“Somente no ano passado, registramos 73 patentes no Brasil”, diz Daniel Randon, da Randoncorp

Somente em 2024, a Randoncorp registrou 73 patentes no Brasil, o que demonstra, na avaliação de Daniel Randon, CEO da empresa, que os esforços de inovação estão sendo bem-sucedidos. “Para nós, a inteligência artificial já é uma realidade. Em 2024, lançamos o projeto Brain, que tem por objetivo estruturar e coordenar a utilização de IA na Randoncorp. A estruturação do programa buscou garantir governança, segurança de dados e adoção dessa tecnologia em larga escala”, diz o empresário representante da categoria Family Enterprise na última edição do EOY.

Leia abaixo a entrevista na íntegra.

1) Como foi seu processo de sucessão e quais os desafios de uma empresa familiar?

DANIEL: O processo de sucessão na Randoncorp foi conduzido de forma estruturada e planejada ao longo dos anos, com base em pilares da nossa governança familiar. Sempre tivemos o cuidado de garantir que cada transição ocorresse com segurança, respeito à cultura da empresa e alinhamento com os valores que nos trouxeram até aqui. Minha trajetória até a presidência foi marcada por uma busca constante por inovação, aprendizado e vivência prática. Desde jovem, realizei estágios tanto na empresa da família quanto fora dela, o que permitiu ampliar a visão estratégica e trazer novas perspectivas para o negócio. Tive a oportunidade de liderar o crescimento e o turnaround de uma unidade em São Paulo, o que me deu experiência concreta em gestão e transformação operacional.

Como presidente da Frasle Mobility, conduzi processos de M&A e internacionalização, fortalecendo nossa presença global e capacidade de expansão. Mais tarde, como CFO da Randoncorp, entre 2014 e 2019, enfrentei um dos períodos mais desafiadores da nossa economia, o que exigiu decisões estratégicas, disciplina financeira e resiliência para manter a empresa competitiva e saudável. Outro marco foi a oportunidade de cursar um MBA na Universidade de Chicago, que ampliou minha visão sobre negócios, liderança e inovação, conectando-me com tendências globais e boas práticas de gestão.

Acredito que o maior desafio de uma empresa familiar é equilibrar o crescimento sustentável com a profissionalização da gestão, sem perder a essência que a torna única. Na Randoncorp, buscamos continuamente esse equilíbrio, com foco em uma visão de longo prazo que nos permita evoluir como organização e como família empresária. Mais do que preparar a empresa para o futuro, entendo que o papel de quem assume a liderança em uma organização familiar é também o de preservar e fortalecer os valores e princípios, levando adiante o legado construído com tanto esforço e dedicação pelas gerações anteriores.

2) O Centro Tecnológico Randon está entre os maiores da América Latina para o setor de mobilidade. Como a automação tem sido utilizada por lá? A inteligência artificial já é uma realidade?

DANIEL: O CTR, além de apoiar o desenvolvimento de soluções inovadoras para as empresas da Randoncorp, oferece serviços para o mercado automotivo nacional e internacional, atendendo a uma ampla gama de demandas de testes e validações. Essa unidade passou por uma transformação significativa nos últimos cinco anos, evoluindo de um campo de provas para um centro tecnológico de ponta. Sua infraestrutura oferece suporte a projetos estratégicos, como o de tecnologia para veículos autônomos, garantindo sigilo e segurança durante os testes. 

Para nós, a inteligência artificial já é uma realidade. Em 2024, lançamos o projeto Brain, que tem como objetivo estruturar e coordenar a utilização de IA em toda a Randoncorp. A estruturação do programa buscou garantir governança, segurança de dados e a possibilidade de adoção em larga escala. Esse projeto Brain está integrado com o EasyMES, plataforma corporativa de gerenciamento de manufatura, desenvolvida de forma pioneira pelas nossas áreas de Tecnologia Avançada de Manufatura e Negócios Digitais, preenchendo uma lacuna entre as camadas de automação e os sistemas corporativos para melhorar a conectividade e a consolidação de informações, além de elevar o nível de maturidade analítica das indústrias da Randoncorp. Cabe reforçar que, como resultado de tudo isso, registramos, no ano passado, 73 patentes no Brasil. 

3) Quais são os desafios de atuar no fornecimento de carrocerias, reboques, semirreboques e vagões ferroviários para o transporte de carga no Brasil?

DANIEL: Sem dúvida, o segmento de soluções para o transporte terrestre de cargas é bastante estratégico e desafiador. Por um lado, atuamos no segmento rodoviário, que é o grande modal logístico do país, e, por isso mesmo, mais suscetível às oscilações da economia. Acompanhando as evoluções da tecnologia e as demandas do mercado, consolidamos a Randon, uma das nossas empresas e a que deu origem ao ecossistema da Randoncorp. Considerada hoje a maior fabricante de reboques e semirreboques da América Latina, a Randoncorp está entre as dez principais do mundo, sendo reconhecida ainda como a principal exportadora brasileira no segmento.

Por outro lado, atuar no segmento ferroviário, no nosso caso, tem o objetivo de complementar negócios e ter maior resiliência, já que esse modal no Brasil ainda está muito aquém dos investimentos necessários. Seguimos investindo nesse segmento, confiantes na nossa estratégia de negócios, e trabalhando para que haja cada vez mais estímulo ao transporte por trens, que é positivo para toda a economia nacional.

4) O que significa ser homenageado na categoria Family Enterprise da última edição do EOY? Você acredita que reconhecimentos como esse podem ajudar a dar visibilidade ao empreendedorismo no Brasil?

DANIEL: Ter recebido essa homenagem representou um orgulho e uma alegria enormes. Sou da segunda geração da família, e temos a responsabilidade de dar continuidade a um dos projetos de vida mais importantes do meu pai e do meu tio: a fundação da Randoncorp. 

Nesses mais de 75 anos de história, buscamos evoluir como companhia e aprimorar nossos processos, valorizando pessoas e inovando constantemente. Reconhecimentos como esse do EOY fomentam discussões relevantes sobre os desafios do empreendedorismo e geram trocas e aprendizados para todos os envolvidos.

Nova edição do EOY

Idealizado e promovido pela EY desde 1998 no Brasil, o programa Empreendedor do Ano reconhece líderes empresariais de setores e mercados distintos que, com sua visão de futuro, têm algo em comum: a vontade de transformar a realidade do país, deixando seu legado e contribuindo para a construção de um mundo de negócios melhor. Leia sobre a próxima edição, de número 28, no site do EOY.

Este conteúdo faz parte da série da Agência EY com representantes homenageados da edição 2024 do programa EOY - Empreendedor do Ano. Leia abaixo as entrevistas anteriores.

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