos tradicionais de forma eficaz.
Riscos atípicos
das empresas privadas estavam confiantes em relação a sua capacidade de gerenciar riscos atípicos.

O foco dos conselhos de administração de empresas privadas nos riscos tradicionais e nos relacionados à conformidade novamente foi destaque na pesquisa GBRS de 2023. De acordo com essa pesquisa, apenas 33% das empresas de capital fechado se sentiam "muito confiantes" em sua capacidade de responder a incidentes inesperados de alto impacto, em comparação com 41% das empresas de capital aberto. Esse foco na gestão de riscos tradicionais, que foi destaque em ambas as pesquisas, pode fazer com que as empresas privadas sofram vulnerabilidades significativas quando confrontarem riscos atípicos.

Mesmo quando se trata de riscos relacionados à conformidade, as empresas de capital fechado ficam atrás de seus pares de capital aberto: por exemplo, a estrutura do Pilar 2 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), juntamente com outros desdobramentos importantes no cenário tributário, está gerando novas áreas de risco tributário. As organizações estão fortalecendo cada vez mais suas estruturas de governança fiscal para facilitar uma conformidade fiscal robusta, mas, ainda assim, a maior probabilidade de auditorias fiscais e o foco maior em impostos indiretos por parte das autoridades podem ter implicações significativas tanto para as operações quanto para a reputação das empresas privadas. "Os clientes estão nos dizendo que os riscos nunca foram tão altos, com disrupções em suas operações rotineiras e implicações para a reputação da empresa e de seus donos no mercado", conta Steve Shultz, Líder Global de Private Tax da EY.

Os clientes estão nos dizendo que os riscos nunca foram tão altos, com disrupções em suas operações rotineiras e implicações para a reputação da empresa e de seus donos no mercado

Combate às ameaças cibernéticas

As tecnologias emergentes podem ser o principal promotor de crescimento das empresas privadas, mas também apresentam alguns riscos cibernéticos muito específicos. Por exemplo, a IA já está sendo usada por pessoas mal-intencionadas para lançar ataques cibernéticos cada vez mais sofisticados, como phishing em grande escala. Ela traz ainda uma série de outros riscos, inclusive os associados a vieses, direitos autorais, privacidade e alucinação (quando um sistema de IA apresenta informações falsas ou enganosas como fatos).

Apesar da escala e da urgência das ameaças cibernéticas, muitas empresas privadas estão menos preparadas para combater os riscos de forma eficaz. Levando em consideração o estudo recente Insights de Liderança em Cibersegurança Global da EY de 2023, Ryan Burke, Líder Global de Private da EY, sugere que as empresas privadas não estão se movendo rápido o suficiente para superar as ameaças cibernéticas. O estudo revela que mais de quatro quintos (84%) das empresas privadas levam mais de um mês para detectar incidentes de segurança cibernética, enquanto 63% levam mais de um mês para responder. Além disso, 40% dos entrevistados de empresas privadas citaram um orçamento inadequado para a segurança cibernética como uma das maiores barreiras internas.

As empresas privadas não estão agindo com rapidez suficiente para ficar à frente das ameaças cibernéticas

O estudo também constatou que apenas 12% das empresas privadas estão muito preocupadas com o impacto dos riscos físicos envolvidos em um ataque cibernético, como um ataque de ransomware que pode interromper suas operações. Em contrapartida, 27% dos entrevistados de empresas de capital aberto estavam muito preocupados com essa possibilidade. Essas constatações apontam para a necessidade urgente de as empresas privadas reavaliarem sua abordagem às ameaças tangíveis relacionadas aos ataques cibernéticos.

Empresas de capital fechado
estão preocupadas com o impacto dos riscos físicos envolvidos em um ataque cibernético.
Empresas de capital aberto
estão preocupadas com o impacto dos riscos físicos envolvidos em um ataque cibernético.

De modo geral, as empresas de capital fechado tinham uma probabilidade muito menor do que as empresas de capital aberto de concordar com a afirmação "Nossa organização está em uma boa posição para enfrentar as ameaças cibernéticas de amanhã" (38% da empresas de capital fechado vs 50% das de capital aberto), de acordo com o  estudo Insights de Liderança em Cibersegurança Global de 2023. No entanto, as preocupações com a falta de prontidão para ameaças cibernéticas ajudam a explicar por que os conselhos de administração estão intensificando seus esforços nessa área. De fato, com base no relatório de prioridades dos conselhos de administração da região Ásia-Pacífico de 2024, a segurança cibernética e a privacidade dos dados ocupam o quarto lugar na lista de prioridades dos conselhos de administração da região Ásia-Pacífico em 2024, depois de condições econômicas, alocação de capital e talentos. A realidade é que as empresas privadas têm a oportunidade de aumentar sua resiliência a disrupções e obter uma vantagem operacional sobre os rivais ao fortalecer suas defesas cibernéticas.

"Estou vendo mais conselhos estabelecendo algum tipo de comitê de tecnologia", diz um membro do conselho de uma empresa privada de serviços multidisciplinares da região Ásia-Pacífico. "Não necessariamente um comitê para a segurança cibernética, mas um comitê de tecnologia que consideraria a segurança cibernética entre outras questões tecnológicas."

Comitês específicos para a tecnologia podem ser uma boa maneira de os conselhos de administração garantirem que as ameaças cibernéticas sejam suficientemente monitoradas e entendidas. Recrutar um membro do conselho com conhecimento avançado em segurança cibernética também pode ser essencial para expandir a base de conhecimento do conselho.

Aproveitar talentos

A atração e a retenção de talentos são as principais preocupações dos empregadores em todo o mundo, sejam empresas de capital fechado ou aberto. De acordo com a pesquisa sobre a força de trabalho Work Reimagined de 2023, 35% dos colaboradores provavelmente deixarão o emprego nos próximos 12 meses, sendo a Geração Z (38%) e a geração do milênio (37%) as mais propensas a sair. A disrupção de talentos, portanto, continua sendo um risco estratégico significativo para as empresas privadas, especialmente porque o mercado de trabalho continua limitado em muitos países.

Disrupção de talentos
dos colaboradores provavelmente deixarão o emprego nos próximos 12 meses.

Apesar da competição acirrada por talentos, as empresas privadas estão atrás das empresas de capital aberto em termos de políticas de diversidade, equidade e inclusão (DE&I). De acordo com a pesquisa GBRS 2023, mais da metade (59%) das empresas privadas acredita que precisa de mudanças radicais em vez do progresso gradual na área de DE&I, em comparação com 71% dos entrevistados de empresas listadas. Isso indica que as empresas privadas podem se beneficiar com o ajuste de sua perspectiva sobre DE&I e reconhecê-la como um componente essencial de sua estratégia de negócios no futuro.

A falta de investimento em DE&I pode prejudicar a imagem da empresa como empregadora, debilitando sua capacidade de atrair e reter talentos essenciais para o crescimento futuro. Além disso, as empresas perderão oportunidades de inovação que podem ser geradas pela variedade de perspectivas gerada por uma força de trabalho diversificada.

As empresas privadas também devem considerar como as novas formas de trabalho — entre fronteiras e jurisdições — podem aumentar as expectativas em relação à flexibilidade da força de trabalho, à estratégia de talentos e ao investimento em tecnologia. Isso ocorre em um contexto de desafios econômicos, geopolíticos e sociais cada vez mais complexos. Para criar valor sustentável nesse ambiente, os líderes empresariais precisam de soluções que abordem os riscos e proporcionem uma recompensa maior no que se refere a estratégia de talentos.

As organizações precisam identificar onde estão seus colaboradores se quiserem respostas eficazes a possíveis problemas de segurança física ou cibernética e avaliar o grau de sua exposição a riscos fiscais, de imigração ou regulatórios. De acordo com a pesquisa sobre mobilidade Mobility Reimagined de 2023, embora a maioria dos profissionais de mobilidade indique que sua organização tem algum tipo de abordagem em relação à mobilidade híbrida, surpreendentemente, apenas 37% dos empregadores acreditam que a política de mobilidade híbrida de sua organização aborda adequadamente os riscos fiscais e regulatórios ligados à mobilidade. Devido a essa discrepância, há uma necessidade urgente de fortalecer as políticas de mobilidade híbrida para que esses riscos possam ser gerenciados com eficácia, de acordo com a pesquisa.

Uma pesquisa realizada com mais de 350 membros de conselhos de administração para o relatório Prioridades dos Conselhos de Administração da Região Américas de 2024 revelou que talentos são uma das cinco prioridades principais dos membros dos conselhos de administração da região Américas. Para obter melhores resultados em termos de talentos, as empresas privadas precisam promover um local de trabalho em que os colaboradores sintam que são confiáveis, capacitados, conectados, bem informados e genuinamente cuidados por seus líderes. Elas precisam demonstrar também que valorizam uma força de trabalho diversificada e que estão comprometidas com a criação de um ambiente de trabalho inclusivo onde todos possam ser bem-sucedidos.

"O conselho pode ajudar a entender quais são as áreas de foco", diz um membro do conselho de uma franquia privada da região Américas. "Você precisa entender o problema que está tentando resolver." É a atração de talentos diversificados? É a retenção de talentos diversificados? É o desenvolvimento de talentos diversificados?".

Todos esses três princípios são essenciais para qualquer estratégia de talentos. No entanto, são necessárias abordagens diferentes para que as empresas privadas possam abordá-los com o mesmo nível de eficácia.

A cultura é essencial

Quando se trata de implementar estratégias eficazes de gestão de risco, não há exagero no que se refere à importância da cultura. Uma forte cultura de risco, conforme a definição do Institute of Risk Management, é uma cultura em que todos compartilham os mesmos valores, crenças, conhecimento, atitudes e entendimento sobre o risco.

Todos os membros da força de trabalho devem estar cientes do amplo espectro de riscos existentes no ambiente de negócios atual, desde os tradicionais aos atípicos. Os conselhos de administração de empresas privadas podem desempenhar um papel crucial, garantindo que uma cultura de conscientização sobre riscos seja incutida em toda a organização, enfatizando a importância dos riscos não tradicionais junto aos executivos.

"O conselho precisa dar o tom do que espera da organização, seja uma cultura mais ampla ou uma cultura de risco", explica um membro do conselho de várias entidades de capital aberto e fechado da região Ásia-Pacífico. "Parte disso tem a ver com a seleção da equipe certa, mas o mais importante é, certamente, garantir que haja uma maior visibilidade – seja por meio de análises detalhadas, apresentações ou pesquisas de campo – das pessoas dentro da organização, para possa fazer uma leitura melhor do que realmente está acontecendo." Fomentar uma cultura de visibilidade e comunicação dentro de uma organização é vital e isso pode ser alcançado por meio de um conselho que atue em empresas de capital aberto e fechado, de forma a aproveitar sua maior exposição e insights diversificados.

A busca pela sustentabilidade

A mudança para uma economia de baixo carbono apresenta, ao mesmo tempo, grandes oportunidades e riscos substanciais para as empresas privadas. Ao buscar um modelo de negócios mais sustentável, as empresas privadas podem desenvolver produtos e serviços mais inovadores, atrair mais clientes, operar de forma mais eficaz, entrar em novos mercados e atrair uma gama de talentos mais ampla. Por outro lado, as empresas que não conseguirem se adaptar poderão ser penalizadas pelos formuladores de políticas, negligenciadas pelos clientes e talentos e ultrapassadas pelos concorrentes.

O Estudo sobre Valor Sustentável da EY de 2023 constatou que as empresas privadas têm a oportunidade de reconhecer melhor seu papel na luta contra as mudanças climáticas e promover a transformação da sustentabilidade. A sustentabilidade exige uma abordagem holística que vá além das emissões de carbono e incorpore considerações sociais e de governança mais amplas. O estudo constatou que 67% das empresas privadas haviam assumido compromissos com relação às mudanças climáticas, em comparação com 86% das empresas de capital aberto. Além disso, 24% das empresas privadas esperavam gastos maiores para lidar com as mudanças climáticas nos próximos 12 meses em comparação com o ano anterior — contra 39% das empresas de capital aberto que disseram o mesmo. 


As empresas privadas podem achar difícil fornecer relatórios claros sobre seus compromissos de sustentabilidade. De acordo com o estudo sobre Valor Sustentável da EY de 2023, 39% dos entrevistados priorizam os relatórios externos em relação a outras iniciativas de sustentabilidade, em comparação com apenas 29% das empresas de capital aberto. Apesar de enfrentarem exigências regulatórias diferentes das entidades listadas, as empresas privadas ainda se beneficiam do desenvolvimento de uma transparência adequada em relação à sustentabilidade. Além de demonstrar preparo, relatórios de alta qualidade ajudam a fortalecer o relacionamento com os principais stakeholders, como investidores, clientes, colaboradores e fornecedores, e dão à organização uma bússola para navegar pelas mudanças de forma mais ampla.

Papel dos conselhos de administração

As empresas privadas podem estar subestimando a gestão de risco — especialmente a gestão de riscos atípicos — por vários motivos. Muitas vezes, elas nem mesmo sabem que estão substancialmente atrás das empresas de capital aberto e de seus pares de capital fechado. Se forem empresas que apresentem um crescimento particularmente rápido, é provável que estejam concentradas em outros fatores de crescimento, como atração e retenção de talentos, eficiência operacional e centralidade no cliente. As empresas privadas também podem achar difícil justificar o retorno sobre o investimento na gestão de risco.

No entanto, deixar de investir na gestão de risco é uma falsa economia, como demonstrou o estudo GBRS 2023. A pesquisa constatou que a proporção de conselhos de administração que esperam impactos graves dos riscos quase dobrou desde o estudo de 2021. Além disso, é provável que o atual ambiente de riscos complexos persista, em vez de retroceder. Por esse motivo, os conselhos de administração devem realizar análises de cenários ou de hipóteses para entender as possíveis implicações de uma ampla gama de riscos potenciais.

Uma área de risco bem administrada está alinhada aos objetivos do negócio, pode identificar e gerenciar proativamente os riscos e facilitar a colaboração entre áreas. Ela promove a comunicação aberta, usa a tecnologia para aumentar a eficiência e promove uma cultura de conscientização sobre riscos em toda a organização. O monitoramento constante, treinamento contínuo e a adesão à conformidade regulatória também são fundamentais.

Ao dar baixa prioridade à gestão de risco, as empresas também podem estar perdendo oportunidades substanciais de criação de valor. Por meio do processo de gestão e tratamento de riscos, as empresas podem potencialmente melhorar sua eficiência e reputação e aumentar a competitividade no mercado por meio da inovação e de uma boa oferta de talentos. Além disso, ao adotar uma estratégia proativa para a gestão do risco da cadeia de suprimentos, os conselhos de administração podem garantir que tenham um modelo de cadeia de suprimentos flexível e resiliente que não apenas proteja a empresa de possíveis choques, mas também abra novas fontes de fornecimento que possam ter sido ignoradas. O relatório sobre prioridades dos conselhos de administração da região EMEIA de 2024 destaca que as empresas podem usar novas ferramentas tecnológicas, como soluções de torre de controle, para melhorar o desempenho de suas cadeias de suprimentos.

No papel de consultores estratégicos, os conselhos de administração podem ajudar as empresas privadas a gerenciar e lidar melhor com seus riscos, transformando-os em oportunidades sempre que possível. Por exemplo, ao entender e antecipar tendências futuras, os conselhos poderão planejar de forma mais estratégica para tirar proveito dessas  tendências, ao mesmo tempo em que desenvolvem uma melhor supervisão das práticas de gestão de risco de sua organização. Além disso, se os conselhos de empresas privadas puderem recrutar membros que também atuem em empresas listadas, eles poderão aprender sobre as estratégias de gestão de risco dessas empresas.

Recomendações: como os conselhos de administração podem gerar valor por meio da gestão e da mitigação de riscos?

Para ajudar as empresas privadas a analisar os riscos de forma mais holística, os conselhos de administração podem:

  1. Ajustar seu modelo de governança para que tenham mais condições de responder a riscos novos cada vez maiores. Os ajustes podem incluir a realização de reuniões mais frequentes, a formação de comitês específicos para tratar de determinados riscos (por exemplo, sustentabilidade e tecnologia) e o envolvimento mais regular dos executivos em questões importantes relacionadas a riscos.
  2. Supervisionar uma ampla gama de riscos, como os riscos de conformidade, financeiros, geopolíticos, operacionais, de sustentabilidade, de talentos e de tecnologia. Adotar a análise de cenários para projetar ameaças e identificar vulnerabilidades específicas.
  3. Dar feedback sobre a proposta de talentos da empresa, inclusive sua marca como empregadora, estratégias de atração e retenção, bem como abordagens para engajar, motivar e remunerar talentos.
  4. Realizar atividades de simulação de crise para eventos como ataques de ransomware em grande escala e crises geopolíticas. Essas atividades permitirão que o conselho identifique e corrija os pontos fracos das operações, políticas e processos da empresa.
  5. Revisar sua composição e, se necessário, recrutar novos membros com conhecimento especializado sobre riscos específicos, como riscos cibernéticos, geopolíticos ou relacionados a talentos.

Resumo 

Os conselhos de administração de empresas privadas não podem se dar ao luxo de tratar "o próximo normal" como um fenômeno temporário, uma vez que o ambiente de risco continuará a evoluir no futuro. Em vez disso, os conselhos devem instigar a administração a desenvolver uma estratégia proativa para a gestão de risco. Essa estratégia deve prever e se adaptar às disrupções emergentes à medida que elas ocorrem, criar resiliência organizacional e gerar valor para a empresa, agora e no longo prazo. 

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