COP30: Resiliência no setor elétrico passa por integração dos setores econômicos

11 nov. 2025

Embora o Brasil seja exemplo no mundo por causa das fontes renováveis, a infraestrutura elétrica tem se mostrado frágil, especialmente em eventos extremos

A catástrofe climática de 2024 no Rio Grande do Sul, que expôs a vulnerabilidade da infraestrutura brasileira, forçou uma reavaliação urgente das estratégias de resiliência urbana. “O Brasil precisa de planejamento integrado, modernização regulatória e alianças multissetoriais para enfrentar as mudanças climáticas”, disse Alexandre Vidal, sócio de Governo & Infraestrutura da EY-Parthenon, que fez a moderação do painel sobre planejamento urbano e redes elétricas como infraestrutura crítica frente aos eventos climáticos extremos, realizado na EY House durante a COP30 em Belém. Para isso, ainda segundo o executivo, os setores econômicos precisam trabalhar em um planejamento conjunto, já que a eletricidade é crucial para toda economia.

Há um movimento por parte de vários países de adaptar a regulamentação do setor elétrico para incentivar as concessionárias do serviço de distribuição de energia a fazer os investimentos para aumentar a resiliência das redes. Essa exigência de planos de resiliência que passam pela análise e aprovação prévia do regulador, além de outros mecanismos de regulação baseada em performance, tem garantido que os consumidores de energia elétrica de países como Japão, EUA e Itália possam usufruir de uma infraestrutura mais resiliente.

Embora o Brasil seja exemplo no mundo por causa das fontes renováveis, a infraestrutura elétrica tem se mostrado frágil, especialmente em eventos extremos. A catástrofe no Rio Grande do Sul demonstrou essa vulnerabilidade, com 1,2 milhão de habitantes sem energia no pico da crise, o que evidencia a necessidade de investimentos para fortalecer e modernizar o sistema elétrico. Em eventos climáticos extremos, não apenas o setor elétrico costuma ser afetado, como outras atividades ficam igualmente expostas. Nesse nível de colapso, costumam ser atingidos saneamento básico, serviços de telecomunicações, rodovias e aeroportos, entre outros, trazendo transtornos e danos até mesmo irreversíveis.

Rodolfo Sirol, diretor de meio ambiente e sustentabilidade da CPFL Energia, que também participou do encontro, destacou os desafios operacionais significativos nesse contexto de mudanças do clima, motivo pelo qual, na sua avaliação, a modernização das redes elétricas se mostra urgente. “Precisamos discutir soluções como enterramento de fios e manejo de arborização urbana, o que exige revisão legislativa e equilíbrio entre custos e segurança”, observou.

Resposta rápida à crise climática

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, que também palestrou no painel, compartilhou a experiência da cidade após a maior catástrofe climática de sua história, detalhando a resposta rápida e a reconstrução da infraestrutura. 

“Para isso, fez diferença contar nesse processo com uma sólida governança. A crise se tornou uma oportunidade para políticas inovadoras de adaptação climática com foco em decisões rápidas e parcerias público-privadas”, disse. O gestor público apontou o financiamento como crucial para tornar as cidades mais preparadas para os efeitos das mudanças climáticas por meio da criação de fundos nacionais e parcerias público-privadas voltadas para obras de adaptação, com foco nas comunidades vulneráveis, onde milhares de pessoas residem em áreas de risco.

*Este texto faz parte da série “COP30: A sustentabilidade como valor de negócio”, com informações sobre os setores econômicos em destaque na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Leia as reportagens anteriores:

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