Somente 44% das empresas implementam medidas de adaptação climática

11 dez. 2025

Sem essas iniciativas, de acordo com estudo da EY, as empresas assumem o risco de sofrer interrupções profundas nos seus negócios

Apenas 44% das empresas têm medidas de adaptação climática em vigor, ainda que a grande maioria das organizações que ocupam a liderança em gestão climática já mapeiem os riscos do aquecimento global para seus negócios, de acordo com o estudo Global Climate Action Barometer, produzido pela EY. Praticamente todas as empresas entrevistadas (92%) avaliam o impacto qualitativo ou quantitativo de riscos físicos aos seus negócios. Sem essas medidas implementadas, de acordo com o levantamento, as empresas correm o risco de sofrer interrupções profundas nas suas operações, o que preocupa investidores e demais stakeholders.

“Os eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes podem desde causar a suspensão do funcionamento de uma fábrica até sua completa interrupção ou destruição, comprometendo severamente os resultados de negócio”, diz Leonardo Dutra, sócio-líder de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da EY Brasil. “Por isso, é fundamental que esses riscos sejam corretamente mapeados e, tão importante quanto isso, mitigados por meio de medidas de adaptação climática”, completa. Como parte desse processo, as organizações precisam avaliar os impactos financeiros das mudanças climáticas com base em suas análises de risco para planejar investimentos eficazes em adaptação que possam elevar a resiliência das suas operações.

Participaram do estudo 857 empresas provenientes de 50 países e de 13 setores econômicos, que foram selecionadas com base na liderança nessa agenda de ambição climática, qualidade de divulgação e gestão de risco climático. Os resultados dizem respeito às iniciativas das companhias identificadas no Global Climate Action Barometer de 2024, também da EY, que têm se destacado nesse trabalho.

Entre as empresas que já contam com essas medidas de adaptação, as mais comuns são controle de temperatura, adotada por 37% das empresas analisadas, e construção de muros de contenção, com 24%, para proteger a infraestrutura de inundações pluviais e fluviais. Ainda segundo o levantamento, a profundidade da análise de risco influencia diretamente a etapa de ação. As empresas que fazem avaliações quantitativas de risco são 35% mais propensas a divulgar medidas de adaptação do que aquelas que fazem apenas avaliações qualitativas.

Entre os setores econômicos, destaque para o de mineração e o de construção, que têm maior probabilidade de divulgar medidas de adaptação a riscos físicos. “Isso ocorre devido à forte exposição de seus modelos de negócios a danos de infraestrutura causados por eventos climáticos extremos e por inundação decorrente do aumento do nível do mar”, observa Dutra.

Investimento em descarbonização

Por fim, ainda como parte dos esforços de adaptação, o estudo aponta que as empresas estão acelerando seus esforços de descarbonização como forma de aumentar a competitividade no mercado e a resiliência dos seus negócios. 

“Elas estão fazendo isso sem esperar pelas metas de emissão claramente definidas pela regulação. É preciso, no entanto, que existam esses parâmetros de referência o quanto antes para que seja possível mensurar se esses esforços proativos das empresas estão sendo suficientes para atingir o impacto real necessário”, finaliza Dutra. A falta de estruturas robustas de governança, especialmente em relação à alocação de capital, definição de metas e monitoramento do progresso, também traz preocupação para os investidores sobre a credibilidade a longo prazo da prestação de contas ligada à agenda de descarbonização.

*Este texto faz parte da série “COP30: A sustentabilidade como valor de negócio”, com informações sobre os setores econômicos em destaque na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Leia as reportagens anteriores:

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