Mais de seis em cada dez brasileiros (64%) estão entusiasmados em relação ao futuro da inteligência artificial e o que isso reserva a eles, de acordo com o AI Sentiment Index, índice global criado pela EY para mensurar as impressões dos mais de 15 mil entrevistados de 15 países. Esse índice, superior à média global de 55%, é o sexto maior registrado na pesquisa, ficando à frente de Estados Unidos, Japão, França, Reino Unido e Austrália. Já Índia (84%), China (83%), Emirados Árabes Unidos (78%), Arábia Saudita (76%) e Coreia do Sul (66%) ocupam as cinco primeiras posições. As entrevistas foram realizadas entre dezembro de 2024 e fevereiro deste ano.
"A adoção da IA e sua percepção em relação a ela não são uniformes em todo o mundo. Fatores demográficos como idade, educação e localidade desempenham um importante papel em como as pessoas se relacionam com essa tecnologia", diz Andrei Graça, sócio-líder de inteligência artificial e dados da EY Brasil. "Mas, ainda segundo a pesquisa, os fatores mais críticos são aqueles de ordem psicográfica, que medem as características psicológicas e comportamentais. Fazem parte deles a forma como as pessoas pensam, seus valores e respostas emocionais em relação à IA", completa.
Para contemplar todas essas características demográficas e psicográficas, o estudo criou seis personas, com o objetivo de demonstrar os diferentes pontos de vista em relação a essa tecnologia. Na amostra brasileira, o predomínio é dos chamados "campeões de tecnologia", com 28% (23% na média global), que se tratam de usuários frequentes de IA, confortáveis com a integração dessa tecnologia nas suas vidas. Além disso, eles veem benefícios de longo prazo na utilização da IA, sem ignorar seus riscos, defendendo regulação e governança para mitigá-los.
Na sequência, o perfil predominante é dos chamados "usuários hesitantes", com 22% (17% na média global), que se mostram preocupados com falsa informação e riscos à privacidade dos dados. Essas pessoas reconhecem alguns benefícios da IA, mas acreditam que as implicações negativas do seu uso ultrapassam as positivas. Estão ainda preocupadas com a ameaça desses sistemas aos seus empregos e ao nível de transparência.
Na terceira posição, com 15% na amostra brasileira (13% na média global), vem o grupo dos despreocupados. Esse perfil tipicamente jovem abraça a IA por causa principalmente dos seus benefícios sociais e conectividade aprimorada, não estando em sua maioria preocupado com os riscos. Seu foco está nas mudanças positivas que a IA pode trazer.
Na quarta e quinta posições, um empate com 12% de predominância para "otimistas precavidos" e "rejeitador de IA". O primeiro, formado principalmente por profissionais urbanos jovens, vê a IA como uma ferramenta para progredir em suas carreiras e reduzir desigualdades, mas se mantém vigilante sobre seus riscos, defendendo garantias e direitos para os usuários. Já o segundo, predominantemente formado por pessoas de fora das cidades, prioriza a conexão humana acima da tecnologia e defende uma regulação forte por causa da preocupação com a manipulação social a partir desses sistemas de IA.
Na última posição, com 11% dos entrevistados brasileiros (média global de 15%), estão os "espectadores passivos". Indiferente à IA, esse grupo demonstra preocupação com as informações falsas e o discernimento entre conteúdo real e falso, mantendo uma atitude ambivalente entre a adoção da IA e seu impacto.
Adoção cautelosa da IA generativa
"O mercado e a sociedade já reconheceram a necessidade de criar regras que disciplinem a utilização dos sistemas de IA. As empresas já contam com uma governança para garantir que a tecnologia seja usada para trazer os benefícios esperados, sem que isso resulte em riscos reputacionais e prejuízos financeiros", observa Telma Luchetta, sócia-líder da EY em Generative AI, Data e Analytics Latam.
As empresas estão sendo cautelosas na implementação da IA generativa, considerando os inúmeros desafios para sua utilização segura, de acordo com o estudo Reimagining Industry Futures, produzido pela EY. Independentemente da tecnologia emergente, 74% dos respondentes consideram que suas organizações precisam de melhor governança em dados para maximizar o potencial desses recursos. Porcentagem semelhante (75%) acredita que suas organizações necessitam de melhor entendimento de como as diferentes tecnologias emergentes podem ser combinadas para criar valor.
A inteligência artificial tem sido cada vez mais utilizada pelas empresas para inovar e tornar mais produtivo o dia a dia dos seus negócios. Há, no entanto, diversas dúvidas sobre como desenvolver e operacionalizar esses sistemas evitando os riscos que podem comprometer os resultados financeiros e a reputação das organizações. Nesse contexto, a EY lançou a série “IA aplicada aos negócios: Como utilizar essa tecnologia com segurança e governança para gerar inovação”, que, além desta reportagem, já publicou as seguintes:
IA generativa para fins tributários atende às obrigações fiscais e gera inteligência
Empresas adotam IA generativa na gestão do contencioso tributário
IA em 2024 requer fortalecimento da governança em assuntos como proteção de dados
Estudo da EY aponta cinco tendências globais para regulamentação de IA
Monitoramento por IA das emissões de metano já é realidade na indústria de gás e petróleo
Empresas precisam desde já adotar as melhores práticas de IA
Indústria de mineração encontra alternativas à abertura de minas por meio da IA
IA possibilita uso inteligente da rede de energia para aproveitar potencial das fontes renováveis
Educação é a base da governança em inteligência artificial
Engajamento dos C-Levels e diretores é característica em comum das empresas bem-sucedidas em IA
Conselheiros de administração no Brasil têm o desafio de inserir IA generativa na agenda de curto prazo
Uso da IA generativa pelas empresas começa com identificação do problema a ser resolvido
Cultura de dados aliada à IA melhora gestão de riscos corporativos
Erro ou criatividade da IA generativa, mesmo em nível baixo, traz riscos para as empresas
IA exige olhar para as transformações que serão viabilizadas pela tecnologia
Empresas consideram que IA generativa será complementar às iniciativas já existentes
IA generativa: 73% das empresas já estão investindo ou planejam investir dentro de um ano
Estruturação dos dados é desafio da área de gestão de riscos das organizações
IA registra mais de 90% de precisão na detecção de ameaças cibernéticas, diz estudo da EY
86% dos CIOs pretendem adquirir ou fechar parceria com plataforma de IA generativa
Uso da IA pelas varejistas traz ganhos em relação aos clientes, colaboradores e cadeia de suprimentos
Uso da IA na infraestrutura viabiliza projetos com monitoramento em tempo real
CEOs concordam que capacitação da força de trabalho vai definir liderança em IA
Geopolítica, tecnologia e ambiente regulatório desafiam departamentos jurídicos
85% dos departamentos jurídicos usam ou pretendem usar IA generativa para buscar jurisprudência
Uso da IA pelo agronegócio pode tornar Brasil ainda mais competitivo no cenário global
Sistemas de IA generativa precisam ser continuamente confrontados ou testados
Empresas podem obter incentivos fiscais com seus investimentos em IA
Uso da IA contra ameaças cibernéticas cresce entre empresas de tecnologia
IA agêntica já é realidade nas empresas de tecnologia, diz estudo da EY
Estudo da EY indica que 76% da Geração Z já usa IA na vida pessoal e no trabalho
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Geração Z sabe onde usar IA generativa, mas tem dificuldades de tirar o melhor dela
Redes sociais são principal fonte de informação sobre IA para Geração Z
63% da Geração Z considera que IA traz impacto positivo para a vida
Letramento em IA é passo inicial para implantação bem-sucedida da tecnologia
Adoção efetiva da IA nas empresas depende do engajamento dos colaboradores
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Maioria dos brasileiros usou IA de forma consciente nos últimos seis meses
47% dos consumidores ainda não fizeram compra recomendada por IA
Detecção de ameaças e monitoramento estão entre principais usos da IA para cibersegurança