Na COP30, considerada a “COP da implementação”, o setor privado liderou os debates para o avanço da agenda climática. A participação de líderes empresariais e CEOs na programação de dentro e fora da COP mostrou-se um fator crucial para a transição climática e futura concretização das metas estabelecidas. “O CEO tem papel relevante na liderança dessa discussão nas organizações de como integrar a sustentabilidade no negócio, colocando essas ações na estratégia e no planejamento financeiro”, diz Luiz Sérgio Vieira, CEO da EY Brasil. “As projeções indicam que mais de 70% do financiamento da transição virá da iniciativa privada. Nesse cenário, os CEOs exercem papel fundamental para transformar as discussões em ações efetivas.”
Faz parte desse processo uma mudança de perspectiva que considere a sustentabilidade não como ônus, mas como vantagem competitiva de longo prazo. "O que nós estamos falando é olhar a sustentabilidade não mais como um passivo, mas como um ativo", observa. A criação de valor sustentável passa pela colaboração de múltiplos atores, com destaque para governo, sociedade civil, iniciativa privada e instituições de ensino e de pesquisa. “O engajamento dos CEOs permite acelerar essa agenda, com as empresas assumindo o protagonismo da agenda climática”, afirma.
Para fazer esse diálogo entre governo, iniciativa privada e academia, a EY construiu a EY House em Belém para ser um ambiente colaborativo e multissetorial, trazendo as perspectivas de sustentabilidade para os principais setores econômicos. A iniciativa busca garantir que o debate não se encerre depois da COP, mas que se transforme em ações concretas com geração de valor para todos os envolvidos. Com o fim da COP, a EY House se tornará a nova sede da Secretaria Estadual de Povos Indígenas.
Transformações duradouras
Ainda segundo o executivo, as decisões tomadas na COP30 têm impacto direto no ambiente de negócios, na cadeia de suprimentos, competitividade e investimentos, representando catalisador de transformações duradouras.
"A COP não é uma linha de chegada. Ela é uma ponte. O Brasil deve se posicionar como protagonista dessas discussões”, afirma o executivo. A COP funciona como um terreno fértil para o debate de desafios reais que exigem coragem, ousadia e inovação. “O custo da inação é muito superior ao do investimento em soluções sustentáveis. O que está claro é que se nós não agirmos agora, o custo da inação será muito maior do que qualquer conta que nós vemos hoje da ação.”
Integração da sustentabilidade ao negócio
As empresas estão integrando a sustentabilidade à estratégia de negócios. Para isso, estar à frente dos movimentos regulatórios, satisfazendo a crescente demanda por sustentabilidade dos clientes, cidadãos e investidores, continuará fazendo a diferença. Mais da metade dos executivos entrevistados (52%) pelo estudo Sustainable Value, produzido pela EY, disseram que o valor financeiro das iniciativas de mudanças climáticas excedeu suas expectativas.
Os objetivos de crescimento econômico, cada vez mais ligados a soluções baseadas na natureza, e a busca por segurança energética devem impulsionar as políticas climáticas dos países, estimulando o investimento na economia verde e aumentando a velocidade das regulamentações de sustentabilidade.
*Este texto faz parte da série “COP30: A sustentabilidade como valor de negócio”, com informações sobre os setores econômicos em destaque na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Leia as reportagens anteriores:
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