A adoção de iniciativas ESG pode movimentar financeiramente o setor de mineração, com incremento de 20,81% na atividade econômica, de acordo com o estudo Impact Edge, produzido pela EY. Esse valor corresponde ao crescimento do acumulado da mineração dos últimos cinco anos, segundo dados da PIA (Pesquisa Industrial Anual)/IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “O setor se pergunta como financiar as melhorias e iniciativas de resiliência, considerando o grau de exposição a riscos no curto, médio e longo prazo. Essas ações podem igualmente criar oportunidades de negócio em uma economia em transição”, disse Elanne Almeida, sócia-líder de Consultoria e Sustentabilidade para LATAM da EY, que palestrou nos painéis sobre mineração na EY House durante a COP30 em Belém.
Os impactos positivos, ainda segundo o levantamento da EY, não ficam restritos à empresa que implementa a iniciativa ou ao setor de mineração, mas se espalham ao longo da economia nacional. “A projeção é de um retorno no valor de R$ 399 bilhões ao ano, o equivalente ao PIB da Bahia em 2022, considerando que a atividade de mineração é bastante integrada à cadeia produtiva”, afirmou Elanne. Como parte disso, o estudo projeta ainda a criação de mais de três milhões de empregos – o equivalente à população de Alagoas. Com enorme relevância na economia, o PIB do setor de mineração alcançou, no ano passado, R$ 290,6 bilhões.
Para que esse potencial de investimento seja alcançado, a governança sólida é o primeiro passo para construir a confiança perante os investidores. Relatórios auditados de sustentabilidade, canais de denúncia e políticas anticorrupção estão entre as ações recomendadas. Já o monitoramento digital de ativos em tempo real aumenta a segurança operacional e a capacidade e tempo de resposta.
“As mineradoras que apresentarem compromissos concretos de sustentabilidade vão preservar seu acesso aos mercados internacionais, atraindo capital verde e reduzindo o custo de financiamento das suas atividades”, disse Ricardo Assumpção, líder de Sustentabilidade e CSO (Chief Sustainability Officer) da EY para América Latina. “Com a visibilidade trazida pela COP30 e a pressão por transparência, rastreabilidade e descarbonização nesse setor, as mineradoras estão atentas aos seus negócios para, entre outras ações, impulsionar a circularidade, otimizando a exploração dos recursos naturais, por meio da reinserção dos rejeitos na atividade produtiva”, finalizou.
Retorno ambiental, social e de governança em números
Além dos ganhos econômicos, ainda segundo o estudo Impact Edge, a implementação efetiva das iniciativas ESG traz retorno ambiental, social e de governança.
Na esfera ambiental, os efeitos positivos se estendem a várias métricas, evitando a emissão de 19,52 MtCO₂ equivalente e reduzindo a captação e consumo de água em 4,8 trilhões de litros. Emissão de carbono e gestão hídrica estão entre os pontos de atenção das mineradoras em relação aos impactos ambientais do seu negócio.
Na esfera da saúde pública, essas medidas podem evitar 93.056 internações anualmente, trazendo economia de gastos para o SUS (Sistema Único de Saúde) de R$ 47,77 milhões ao ano. Esse número está ligado ao fortalecimento de protocolos de saúde e segurança operacional, o que contribui para reduzir acidentes e afastamentos. Os recursos economizados pelo SUS podem inclusive ser direcionados pelo governo para outros fins, como educação, infraestrutura e segurança. Por fim, na esfera da responsabilidade social, essas iniciativas ESG podem resultar em 7.152 vagas afirmativas em posição de liderança.
*Este texto faz parte da série “COP30: A sustentabilidade como valor de negócio”, com informações sobre os setores econômicos em destaque na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Leia as reportagens anteriores:
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